Serie A

6ª rodada: Azul é a cor

Lazio, de Mauri e Hernanes, acertou o meio-campo e começa bem na Serie A (Reuters)

A tendência de poucos gols na 6ª rodada, iniciada com as partidas de sábado, foi mantida no domingo. Em oito partidas, foram marcados apenas 12 gols (em toda a rodada, foram apenas 14 – média de 1,4 por partida) e, para levantar o moral dos defensores, apenas na partida entre Genoa e Bari atacantes de ofício deixaram sua marca. No entanto, a baixa média de gols não significou necessariamente partidas desagradáveis ou abaixo da crítica, como mostraram a ótima partida entre Napoli e Roma ou o próprio Derby d’Italia, no qual Inter e Juventus ficaram num 0 a 0 gostoso de assistir. E, quem diria, a Lazio de Hernanes e Mauri lidera o campeonato isolada, com dois pontos de vantagem. Alguém imaginaria tal cenário, no qual o azul dominaria a Itália?

Inter 0-0 Juventus

O jogo mais esperado de toda a 6ª rodada acabou sem gols, mas não decepcionou quem esperava por bom futebol e grandes emoções. Neste sentido, destaque para Júlio César e Storari, que fizeram, cada um, pelo menos duas defesas fundamentais para manter o zero no placar. Placar que quase foi alterado por diversas vezes, graças a dois jogadores: Eto’o e Krasic, os melhores em campo. Enquanto Milito ainda demonstra estar fora de sintonia e perde chances claras de gol, o camaronês, além de concluir com sua habitual destreza, cria muito, ajudando Sneijder. Ainda pelo lado nerazzurro, Coutinho começou bem a partida atuando pelo lado esquerdo, mas quando passou para o lado direito, com a lesão de Biabiany, acabou sumindo no jogo.

A Juventus, por sua vez, dá impressões de que está melhorando gradualmente. O estilo físico e combativo do meio-campo juventino tem funcionado e proporcionado grande liberdade a Krasic, que tem se adaptado facilmente ao estilo de jogo da equipe bianconera e acabou dando muito trabalho a Maicon. Resta saber se quando o sérvio sofrer marcações mais precisas, a Velha Senhora vai ter alternativas para o setor criativo. Ainda houve espaço para a revelação de um possível elenco rachado após a eliminação brasileira na Copa de 2010: a forte rusga entre Lucio e Felipe Melo, que discutiram feio em um lance normal de jogo demonstra algo mais que um simples desentendimento.

Lazio 1-0 Brescia

A Lazio chega a liderança isolada com dois pontos de vantagem graças ao seu setor mais forte, o meio-campo consistente. Muita coisa favorável tem acompanhado a campanha laziale até agora: em primeiro lugar, pesa a completa reintegração de Ledesma ao time. Além disso, a ótima fase de Mauri, que tem chegado bem ao ataque (como mostra o gol da vitória contra as andorinhas), dá uma opção a mais no meio-campo. Jogando assim, o meia reencontra seus melhores tempos na equipe do Lácio e, merecidamente, foi convocado por Cesare Prandelli para a seleção italiana. Hernanes, adaptadíssimo ao futebol da Velha Bota, é um capítulo a parte: até agora, o Profeta pode ser considerado como uma das grandes contratações do mercado europeu, por todo o volume de jogo que produz. Por outro lado, os aquilotti correram mais riscos que o necessário contra um adversário que teve o goleiro Sereni como o melhor em campo e que colocou as asinhas de fora apenas no segundo tempo. Se o resultado foi normal para o Brescia, o prejuízo fica maior por conta da expulsão de Diamanti, que não enfrentará a Udinese.

Napoli 2-0 Roma
Jogando em casa, o Napoli conseguiu uma vitória maiúscula contra a Roma e assumiu a terceira posição na tabela (11 pontos), empatado com Inter e Milan, enquanto a Roma permanece na vice-lanterna, com parcos 5 pontos Não obstante os gols só tenham saído na parte final do jogo, os azzurri fizeram uma excelente partida, alimentada por um lado esquerdo muito rápido e vertical, com Dossena, Lavezzi e caídas de Cavani. Neste sentido, falhou a confusa escolha tática de Ranieri, que escalou o time num estranho 3-4-1-2, com Cassetti na defesa e surpreendeu ao promover Cicinho a titular. Não foi de se estranhar que a imensa maioria das jogadas do time da casa tivesse surgido por aquele lado e, inclusive, que o primeiro gol tenha surgido graças a um bom lançamento de Lavezzi para Dossena ajeitar para o gol de Hamsík. Após ameaçar encostar nos grandes nas últimas temporadas, este Napoli parece, enfim, competitivo de verdade.

Fiorentina 1-2 Palermo

Após um começo preocupante, o Palermo volta aos eixos, graças a esplêndida fase de Pastore, que se consolida cada vez mais como um dos principais jogadores do futebol italiano. El Flaco, jovem líder de uma equipe recheada de promessas, é onipresente na criação das jogadas daos sicilianos e ainda aparece com mais frequência no ataque, devido a lesão de Miccoli: com o gol contra a Fiorentina, chega a quatro na temporada – contra três em 2009-10. Ilicic, autor do golaço que abriu a vitória palermitana é um dos destaques da temporada e mostra como a rede de olheiros do clube é competente – foi descoberto em confronto da Liga Europa contra o Maribor. O esloveno faz ótimo papel no apoio a Pastore, marca gols importantes (também fez contra Inter e Juventus) e, dotado de um pé calibrado, é boa opção para chutes de longa distância.

