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Subestimados do calcio: Simone Tiribocchi

Na Itália, poucos atacantes são disputados a tapa por clubes da metade de baixo da tabela da Serie A. Fazem parte deste grupo centroavantes que custam pouco (já que estes times não tem lá aquela saúde financeira) e que, principalmente, marcam cerca de 10 gols por temporada. Esta média passa longe de ter peso científico para garantir a salvezza, mas convenhamos que ter um jogador no plantel que seja capaz de marcar tal número de gols por campeonato é uma arma importante para os clubes que vislumbrar permanecer na elite do futebol italiano. Dentre estes atacantes, Simone Tiribocchi, da Atalanta, é um dos que se destaca.

Porém, Il Tir (“a carreta”, em português) nem sempre fez parte deste grupo de jogadores. O jogador nascido no Lácio demorou a aparecer no cenário italiano e rodou por sete times antes de ganhar destaque verdadeiro. Tiribocchi iniciou sua carreira na Lazio, time de sua região, mas nem chegou a jogar pela equipe principal. Depois, rodou sem muito sucesso por Pistoiese, Empoli e Torino, chegando a ser peça importante no surpreendente acesso do pequeno Savoia da antiga Serie C1 para a Serie B.

No entanto, o atacante permaneceu na Serie C1, para atuar pelo Benevento, que acabara de subir. Pelos stregoni, Tiribocchi marcou nove gols que lhe abriram as portas para acertar com o Siena, que retornava a Serie B após mais de seis décadas de ausência. Na sua primeira passagem pelo time toscano, o centroavante marcou oito gols e, enfim apareceu no espectro de contratações dos times da Serie A. Os dirigentes do Torino, que já o conheciam bem, logo asseguraram seu retorno ao Piemonte.

Novamente, sua passagem vestindo granata não foi satisfatória. De setembro a janeiro, o atacante só entrou em campo três vezes, sendo preterido por Marco Ferrante, Cristiano Lucarelli e Pinga. No mercado de inverno, Tiribocchi foi negociado com o Ancona, que militava na Serie B, onde também não teve tanto sucesso. Mesmo assim, o Siena decidiu apostar mais uma vez no atacante de cabeça raspada. A aposta se mostrou acertada: Il Tir marcou 16 gols e foi o artilheiro da equipe, sendo fundamental naquela que seria uma temporada histórica para os senese, já que os toscanos conquistaram o acesso para a Serie A pela primeira vez.

Mas, assim como aconteceu quando ajudou o Savoia a ascender de divisão, Tiribocchi não acompanhou seu clube e permaneceu na série cadetta. Após encontrar o vício do gol, como dizem os italianos, o bomber aceitou mais uma vez o convite do Torino em defender as cores do clube, que acabara de cair. Na sua última temporada em granata, marcou seus primeiros gols pelo clube. No total, foram 11 gols – insuficientes para garantir o acesso do Toro.

Em 2004, porém, Tiribocchi ganhou a chance para estrear na Serie A. O atacante foi contratado pelo Chievo, que lutava contra o rebaixamento e foi importantíssimo para ajudar o time a se salvar do fantasma da segunda divisão. Il Tir dividia com Cossato o trabalho de ajudar Pellissier a fazer os gols que salvariam os gialloblù. Com cinco gols importantes – contra Lecce, Atalanta, Roma, Livorno e Messina -, Tiribocchi foi vice-artilheiro do time, que conseguiu a salvezza graças a um pontinho, naquele campeonato no qual apenas quatro pontos separaram o oitavo colocado do Bologna, que encabeçava a zona de rebaixamento.

