Serie A

900 minutos em 9: 6ª rodada

A sexta rodada foi pobre de gols (apenas 17) e cheia de empates (cinco). No jogos mais importante do fim de semana, ficou decidida a volta da Sampdoria à liderança da Serie A, após uma importante vitória sobre a Inter. A Juventus, que poderia retomar a ponta, tropeçou nos acréscimos contra o Bologna e viu três pontos garantidos escaparem por entre os dedos. Milan, Roma e Genoa seguem em crise, enquanto o Napoli respira. Destaque negativo para a arbitragem: houve seis lances cruciais em que os juízes tiveram influência negativa. Para completar a polêmica, Zdenek Zeman, nesta segunda-feira, lançou ataques fortes a Mourinho, Ferrara e Leonardo, tachando-os de medíocres e ironizando-os.

Pazzini e Cassano: o caminho do gol blucerchiato é sempre deles (Getty Images)

Sampdoria e Inter foi uma partida bem disputada, no apaixonante clima do estádio Luigi Ferraris, sem muitas chances de gols para ambos os lados. Ambas as equipes foram a campo armadas no 4-3-3, mas um jogo muito físico no meio-campo impedia que lances mais claros de gols fossem criados. Destaque para o jovem Poli, que jogou muito bem e não se intimidou com o experiente trio de meio-campo da Inter, formado por Zanetti, Cambiasso e Vieira. Lúcio, melhor zagueiro da temporada italiana até então, atuou muito bem e não perdeu o confronto com Cassano. Em um jogo assim, erros são implacáveis. E foi graças a um erro de Santon que a Sampdoria reassumiu a liderança da Serie A, com o gol solitário de Pazzini. A arbitragem merece um capítulo à parte: o árbitro Nicola Rizzoli teve um ótimo primeiro tempo, mas foi mal no segundo. Ele deixou de marcar pênalti de Santon em Poli e marcou falta inexistente de Maicon sobre Cassano, que valeu uma injusta suspensão ao brasileiro. Por outro lado, o trio de arbitragem acertou ao anular gol de Lúcio por impedimento. Luigi Del Neri vai fazendo um excelente trabalho com o aguerrido time blucerchati, mostrando que pode – e deve – incomodar os grandes. Pelo lado interista, Mourinho errou ao substiuir Balotelli, que estava bem no jogo, para comemoração de Castellazzi.

No dérbi toscano da rodada, o Livorno pressionou muito, mas acabou sendo derrotado pela Fiorentina. Mais uma vez, os amaranti jogaram de maneira envolvente, através dos pés de Candreva e Pulzetti, dando a ideia de que a posição na tabela é enganosa. Porém, não adianta se o time jogar bem e não conseguir marcar gols. Tavano e Lucarelli, experientes, passaram em branco mais uma vez. A Fiorentina esteve pressionada por um time que foi empurrado pela torcida que foi ao Armando Picchi e contou com duas boas defesas de Frey para sair com o bom resultado de Livorno. Saído do banco, Jovetic brilhou mais uma vez, porque deu mobilidade ao time e ainda converteu o pênalti sofrido por Gilardino. No Ennio Tardini, o Parma perdeu sua primeira partida em casa depois de mais de um ano, contra um Cagliari que parece em processo de recuperação. O nome do jogo foi Cossu, autor das duas assistências sardas: logo aos oito minutos, após o árbitro deixar de marcar pênalti em Biabiany, o trequartista cruzou para Jeda marcar. Já no segundo tempo, foi a vez de passar para Dessena, que também teve facilidade para girar e marcar contra seu antigo clube. Para o Parma, a derrota não custa tanto, já que os crociati acumularam certa gordura nas rodadas anteriores.

Quando a manchete é “Milan segura 0 a 0 contra Bari em San Siro”, há alguma coisa errada. E, de fato houve: Leonardo mais uma vez mexeu na escalação rossonera e não obteve resultados. Huntelaar, contratado para ser o bomber do time, continua decepcionando bastante. Durante toda a partida, o Milan foi dominado pelos pugliesi e só não saíram com a derrota porque Storari estava, mais uma vez, inspirado. Pelo menos quatro defesas importantes foram realizadas pelo desacreditado goleiro rossonero, incluindo uma com o pé em chute de Meggiorini, após contra-ataque puxado por Barreto. O argentino Rivas, um dos melhores jogadores desta primeira parte de campeonato, humilhou Gattuso, que além de não ter conseguido marcá-lo durante o jogo, levou duas canetas e outros dribles. O goleiro Gillet ainda trabalhou duas vezes, mas se mostrou seguro nas finalizações de Ronaldinho e Abate. O fim de jogo não poderia ter sido outro: Milan vaiado e os biancorossi insatisfeitos pela chance desperdiçada, mas fortalecidos por não terem perdido nenhum jogo no Meazza nesta temporada.