Nesta partida, em especial, Sirigu teve papel fundamental: o sardo não teve culpa no gol de Gilardino (antecipação a Bovo) e garantiu a vitória ao defender pênalti cobrado por Ljajic e ao realizar três defesas de alto nível quando os rosanero recuaram e permitiram a pressão dos donos da casa. Com a derrota, a Fiorentina está na zona de rebaixamento, sem apresentar grande futebol. Será que Mihajlovic resistirá, mesmo penalizado pela contusão de Jovetic e pela suspensão de Mutu? Ljajic, escalado na posição, tem feito bom papel e, apesar do pênalti perdido, é um dos destaques da equipe viola neste início e temporada. O capitão Montolivo, por sua vez, não tem jogado bem e, cumprindo suspensão, será desfalque para a próxima partida, contra a Sampdoria.

Genoa 2-1 Bari

Duas das equipes mais ofensivas do futebol italiano fizeram uma partida abertíssima no Marassi, que só foi resolvida no último minuto dos acréscimos. Jogando no contra-ataque, o Bari de Gian Piero Ventura teve algumas das melhores chances do primeiro tempo, quando Barreto parou em Eduardo e na trave, ou quando Caputo perdeu gol feito nos momentos finais do jogo. A nota negativa ficou por conta dos erros arbitrais que influenciaram diretamente no resultado da partida: o gol de Palacio, que abriu o placar, deveria ser anulado por toque de mão de Toni; e o gol de empate, com Barreto, surgiu de pênalti mal marcado – a falta de Moretti, bem expulso por Danilo Giannoccaro no lance, foi fora da área. Com 10 em campo, os grifoni passaram a jogar melhor e levaram mais perigo, sobretudo com Toni – em duelo particular com o goleiro Gillet, em tarde inspirada. Porém, no último respiro, o centroavante venceu o duelo, com uma cabeçada precisa, que tirou o Genoa da parte de baixo da tabela. Gol importante para redimensionar a campnha do clube, que não vencia desde a estreia.

Bologna 1-1 Sampdoria

No campo do Dall’Ara, um irreconhecível Cassano protagonizou um dos maiores papelões da rodada: sumido demais entre os defensores rossoblù, Fantantonio perdeu gols incríveis (primeiro, sem goleiro, chutou em cima de Rubin; depois, cara a cara com Viviano, chutou para fora), pareceu fora de sintonia e ainda deixou de cumprimentar o técnico Domenico Di Carlo e seus companheiros quando deixou o campo sob vaias – tudo frente aos olhos de Prandelli. Se a Sampdoria até atacou, mas parou em um boa atuação de Viviano – que só não conseguiu evitar o gol contra de Portanova – e chega ao cinco jogo consecutivo sem vitória, o Bologna praticamente não ameaçou Curci. A bem da verdade, a equipe emiliana achou um gol após erro da defesa doriana, que permitiu a Britos coroar sua boa exibição com o gol do empate. Resultado ruim para as duas equipes, que continuam flertando com a zona de rebaixamento, com 7 pontos.

Chievo 0-0 Cagliari

Muita vontade, poucas ideias e nenhum gol. No Bentegodi de Verona, o Chievo demonstrou uma queda de rendimento natural em respeito às primeiras rodadas e não chegou a ameaçar realmente a meta defendida por Agazzi – titular, já que Marchetti continua afastado. No Cagliari, problemas de vestiário entre o capitão Conti, o vice-capitão Agostini e o técnico Pierpaolo Bisoli podem gerar dificuldades mais sérias para o resto do campeonato. Por enquanto, os efeitos foram mínimos: o trequartista Cossu herdou a faixa e a performance da equipe não mudou. Inclusive, os sardos tiveram a chance de vencer a partida quando Acquafresca cabeceou forte, aos 50 do segundo tempo, mas parou em boa defesa de Sorrentino. Pela equipe gialloblù, destaque para o francês Constant, descoberto na Ligue 2 francesa e que tem feito bons jogos no time titular.

Lecce 1-0 Catania

O Catania desperdiçou a chance de sair da Puglia com os três pontos, por causa dos gols perdidos por Maxi López no primeiro tempo: o argentino começa mal a temporada e perdeu duas chances muito claras frente a frente com Rosati, que dificilmente perderia se mantivesse a ótima fase da última temporada. O Lecce, por sua vez, mostrou porque tem um bom aproveitamento em casa: na única chance criada no primeiro tempo, Corvia aproveitou o desvio de Silvestre após cruzamento de Olivera e marcou o único gol da partida. Com um elenco inferior ao da grande maioria das equipes da Serie A, a permanência dos salentini na elite passa pelo desempenho no Via del Mare.

Para resultados, escalações, classificação e estatísticas da 6ª rodada, clique aqui.
Para ver a análise das partidas que abriram a 6ª rodada, no sábado, clique aqui.

Para relembrar a 5ª rodada, clique aqui.

Seleção da 6ª rodada

Sirigu (Palermo); Rafinha (Genoa), Britos (Bologna), Criscito (Genoa), Dossena (Napoli); Pirlo (Milan), Mauri (Lazio); Ilicic (Palermo), Pastore (Palermo), Hamsík (Napoli); Lavezzi (Napoli). Técnico: Walter Mazzarri (Napoli).

Compartilhe!

3 comentários

Deixe um comentário