No ano seguinte, o Chievo se classificou para a Liga dos Campeões pela primeira vez em sua história, após Juventus, Milan, Fiorentina e Lazio terem sido punidos com perda de pontos por manipulação de resultados. Tiribocchi marcou sete gols naquela campanha, incluindo tentos importantes contra Milan e Lazio, mas foi ofuscado por Amauri (novo titular ao lado de Pellissier) e Obinna, que concorria para ser a terceira opção do técnico Giuseppe Pillon para o ataque veronês. No ano seguinte o Chievo caiu para a Serie B, mas Il Tir só fez parte do elenco até janeiro, quando, não encontrando espaço em Verona, transferiu-se para o Lecce.

No Salento, um Tiribocchi mais experiente, mais oportunista e com um chute ainda mais calibrado fez a alegria da torcida giallorossa. Na reta final da Serie B, o artilheiro logo assumiu a titularidade, fez boa dupla ao lado de Osvaldo, e marcou 11 gols – incluindo duas triplette.

Na temporada seguinte, 2007-08, Abbruscato substituiu Osvaldo como seu parceiro de ataque numa dupla que foi ainda mais efetiva e que, ao lado dos defensores Ângelo e Diamoutene, além dos meias Ariatti, Munari e Valdés, levou o clube do sul da Itália a conquistar seu quinto acesso a Serie A em quinze anos. Ao longo de toda aquela Serie B, Tiribocchi fez 17 gols e foi artilheiro do time com dois tentos a mais que seu companheiro. Uma (outra) vez de volta a elite do futebol italiano, Il Tir marcou 11 gols para o Lecce, que voltou a Serie B após ser o lanterna da competição, e foi um dos poucos a se salvarem na má campanha pugliese.

Cada vez mais presente na pauta de possíveis alvos de mercados das pequenas equipes da Serie A, sobretudo por causa de seu bom poder de finalização, Tiribocchi permaneceu na máxima divisão do futebol italiano para a atual temporada. A Atalanta preferiu fazer um mercado modesto, no qual se reforçou basicamente com jogadores provenientes de equipes que foram rebaixadas para a Serie B, como Barreto e Ceravolo, ex-Reggina, e Caserta e o próprio Tiribocchi, que foram contratados junto ao Lecce. A única contratação de peso para a temporada foi a de Robert Acquafresca, emprestado pelo Genoa. A princípio, Il Tir seria reserva do atacante titular da seleção sub-21 italiana, mas o Acquafresca não conseguiu mostrar nas primeiras rodadas do campeonato o que tinha feito em Cagliari para ser considerado um dos melhores atacantes do país.

Nas três primeiras rodadas, a Atalanta do técnico Angelo Gregucci não marcou um gol sequer e saiu de campo derrotada. Para piorar, só na sexta rodada é que um atacante do time marcou um gol. Foi, justamente Tiribocchi, que já havia tomado a vaga de Acquafresca como titular do time e a justificava jogo após jogo: após a estreia com gol do ex no empate contra o Chievo, Il Tir emplacou uma sequência fantástica de quatro jogos positivos e deixou o seu também no empate contra Milan e nas vitórias contra Udinese e Parma.

O bomber é o artilheiro da Atalanta nesta Serie A, com oito gols que vem ajudando La Dea a permanecer viva na luta pela permanência na elite. Tiribocchi também marcou outros gols importantes, como um dos dois da vitória contra o Siena (adversário direto pela permanência na Serie A) ou o tento do sofrido empate em casa contra a Inter. A quatro pontos abaixo da Udinese, última equipes acima da zona de rebaixamento, a tarefa não é das mais simples para a equipe bergamasca, mas uma coisa é certa: Il Tir será fundamental nas últimas oito rodadas.

Simone Tiribocchi
Nascimento: 31 de janeiro de 1978, em Colleferro, Itália.
Posição: atacante
Clubes: Lazio (1994-95), Pistoiese (1995-96), Empoli (1996), Torino (1996-98, 2000-01 e 2003-04), Savoia (1998-99), Benevento (1999-2000), Siena (2000-01 e 2002-03), Ancona (2002), Chievo (2004-07), Lecce (2007-09), Atalanta (2009-hoje).

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