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Calciomercato, episódio II

Graças ao sucesso do episódio piloto, a nossa série quinzenal ganha hoje mais um capítulo. E a bomba nessas duas últimas semanas foi não haver bomba alguma. O que se viu foi nos noticiários carcamanos foi o ressurgimento das intermináveis, cansativas e nada prolíficas novelas do verão italiano. Quem acompanha o desenrolar do mercado nos sítios locais certamente não suporta mais ler algumas expressões-chave do noticiário marrom, como verso, su, nel mirino e già è. Anota aí: Kaká já é do Real. Cicinho fechou com a Roma. Shevchenko voltou pro Milan. Beppe Rossi escolheu a Fiorentina. Pato é da Inter. E a Juventus irá recepcionar Lampard nos próximos dias.

Enfim, seguimos para nossa premiação. Que retornará no próximo dia 21.

Troféu “Ibrahimović na Inter” de não adianta negar
Esposito na Roma. Em ambos os casos os clubes chegaram a emitir comunicados em seus sítios oficiais negando as contratações. Quando os nerazzurri fizeram isso, gastaram quinze dias para fechar com Ibra. Já os giallorossi levaram apenas sete dias para contratar Esposito, após negar com veemência qualquer negociação. Ótima contratação romanista, de um jogador ambidestro, técnico, versátil e bem menos temperamental que boa parte dos titulares do time.

Troféu “De Ascentis no Torino” de tentativa de ressuscitar mortos
Scaloni na Lazio. Passou a jogar em nível de seleção liechsteiniana em suas últimas temporadas no La Coruña, além de alcançar passagens realmente frustrantes em West Ham e Racing Santander. Mas pelo jeito Lotito não se preocupou com o passado recente do argentino – além de poder disputar a Liga dos Campeões, Scaloni fechou um contrato de cinco anos com a Lazio. Certas pessoas nascem iluminadas, fazer o quê?

Troféu “Mido na Roma” de entrando numa fria maior ainda
Giacomazzi no Empoli. O atacante egípcio chegou na Roma para substituir o ídolo Delvecchio, e para isso teve de jogar fora de posição. Giacomazzi encontrará no Empoli um desafio parecido. Com a saída de Almirón em favor da Juventus, o uruguaio, nas palavras do técnico Luigi Cagni, vem para substituir o argentino. Mas, para efeito comparativo, Giacomazzi era para o Lecce o que Vannucchi é para o Empoli. Alguém citou uma possível inadaptação?

Troféu “Júnior no Siena” de brasileiro que muda mal de clube
Reginaldo no Parma. O atacante teve uma boa temporada de estréia na Fiorentina, ao ponto de ser especulado como titular na equipe durante a próxima temporada. E motivos não faltavam, já que Prandelli não dá mostras de querer alterar o plano de jogo viola, mesmo com a saída de Toni e as propostas que insistem em aparecer por Mutu. Porém Reginaldo surpreendeu e partiu para um incandescente Parma. Por mais que o time possa engrenar na gestão de Ghirardi, não deixa de ser uma transferência no mínimo discutível. Até porque a Fiorentina já larga como uma das favoritas para uma vaga na Liga dos Campeões, enquanto o Parma terá de se virar como pode para livrar-se da Serie B.

Troféu “Simonetta na Arezzo” de promessa de CM que não deu certo
Toledo no Ravenna. Pois bem, após seis anos o clube emiliano volta à Serie B, e o presidente Gianni Fabbri resolveu apostar em quem decide de verdade… pelo menos no Championship Manager. Sim, este Toledo é aquele mesmo ponta-direita que fez história no Catanzaro nas versões mais antigas do jogo. Após vagar sem rumo na Itália, o paulista reencontrou seu futebol no Taranto, da Serie C1, quando foi um dos melhores jogadores do campeonato. Além disso, esteve presente na primeira fase da Coppa, quando o Taranto eliminou o Catania, da Serie A. Frosinone, Cesena e Perugia disputavam o jogador, mas a Udinese, dona de seus direitos federativos, preferiu o repassar para o Ravenna. Tá certo, ele chega com panca. Mas pra quem jogava na seleção brasileira nos managers da vida, ser contratado por um clube recém-promovido para a Serie B não é lá grande coisa.

Troféu “D’Agostino na Udinese” de promessa de CM que deu certo
Meghni na Lazio. Como você nunca ouvia falar dele fora de seu manager, achava que o francês do Bologna nunca ia vingar, certo? Pois é, junte-se a mim. Após um bom começo no Bologna, incluindo participação fundamental no título giovanissimi, sub-17, o sucesso subiu à cabeça de Meghni e tudo indicava que sua promissora carreira não iria decolar. Mas a partir de 2003 Carlo Mazzone alterou o destino do jogador, trabalhando psicologicamente Meghni, com extremo cuidado. Após uma passagem discreta pelo Sochaux, da Ligue 1, o jovem voltou para o clube rossoblù para ser o destaque do Bologna na temporada. E agora, é a mais nova contratação da Lazio.

Troféu “Gnocchi no Parma” de contratação de cineasta
Dhorasoo no Livorno. Dhorasoo é aquele mesmo. Aquele que negou bola no Milan. Que estava sem clube desde outubro, após criticar Guy Lacombe para o L’Equipe e ser dispensado. E, acima de tudo, que lançou recentemente na França um documentário que contava os bastidores dos Bleus na última Copa do Mundo. Normal, se não fosse pelo fato de que nem a Federação nem Domenech autorizaram qualquer divulgação das imagens feitas no local. Se, pela França, ajudou a desmontar um quadrado mágico, agora ajudará a compor o quadrado do Livorno. Dhorasoo se unirá a Fiore, Tavano e Lucarelli no setor ofensivo amaranto. E todos são titulares, até que Fernando Orsi tenha coragem de sacar alguém. Em resumo, até que alguém se lesione.

Troféu “Carini na Inter” de venho para a eterna reserva
Eleftheropoulos no Siena. Depois de se destacar no Olympiacos, sempre campeão grego, partiu para um novo desafio. Em 2003, seguiu para o Messina, onde foi reserva de Storari. Pelo pouco que atuou, chamou a atenção do Milan, que o contratou para ser opção à Dida. Não durou nem um mês em Milanello. Repassado à Roma, não desbancou nem Doni nem Curci. E no Ascoli só atuou depois que Pagliuca saiu. E agora fecha com o Siena. Bem, o destaque bianconero da temporada foi Manninger. Dá pra prever alguma coisa?

Troféu sem nem comparações de não sei onde jogo
Cozza na Reggina. Juro que tentei fazer alguma comparação, mas foi impossível. Peço até que me corrijam se errado, mas o talentoso Cozza é o jogador que mais trocou um clube por outro que me lembro. Em 1999, Ciccio fechou com a Reggina, e, em janeiro de 2005, com o Siena. Até aí tudo bem. Mas o Siena o emprestou em julho do mesmo ano para a Reggina, e, após um ano, decidiu aproveitá-lo. Mais uma temporada se passa, e Cozza resolve deixar o Siena em favor da Reggina, claro. Depois dizem que não é possível ter mais de um amor.

Troféu “pessoal do Iraty no Santos” de barca de um clube no outro
Tombesi, Fabiano, Pascali e Wilson no Parma. Todos esses vêm da Carpenedolo, clube que ficou em sexto lugar em sua chave da Serie C2. E qual o diferencial de cada um deles? O fato de Tommaso Ghirardi ser o presidente das duas sociedades não deve ser apenas uma coincidência.

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