De um modo geral, ainda há, no Brasil, um certo descaso com pronúncias latinas durante coberturas esportivas. O Quattro Tratti, regado a muitas pizzas e bruschettas, prepara uma pequena ajuda na pronunciação deste idioma tão belo, difundido por genéricas casas de massas, por Dante Alighieri, Federico Fellini, e – por que não? -, Mario e Luigi. Sinta-se à vontade para sugerir e/ou criticar.
Guia
Link de apoio: fonética articulatória.
Fonema ʧ:
ce – tche / Cesare – tchêsare.
ci – tchi / Bellucci – belútchi.
Fonema k:
che – ke / Di Michele – di mikele.
chi – ki / Tacchinardi – takinardi.
Fonema ʤ:
ge – dje / Genoa – djênoa.
gi – dji / Caniggia – canídjia.
Fonema g:
ghi – gui (não se fala o u) / Inzaghi – indzagui.
ghe – gue (não se fala o u) / Righetti – rigueti.
Fonema we:
que – cue (fala-se o e) / cinque – txíncue.
Fonema wi:
qui – cui (fala-se o u) / Aquilani – acuilani.
Fonema ɲ:
gn – nh / Bertagnoli – bertanholi.
Fonema ʎ:
gl – lh / Siviglia – sivilhia.
Fonema ʃ:
sci – xi / Criscito – críxito.
sce – xe / De Ascentis – axentis.
Fonema ʣ:
z – dz / Zambrotta – dzambrota.
Fonema ʦ:
zz – ts / Materazzi – materátsi.
– Não costuma haver grande diferença fonética na duplicação de letras (l com ll; nn com n; ss com s; tt com t; …). Há, sim, um pequeno alongamento quando se dobra a consoante. Deve-se dar uma pequena ênfase nesta.
– Os r, se seguidos de vogal, têm pronúncia enrolada. A língua bate no céu da boca e forma o tepe, ou então vibra para soar como alguns locutores, principalmente de rádio. O som, portanto, não vem da garganta.
– Os d e t levam a língua para trás dos dentes, como em alguns sotaques, principalmente interioranos. Ou seja, “di”, por exemplo, é totalmente diferente de “dji”, como pronunciado por boa parte dos falantes do nosso português. Este último, em italiano, equivaleria a “gi”, de Gilardino (djilardino).
– Uma boa frase para testar a pronúncia de todo o supracitado é essa: “la città di Curitiba gira” (la tchitá di curitiba djíra). Totti, por exemplo, não é “tótchi”; e sim tóti, com o segundo t seco.
– Paolo não é Pa-ôlo. Sua pronúncia é praticamente idêntica à de Paulo.
– O j, inexistente no alfabeto italiano, leva a pronúncia de i. Portanto, Juventus lê-se iuventus.
– No português, definimos a proparoxítona por acentuação. Isso não ocorre no italiano. Muitas palavras são pronunciadas na primeira sílaba, sem qualquer sinal. Como no exemplo acima, de Criscito (críxito).
– Dependendo do sotaque (ou dialeto), muitas pronúncias podem mudar. Ce e sce, zi e zzi; por exemplo, às vezes saem no mesmo embrulho.
Boa, galera! Não tem coisa pior do que ouvir "Aquilani" (pronunciado com o nosso qu) e "Maxeda" ao invés de "Macheda"… E sabe que ainda tem gente que fala Francesco, com som do nosso 'ce'?
Muito bom o post!!! 🙂
"Não costuma haver diferença fonética na duplicação de letras": non è vero! "Balotelli" non si pronuncia "Baloteli". In questo, l'italiano è diverso dal portoghese e dall'inglese. Ciao.
Como seria a pronúncia correta, então? Abraço.
Na verdade, há um pequeno alongamento quando dobra a consoante. Deve-se dar uma pequena ênfase, quando a consoante é dobrada. Balotel-Li. Mais ou menos isso, creio.
Bem observado. Atualizei lá!
Caros, o exemplo que vocês forneceram para o fonema do ditongo "ge" foi o do Genoa. Acontece que essa palavra provém do nome inglês da cidade (que por sinal é lido como "Djínoa"), tal qual o Milan – como devem saber, ambos os times foram fundados por britânicos. Gênova em italiano é Genova, com V mesmo…
Imagino que provavelmente a pronúncia do clube tenha sido alterada popularmente conforme o idioma local (similarmente ao Boca "Rúniors", ao "Rácin" e ao "Bânfiel" na Argentina), mas talvez "Gentile" fosse um exemplo melhor… 🙂
Cumprimentos e parabéns pelo site!
Caio Brandão (Futebol Portenho)
Qual a forma correta de falar;Juventus ou Iuventus com i como falam muitos cronistas brasileiros? A tempos tenho essa dúvida,me parece que é Juventus não?
“Iuventus” é como se fala na Itália.