No caso de Lazio e Palermo e Atalanta e Chievo, os empates não foram necessariamente bem vindos. No jogo do Olímpico, a Lazio foi melhor durante toda a partida, mas encontrou no goleiro Sirigu, substituindo Rubinho por opção técnica de Zenga, uma muralha quase intransponível. O jovem goleiro mostrou, em sua estreia na Serie A, que pode ser uma opção mais segura que Rubinho, que cometeu falhas grotescas. Grotescas como a de Muslera, que engoliu um frango em chute de Cavani. Menos mal para a Lazio que Zárate empatou logo depois. Em Verona, a história foi parecida: o Chievo dominou toda a partida e dando trabalho a Consigli, sobretudo com Pellissier. No entanto, Tiribocchi surpreendeu os donos da casa com um gol que teve a participação de Cristiano Doni. A equipe dona da casa apertou e logo conseguiu o empate com o incansável Pellissier, que aproveitou-se da indecisão de Bianco e Consigli para driblar o goleiro nerazzurro e empurrar para as redes.

No dia do aniversário de 33 anos de Totti, a Roma certamente não retribuiu a seu ídolo os inúmeros presentes que ele deixou em Trigoria, apesar de a Roma ter ganhado um ponto no colo e injustamente. Quem fez a festa primeiro foram os rossazzurri, que não poderiam deixar de marcar contra a pior defesa do campeonato (12 gols sofridos). O japonês Morimoto reencontrou a paz com a torcida após chances incríveis perdidas contra Atalanta e Lazio e fez seu terceiro na Serie A, aproveitando cruzamento desviado de Potenza. Sem padrão tático algum, os giallorossi sofreram pelo lado esquerdo com as investidas de Mascara (melhor em campo), que deram trabalho a Júlio Sérgio – sem culpa pela peneira romana. Já nos acréscimos, De Rossi decretou o injusto empate da equipe capitolina depois de um escanteio assinalado por parte de Massimiliano Saccani e seus auxiliares sem que a bola tivesse cruzado a linha. Toda a sequência, contestada pelos jogadores cataneses, ainda rendeu a expulsão de Delvecchio por reclamação.

Outras duas defesas que vão mal são a de Napoli e Genoa. Porém, hoje, os azzurri tiveram falhas na defesa e saíram com uma valiosa vitória por 2 a 1 ante o Siena, enquanto os rossoblù perderam em Údine por 2 a 0, mas sem demérito de seus defensores. O Napoli ganhou graças a dois polêmicos gols de Hamsik (cinco tentos na Serie A): o primeiro após Dátolo ter derrubado Vergassola antes de lhe assistir com um passe de cabeça e o segundo graças a uma penalidade duvidosa marcada pelo árbitro Valeri, por toque de braço de Brandão. Na verdade, o zagueiro estava próximo demais para ter qualquer intenção de ter feito isto deliberadamente. Porém, as falhas defensivas continuaram aparecendo: há deixa espaços demais na defesa, sobretudo nas costas dos alas. Foi recebendo um lançamento nas costas de Maggio que Maccarone fez o gol bianconero. Não tão bem esteve a arbitragem, que após marcar corretamente um impedimento de Lavezzi quando ele saíra frente a frente com Curci, deixou de marcar pênalti claríssimo de Jajalo em Maggio. A arbitragem também falhou em Údine, quando Trefoloni não deu um pênalti claríssimo para os visitantes, antes de a Udinese sair na frente. Domizzi tocou com a mão na bola, e foi punido pelo juiz com um amarelo, que assinalou fata fora da área, quando era claro que o defensor estava dentro. É justo lembrar que Trefoloni foi o mesmo que apitou muito mal Inter-Napoli. Em uma partida de poucas ocasiões, o erro da arbitragem foi crucial para afirmar a Udinese na parte alta da tabela, graças a um fantástico Di Natale. Minutos depois, Totò iniciou uma triangulação com Sanchez e abriu o placar. Pepe, perto do fim, recebeu belo passe de Corradi e sacramentou o resultado com um chute rasteiro e indefensável. A pressão já ronda o elenco do Genoa, que está a três partidas sem vencer e precisa recuperar o terreno perdido.

Porém, a equipe que realmente deixou de ganhar terreno foi a Juventus. Atuando em casa contra o Bologna, a Vecchia Signora fez um a zero no primeiro tempo com Trezeguet, após boa jogada de – pasmem – Zebina. Viviano mais uma vez se destacou, até mais que Buffon. O goleiro bianconero chegou até a falhar frente a Di Vaio, mas Chiellini salvou a pele do companheiro em cima da linha. Camoranesi, que voltou a jogar bem, quase matou a partida minutos depois, ao acertar uma cabeçada na trave, mas foi o Bologna quem garantiu um ponto precioso na briga pela salvezza. Adaílton se aproveitou da desatenção de Giovinco e Molinaro para completar um cruzamento e vencer Buffon. Na próxima rodada, a briga pela liderança entre Inter e Juventus deve esquentar. A Juve enfrenta o Palermo na Sicília, enquanto a Inter recebe uma embalada Udinese. E a Sampdoria deve continuar líder, já que é favorita para vencer o Parma no Ferraris.

Para resultados, escalações, classificação e estatísticas da 6ª rodada, clique aqui.

Seleção da 6ª rodada:
Storari (Milan); Lúcio (Inter), Chiellini (Juventus), Astori (Cagliari); Mannini (Sampdoria), Dessena (Cagliari), Cossu (Cagliari), Hamsik (Napoli), Rivas (Bari); Mascara (Catania), Di Natale (Udinese).

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