Serie A

Pistoiese, um cometa na Serie A

Um cometa alaranjado iluminou a Serie A durante a temporada 1980-81. E nem é tanta força de expressão assim: a Pistoiese cumpriu naqueles meses sua única participação na principal divisão italiana e durante o segundo turno se dividiu entre a lanterna e a vice-lanterna da competição. A bem da verdade, o time até começou bem e inclusive venceu um dérbi local contra a Fiorentina na 13ª rodada para parar na sexta posição. Mas dali pra frente não venceram mais qualquer jogo e ao fim do torneio foram 20 derrotas e 46 gols sofridos em 30 partidas, contra seis vitórias e apenas 19 marcados. A única lembrança na primeira divisão do time da bela Pistóia, no norte da Toscana.

Naquele ano, o time que subira bem da Serie B contava com uma boa leva de veteranos (os defensores Mauro Bellugi e Marcello Lippi, além do meio-campista Mario Frustalupi e o artilheiro Vito Chimenti) com a inclusão de alguns jovens talentos, como o habilidoso Paolo Benedetti, que se consagraria no Lecce na virada de década de 1990. Mas voltemos à criação do time, que surgiu em 1921 e teve um início vitorioso. A boa fase inicial logo levou a Pistoiese à Divisione Nazionale em 1927-28, último torneio antes da unificação e transformação da primeira divisão em Serie A. Lá também os resultados não foram dos melhores e os arancioni terminaram o grupo B entre os rebaixados.

A queda não traumatizou os toscanos, que nos anos seguintes sempre lutaram para retornar à primeira divisão. Em 1936, o desastre que se estenderia por algumas décadas: após perder um spareggio para o Viareggio em campo neutro, a Pistoiese caiu para a Serie C e de lá passou direto para a Prima Divisione Regionale, então a quarta divisão nacional. O time despencou após grandes disputas internas de poder, que limaram o futebol da cidade de Pistóia.

Daí pra frente, passou todos os anos entre a terceira e a quinta divisão, a não ser por um breve parênteses depois da Segunda Guerra Mundial, quando passou dois anos na Serie B. No primeiro deles, ficou na terceira posição. No outro, caiu com algumas rodadas de antecedência.

Depois disso, os olandesini só voltaram à Serie B em 1977, depois de 29 anos de ausência, ao vencer a terceira divisão. A estreia na Serie A veio com o empate com o Lecce em 1º de junho de 1980: a Pistoiese, finalmente, voltava à primeira divisão, mais de meio século depois. A curta história na parte de cima da pirâmide do futebol já foi contada.

Naquele time esteve presente um dos personagens mais pitorescos da história do esporte italiano, o ponta-direita Luis Silvio Danuello. À época de sua contratação, lendas urbanas questionavam inclusive se o brasileiro era realmente um jogador, por conta das péssimas atuações e origens obscuras: havia sido o destaque do Marília na Copa São Paulo de Juniores três anos atrás. Luis Silvio durou apenas sete partidas e para ele foi cunhado o termo bidone, até hoje utilizado para representar grandes decepções na Bota.

A partir daí, o time de coração do cantor Francesco Guccini não voltou a conseguir bons resultados. Outra queda em 1984 veio com um empate fatal com a Sambenedettese na penúltima rodada da Serie B. Outro ano, outro rebaixamento, agora da C1 para a C2. Ali na quarta divisão, Marcelo Lippi foi técnico do time na temporada 1987-88, aquela que precedeu a falência e recriação do clube.

A Pistoiese só retornou à Serie B em 1999, ao bater o Lumezzane nos play-offs. Mas duraria apenas três temporadas por lá. Hoje, os arancioni estão no Eccellenza, equivalente à sexta divisão nacional. Quantos anos serão necessários até que o cometa cruze de novo o céu italiano?

As temporadas
2 participações na Serie A (uma antes da unificação), 23 na Serie B, 38 na Serie C e 16 na Serie D.

Os rivais
Como todo bom time toscano, não sou poucas as rivalidades da Pistoiese na região: as principais animosidades ficam por conta de Prato, Lucchese e Empoli. Também há certa rivalidade com Varese e Como, da Lombardia.

Os selecionáveis
Jamais um jogador defendeu a seleção italiana enquanto estava vinculado à Pistoiese. O mais próximo disso foram três jovens, no início da década de 2000, que atuaram pela seleção sub-20: o atacante Marco Ferro (19 jogos e oito gols) e os meio-campistas Mauro Vargiu (oito partidas) e Emmanuel Cascione (três). Curiosamente, apenas o último chegou a estrear na Serie A, em duas temporadas pela Reggina.

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