Copa do Mundo

A 100 dias, a Itália sem time

Montolivo e Gattuso no chão para marcar Eto’o, enquanto Pazzini olhava de longe. Imagem
que serve para mostrar a nova bela camisa da seleção italiana, pelo menos (Reuters)

Nesta quarta-feira, Mônaco viu a Itália em mais uma emocionante partida amistosa. Desta vez, um empate sem gols contra o Camarões num jogo que poderia ter servido para testar algum esquema ou alguma variação séria ao 4-3-1-2, sistema que deve ser utilizado por Marcello Lippi na Copa do Mundo, a 100 dias de seu início. Mas o técnico toscano optou por um 3-4-2-1 com a estreia de duas interessantes surpresas da sua lista: Cossu (Cagliari) e Bonucci (Bari). Não comprometeram, muito pelo contrário. O meia-atacante foi um dos melhores em campo, enquanto o zagueiro biancorosso fez boa partida e se lançou forte na disputa por uma das quatro ou cinco vagas que ainda devem estar abertas na convocação final para a África do Sul. Mas o teste poderia – e deveria – ter sido bem melhor.

Principalmente porque pouca coisa foi respondida nesta partida com Camarões e nem mesmo o resultado conseguiu ser convincente para calar os críticos da Squadra Azzurra. Por exemplo: quem será o responsável por armar o jogo italiano? Há opção para as laterais, além de Zambrotta e Grosso em frangalhos? Como se formará o meio-campo titular? Pirlo realmente terá tanta liberdade quanto se prevê? De Rossi será mesmo sacrificado para fazer funcionar um esquema que deu razoavelmente certo? Lippi manterá a confiança inabalada em jogadores que têm feito temporadas abaixo da crítica, como Pepe ou Gattuso? Nada disso passou perto de ser respondido.

Na preparação para a Copa do Mundo passada, uma Itália que parecia emocionalmente derrubada conseguiu humilhar a Alemanha num 4 a 1, no último amistoso antes do torneio. Agora, o 0 a 0 com o time de Paul Le Guen, numa partida de doer os olhos, só fazem as críticas se tornarem ainda maiores. O otimismo da comissão técnica após a partida também beira uma piada de mal gosto.

Hoje, contar os dias para o retorno de Totti (que, mesmo longe de seu auge físico, participou ativamente de pelo menos cinco dos 12 gols italianos na última Copa) é fundamental para que o sonho do pentacampeonato italiano não se torne um devaneio. Balotelli, mesmo sem nenhum teste prévio, também seria uma grata surpresa para uma Itália ofensivamente perdida, que não pode deixar para trás quem se mostre uma alternativa viável ao que Lippi tem em campo. Ou seja, pouca coisa. Neste ambiente, mesmo a grande temporada realizada por Miccoli já dá aquela sensação de que o baixinho da Puglia deveria ser convocado. Afinal, desde a saída de Roberto Donadoni, o artilheiro Di Natale vem mal com a camisa azzurra. Até mesmo a ausência de Ambrosini, quem diria, se tornou uma ação inexplicável.

Só alguém sem noção de seus atos seria capaz de já descartar o time de Lippi da corrida pelo título na África do Sul. Mas este é o mesmo elenco que tem “potencial” para cair ainda na primeira fase, com um pouco de azar. Se há torcedor brasileiro que reclame da falta de alternativa para o jogo baseado em contra-ataques na seleção de Dunga, que fique um pouco mais calmo pelo menos neste ponto: a Itália de hoje não tem nem esta opção.

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