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Walter Zenga, o ‘homem-aranha’ que brilhou nos anos 1980 e 1990

Walter Zenga marcou época na Itália entre os anos 1980 e 1990 por ser um goleiro seguro e de ótimos reflexos. A sua agilidade lhe garantiu o apelido pelo qual ficaria marcado para sempre na história do futebol italiano: “Homem-Aranha”.

Nascido em Milão, aos 10 anos ingressou nas categorias de base da Inter, pela qual permaneceu até completar a maioridade. Quando ganhou idade para se juntar aos profissionais, os nerazzurri passaram a emprestá-lo a times de divisões inferiores, já que Ivano Bordon era o titular absoluto na baliza e, assim, ele teria poucas oportunidades de entrar em campo.

Durante a década de 1980 e em parte dos anos 1990, Zenga foi líder do elenco da Inter (Liverani)

Foram quase quatro anos longe da Inter. Neste período, Zenga passou por Salernitana, Savona e Sambenedettese, clubes pelos quais disputou as séries B, C1 e C2. Foi na Samb que conseguiu mais sucesso, alcançando a titularidade, e que passou mais tempo: duas temporadas. Na primeira delas, ajudou o time a conseguir o acesso à Serie B e no ano em que disputou a segunda divisão, foi um dos jogadores mais importantes da campanha que teve boa defesa e levou o time ao bom oitavo lugar, uma conquista para o pequeno clube marquesão.

O Homem-Aranha estava pronto. A volta para casa ocorreu em 1982, mas Zenga só assumiu a posição de titular no ano seguinte, quando sua carreira decolou. Em 1984, ele recebeu sua primeira convocação para a seleção italiana sub-21. Na Squadra Azzurra principal, a primeira oportunidade veio apenas em 1986, quando estreou contra a Grécia e depois não mais saiu da seleção: no fracasso italiano na Copa do México, naquele mesmo ano, Zenga era terceiro goleiro.

Em 1990, Zenga quebrou recorde pela seleção italiana na Copa do Mundo (Getty)

Depois de ganhar o posto na baliza nerazzurra e as primeiras convocações à Nazionale, Zenga buscou títulos. O scudetto foi o que veio primeiro, em 1989. O “Homem-Aranha” liderou a defesa menos vazada do campeonato, ajudando a Inter a chegar a conquista com 11 pontos de vantagem sobre o Napoli, o segundo colocado. A Supercoppa de 1989 também foi erguida por Zenga. Com o bom desempenho, ele foi pela primeira vez eleito o melhor goleiro do mundo pela Federação Internacional de História e Estatísticas do Futebol (IFFHS), conquista que repetiu nos dois anos seguintes.

Zenga se tornou titular da Itália no ciclo da Eurocopa de 1988, durante as eliminatórias. Como camisa 1 da Nazionale, o arqueiro ajudou o país a ser semifinalista do torneio continental e terceiro colocado na Copa do Mundo de 1990, disputada no Belpaese. Durante o torneio, o “Homem-Aranha” ficou 517 minutos sem sofrer gols, um recorde até hoje não superado no certame. Contudo, o primeiro tento sofrido, nas semifinais, seria fatal. Walter saiu mal de sua baliza e permitiu que Claudio Caniggia classificasse a Argentina para a decisão.

O Homem-Aranha, então na Inter, e sua teia (imago)

Mesmo com títulos tão importantes, as conquistas que mais ficaram marcadas na carreira do goleiro foram as duas Copas Uefa conquistadas pela Inter no início dos anos 1990. No primeiro título europeu, em 1990-91, ele atuou nas 12 partidas da campanha e viu o alemão Lothar Matthäus ser decisivo. Em 1993-94, Zenga também jogou todas, em um ano que foi complicado para a Inter e que coloca o segundo título da Copa Uefa como ainda mais importante. Naquela temporada os nerazzurri tiveram grandes dificuldades na briga contra o rebaixamento na Serie A, que só foi evitado com grande dificuldade.

Após 20 anos de Inter e 473 presenças, Zenga deixou o clube com o fim da presidência de Ernesto Pellegrini, que daria lugar a Massimo Moratti depois de anos de vacas magras, para jogar na Sampdoria. Depois que deixou o clube de Milão, o goleiro também nunca mais foi convocado para a seleção. Pela seleção da Itália, Zenga disputou dois Mundiais – um como titular – e uma Eurocopa.

Ícone nerazzurro, Zenga faturou apenas quatro títulos pela Beneamata ao longo de 12 anos (Arquivo/Inter)

Destaque de uma Inter recheada de craques mas que costumava ficar no quase e estava ofuscada pelo destaque do rival Milan à época, Zenga também não conseguiu nenhum título com a seleção nacional. Mesmo sem glórias com a camisa azul, participou como titular da boa campanha italiana na Copa de 1990, quando a Squadra Azzurra terminou em terceiro lugar.

Na Samp, passou duas temporadas – as últimas na Serie A – que se revelaram recheadas de problemas físicos e falta de continuidade. Ainda jogou a Serie B pelo Padova em 1997, antes de se aventurar na incipiente Major League Soccer norte-americana, juntamente com Roberto Donadoni. Nos Estados Unidos, defendeu o New England Revolution como jogador e estreou na carreira de treinador no clube da Nova Inglaterra.

Zenga, então na Sampdoria, celebra com a torcida (imago)

Hoje, segue a carreira no banco de reservas e, sempre que há crise na Inter, é cogitado para o cargo de treinador da equipe, pela grande identificação com o clube do qual é torcedor. Zenga, no entanto, não tem conseguido grande destaque na nova profissão e segue carreira com altos e baixos, com melhores resultados conquistados no Leste Europeu.

Walter Zenga
Nascimento: 28 de abril de 1960, em Milão, Itália
Posição: goleiro
Clubes como jogador: Salernitana (1978-79), Savona (1979-80), Sambenedettese (1980-82), Inter (1982-94), Sampdoria (1994-96), Padova (1996-97) e New England Revolution (1997-99)
Clubes como treinador: New England Revolution (1998-99), Brera (2000-01), National Bucaresti (2002-03), Steaua Bucaresti (2004-05), Estrela Vermelha (2005-06), Gaziantepspor (2006-07), Al-Ain (2007), Dinamo Bucaresti (2007), Catania (2008-09), Palermo (2009) e Al-Nassr (2010)
Títulos como jogador: Serie A (1989), Supercopa Italiana (1989), Copa Uefa (1991 e 1994)
Títulos como treinador: Campeonato Romeno (2005), Campeonato Sérvio-Montenegrino (2006) e Copa da Sérvia e Montenegro (2006)
Seleção italiana: 58 jogos e 21 gols sofridos

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1 Comentário

  • Me lembro de alguns nomes de goleiros da copa de 1990, quando tinha 11anos, que jamais me esquecerei; Zenga, Ilgner, Goycothea, Zubizareta e Taffarel. Orgulho por ter me tornado goleiro também.

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