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Serie B: contrastes e surpresas

A liderança do Sassuolo passa pelos pés da dupla Martinetti e Noselli (Getty Images)

Não está fácil apostar em que equipes irão subir para a Serie A nesta temporada. Geralmente, a Serie B é uma competição extremamente nivelada, mas a atual edição está se desenvolvendo de maneira bastante peculiar: a diferença de pontos entre o Brescia, 6º colocado e último classificado para os play-offs, para 0 Vicenza, 13º, é de apenas cinco pontos. Isso sem falar que a zona de rebaixamento está a apenas cinco pontos da equipe lanerossa. A tônica do torneio é a inconstância. A irregulariade de equipes que lutariam para subir, como Torino e Reggina, contrasta com a campanha acima da média de alguns times que há algum tempo não sonhavam em jogar a Serie A, como Modena, Cesena e Ancona.

Na ponta da tabela, Sassuolo e Lecce, com 45 pontos, estariam classificados diretamente para a próxima Serie A. Caso se classifique, o Sassuolo será estreante na máxima divisão italiana. Os neroverdi estrearam na segundona na última temporada e já chegaram brigando pelo acesso. Desta vez, com a mesma base do último campeonato, são favoritos ao título. Noselli, com 12 gols, é o artilheiro da equipe, que tem o segundo melhor ataque da competição. Já o goleiro Bressan e os zagueiros Minelli e Rossini comandam a defesa, também a segunda mais expressiva do torneio. Já para a equipe salentina, seria um retorno imediato para a Serie A. Luigi De Canio foi mantido depois da queda giallorossa para a cadetta e seu conhecimento da equipe tem feito a diferença. A chegada de Di Michele fortalece ainda mais o melhor ataque da Serie B, que já tem Corvia, Marilungo e Baclet. Já o meia Loviso será reserva de Giacomazzi e Munari.

Logo atrás, com 40 pontos, Cesena e Ancona, que se contentariam com a permanência na Serie B, lutam para subir para o calcio che conta. Os cavalos marinhos tem a melhor defesa da competição, com apenas 14 gols sofridos. Méritos para o quarentão Antonioli, que comanda a defesa e também garante alguns pontos para sua equipe: já pegou três pênaltis nesta temporada. Já o Ancona, que tem o brasileiro Angelo (ex-Santo André) como titular em sua meta, tem no ataque seu ponto mais forte. O atacante Mastronunzio quase saiu no mercado de verão, mas permaneceu e está sendo fundamental para as ambições da equipe: o atacante já marcou 14 gols para os biancorossi. O atacante Colacone e o meia Miramontes (com seis gols cada) também contribuem para a elevada média de gols da equipe.

Em matéria de gols, o Brescia, sexto colocado, está bem servido: Caracciolo, ex-atacante da seleção italiana, é o artilheiro da Serie B com 17 gols. Autor de mais da metade dos 32 gols dos rondinelle, o milanês tem 14 tentos a mais que o vice-artilheiro de sua equipe, Possanzini. O fato de que o Brescia tem a mesma base há três temporadas e um dos elencos mais fortes e equilibrados da Serie B permite ao time sonhar mais alto. Hoje, os lombardos estariam classificados para os play-offs, mas o time tem potencial para mais. O Grosseto, que ocupa a quinta posição e também estaria classificado para o mata-mata, faz boa campanha e continua na boa fase iniciada na Serie B 2008/09. Destaque para os 15 gols do chileno Pinilla (ex-Inter, Chievo e Vasco), que é vice-artilheiro do torneio e, que enfim consegue fazer temporada satisfatória.

O sonho de voltar a Serie A ainda está vivo para equipes que frequentaram a elite do futebol italiano na década de 2000, como Modena (7º), Empoli (8º), Torino (10º) e Ascoli (11º). Para Frosinone (9º) e Albinoleffe (12º), seria a estreia na elite. Empoli e Torino, que eram cotados como dois dos favoritos para subir, decepcionam, embora em níveis diferentes. A equipe de Turim não conseguiu segurar mais jogadores que atuaram na Serie A do que os azzurri e tem sofrido com isso. Porém, o atacante Bianchi permaneceu vestindo granata, enquanto Pozzi deixou a Toscana para assinar com a Sampdoria, e é um dos poucos destaques da equipe piemontesa, com 14 gols marcados. Atrapalham a equipe também os problemas internos, que passam desde a demissão do diretor esportivo Rino Foschi até a má gestão de treinadores: Stefano Colantuono foi contratado em em junho, mas a má campanha fez com que fosse demitido menos de seis meses depois. Menos tempo ainda teve seu sucessor, Mario Beretta, que comandou o time por apenas cinco rodadas, nas quais conseguiu quatro pontos. Colantuono retornou ao comando, seguindo uma tradição das últimas temporadas na Itália.

Na parte de baixo, mais decepções. A Triestina, que quase conseguiu se classificar para os play-offs na última temporada, sucumbiu a saída dos titulares Minelli, Allegretti e Granoche e agora briga contra o rebaixamento. Em janeiro, os alabardati podem lamentar outra saída que pode afetar o desempenho da equipe: o bom goleiro Agassi retornou ao Cagliari antes do fim do seu empréstimo, para substituir o lesionado Marchetti. Os biancorossi de Trieste já trocaram de técnico três vezes e agora confiam a salvezza a Daniele Arrigoni, ex-Bologna. Outra equipe da qual não se esperava uma luta para permanecer na Serie B é a Reggina. A aposta em mesclar jogadores experientes, como Volpi, Brienza e Bonazzoli a promessas como Missiroli, Barillà e Costa, que deu certo durante algumas temporadas na Serie A, fracassou retumbatemente na cadetta. O técnico Walter Novellino não conseguiu fazer este conjunto de bons jogadores atuar bem e foi demitido em outubro, dando lugar a Ivo Iaconi – que também já caiu. O nome da vez é Roberto Breda, ex-técnico da Primavera do clube. Solução pródiga para um clube que já fez isso há dois anos, quando deu a Nevio Orlandi a missão de livrar a equipe da queda para a Serie B.

Quem encabeça a zona de rebaixamento é o Padova, que chegou a ficar na zona que dá o acesso a Serie A por boa parte do campeonato, mas após vencer apenas três partidas em 18 jogos, demitiu o treinador Carlo Sabatini e trouxe Nello Di Costanzo, sem treinar a mais de um ano. Na última posição, com apenas 15 pontos, a Salernitana decepciona. Com um time recheado de jogadores experientes que poderiam fazer com que o clube ficasse pelo menos no meio da tabela, nada deu certo para os campani, que devem retronar para a Lega Pro Prima Divisione.

A partir de agora, o QuattroTratti trará uma coluna mensal sobre a Serie B. Leia o preview da competição aqui (parte 1) e aqui (parte 2).

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