Serie A

O risco-Cavani

Cavani foi titular no surpreendente Uruguai da Copa do Mundo e agora chega ao Napoli (AFP)

A negociação para levar Edinson Cavani do Palermo ao Napoli por 17 milhões de euros durou quase dois meses. Quando a compra foi fechada, todas as maledicências ao até então contestado Riccardo Bigon, diretor esportivo partenopeu, sumiram. Os boatos de problemas internos entre ele, o presidente Aurelio De Laurentiis e o treinador Walter Mazzarri também desapareceram.

Tudo por conta da contratação de um dos destaques da seleção uruguaia na Copa – e também um dos atacantes mais promissores do cenário mundial, aos 23 anos. Cavani prefere atuar como referência pelo centro, mas também joga caindo pelos lados e marca bem a saída de bola adversária. Apesar da altura, é ágil e tem bom drible. Também se destaca nas bolas paradas, seja cobrando ou aproveitando de cabeça.

Para a evolução de Cavani, Delio Rossi foi essencial. O técnico chegou ao Palermo em crise na 14ª rodada da Serie A passada e cobrou mais do uruguaio, até então uma promessa instável. Com o comandante emiliano, os rosanero mostraram uma equipe mais compacta e de posse de bola perigosa, que chegou em quinto lugar no fim do campeonato. Cavani ganhou importância, se sacrificou pelo time e marcou gols decisivos contra Juventus, Lazio, Siena e o próprio Napoli – ainda que mantenha a mania de perder alguns gols fáceis na grande área.

Para o 3-4-2-1 que Mazzarri deve conservar na temporada 2010-11, Cavani tende a ser importante. Afinal, disse ter recusado sondagens de clubes maiores porque seu papel no Napoli seria mais decisivo. Mas onde entrará? O napolitano Quagliarella, maior contratação do clube até a chegada do uruguaio, é xodó da torcida e parece ter vaga cativa. O argentino Lavezzi fez ótima preparação e larga na frente neste início de temporada. E Hamsík, ainda que mais recuado, foi o artilheiro da equipe nos últimos três anos.

Como são apenas três vagas “ofensivas” para os quatro grandes deste Napoli, espera-se que Mazzarri recue Hamsík para sua posição de origem, na linha de quatro meio-campistas, fazendo dupla com Blasi pelo centro. Função que o eslovaco fez muito bem com Edy Reja quando chegou a Nápoles. Mas a mesma na qual naufragou por sua seleção, na Copa do Mundo, quando foi sacrificado e não rendeu atuando mais recuado do que tem sido comum nas duas temporadas passadas.

No Napoli que estreia pela Liga Europa na próxima semana enquanto retoma as ambições de voltar à Liga dos Campeões, os quatro são fundamentais, mas ainda há dúvidas sobre como encaixá-los. Cavani faria hoje sua estreia no amistoso com o Bologna, mas ficou de fora por não estar na melhor forma física. As dúvidas só devem ser dissipadas na estreia da Serie A.

Algo ousado, pois este risco-Cavani pode ir contra os planos de uma equipe cada vez mais ambiciosa. Mas que em seu planejamento ainda não conseguiu reunir um reserva para o quarteto, já que as saídas de Zalayeta e Denis são certas. A contratação de Lucarelli, 34 anos e média de 0,35 gols por jogo nos últimos três anos, parece questão de tempo. Mas apostar no temperamental artilheiro como reserva de luxo é, no mínimo, um plano arrojado.

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