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Paolo Maldini: sob diversos pontos de vista, o número 1

Nascido em Milão, Maldini dedicou 31 anos de sua vida ao Milan, clube pelo qual conquistou incríveis 26 taças. O histórico camisa três rossonero se notabilizou pela técnica como defensor e pela liderança exercida sobre os companheiros, o que lhe rendeu o posto de capitão milanista por 12 anos. Além de líder nato, Il Capitano foi um jogador muito versátil, pois iniciou no futebol como lateral-esquerdo, mesmo sendo destro, e depois dos 30 anos, se tornou zagueiro. Nas duas posições, Maldini se saiu muito bem, aliando técnica e velocidade, além de um posicionamento invejável. Dessa maneira, se tornou bandeira do clube milanês, tornando-se o jogador com mais presenças em toda a história da Serie A, com 647 jogos.

A liderança estava no sangue: seu pai Cesare Maldini também foi capitão do Milan e ergueu o título europeu de 1962-63. Por ironias da vida, mesmo o pai tendo sido um personagem importante da história rossonera, o ídolo de Paolo era Roberto Bettega, atacante da Juventus. Em sua infância, era torcedor bianconero. A torcida pelo clube de Turim logo passaria a fazer parte parte do passado, com a entrada no ambiente do Milan, aos 10 anos: Cesare viu qualidade no filho e conseguiu levá-lo para fazer testes no Diavolo, onde, sob sua influência, Paolo foi aprovado.

Precoce, Maldini herdou atributos do pai e também aprendeu muito com Baresi, com quem formou dupla icônica (BT Sport/Getty)

A sorte passou a acompanhar Maldini. A equipe principal sofria com lesões e o treinador Nils Liedholm optou por subir o defensor, já com 16 anos, para composição do elenco. Na partida contra a Udinese, a primeira em que sentou no banco, Sergio Battistini se machucou e deixou o jogo no intervalo. Maldini entrou e fez sua primeira aparição com a camisa rossonera. Já na temporada seguinte, em 1985-86, o jovem se tornou titular da lateral esquerda vestindo a camisa três. A velocidade com que evoluiu e o talento apresentado desde jovem lhe renderam elogios de Ray Wilkins, meio-campista inglês e seu companheiro em Milão.

A partir dos 17 anos, Maldini passou a ser nome certo nas convocações da seleção sub-21 italiana. A primeira partida com a Nazionale principal, ocorreu em 1988, no empate em 1 a 1 contra a Iugoslávia. Foram 14 anos vestindo azzurro, tempo em que disputou 126 partidas, número que o coloca atrás apenas de Fabio Cannavaro em presenças com a camisa da Squadra Azzurra. Porém sua longa passagem pela seleção – onde chegou a ser treinado por seu pai, entre 1996 e 1998 – não lhe rendeu nenhum título, apenas a participação em quatro mundiais (1990, 1994, 1998 e 2002) e os vice-campeonatos da Copa do Mundo de 1994 e da Eurocopa de 2000.

Maldini teve rara intimidade com a taça da Champions League (imago)

Na seleção o capitano não obteve sucesso em forma de títulos, mas ao mesmo tempo, ele conquistou tudo com o Milan. Depois de ganhar a titularidade em 1985-86, na temporada seguinte Maldini ganhou o seu primeiro scudetto, que também foi a primeira taça com Silvio Berlusconi na presidência do clube. O camisa três fazia parte da forte linha defensiva rossonera composta por Mauro Tassotti, Franco Baresi e Alessandro Costacurta. A equipe ainda contava com os holandeses Ruud Gullit, Marco van Basten e Frank Rijkaard.

Sob a batuta de Arrigo Sacchi e depois de Fabio Capello, os rossoneri venceram tudo e ficaram conhecidos como “os invencíveis”. Conquistaram três títulos seguidos da Serie A e mais três Ligas dos Campeões. Com a aposentadoria de Baresi em 1997, Maldini, titular absoluto da equipe, assumiu a faixa de capitão, aos 29 anos. A despeito da idade, a endossaria por mais 12 temporadas.

Na seleção, Maldini chegou a ser treinado pelo pai, mas não conquistou títulos (Getty)

O novo ciclo vitorioso milanista começou em 2001, quando Carlo Ancelotti chegou a Milão vindo da Juventus. Junto ao novo treinador, Maldini levantou mais oito taças, incluindo duas Ligas dos Campeões. Em 2003, o camisa três repetiu o gesto de Cesare e ergueu a taça das grandes orelhas. Com isso, Cesare e Paolo Maldini entraram para a história: antes disso, não havia registros de pais e filhos que haviam sido capitães em uma conquista da principal competição europeia.

Antes de se aposentar, o camisa três teve um ótimo ano de 2007, quando venceu a Liga dos Campeões, a Supercopa da Uefa e o Mundial de Clubes. Maldini enceraria a carreira na temporada seguinte, mas adiou a aposentadoria para 2008-09.

Maldini leva a melhor sobre Ronaldo: o brasileiro considera o italiano como o mais duro adversário que enfrentou (Action Images)

Primeiro, Paolo se despediu do San Siro, na derrota por 3 a 2 para a Roma. Além das diversas homenagens vindas da arquibancada, os adversários homenagearam o capitão do rival e entraram em campo com uma camisa branca, que continha as palavras: “Grazie Maldini, Grande Capitano”. Infelizmente, nem tudo foi homenagem e alguns fatos mancharam sua despedida: na torcida, por incrível que pareça, grupos exibiam faixas e entoavam coros de contestação ao capitão. Após o apito final, uma polêmica com Leonardo. Depois do último jogo no San Siro, a despedida do futebol ocorreu uma semana depois, no dia 31 de maio de 2009, quando o Milan venceu a Fiorentina por 2 a 0. Ao soar o apito final, Maldini foi abraçado pelos companheiros e recebeu aplausos do estádio.

Assim, um dos maiores vencedores da história do futebol terminou sua carreira, como o jogador que mais conquistou títulos pelo Milan: 26 no total. Bandeira eterna do clube milanês, vestiu apenas rossonero, fez 902 partidas e marcou 33 gols. Com tantas presenças, Maldini é até hoje o jogador com mais aparições na Liga dos Campeões, na Serie A com a camisa do Milan, além do já citado recorde histórico pelo campeonato nacional.

Maldini liderou diversas gerações vitoriosas do Milan (New Press/Getty)

A camisa número 3 de Maldini foi aposentada, mas existe a possibilidade de ela voltar a ser usada. Isso porque Christian e Daniel, seus filhos, poderão usar o número eternizado pelo pai. O mais velho é zagueiro, mas tem rondado pelas divisões inferiores da Itália e dificilmente chegará ao Milan. O mais novo, por sua vez, estreou pelos rossoneri, mas é meia-atacante e, até o momento, não usou a lendária 3.

Já afastado do futebol, Maldini rejeitou convite do Chelsea de Ancelotti para ser auxiliar técnico em Londres, em 2009. Em 2015, fundou o Miami FC, franquia que disputa a NASL, correspondente à segunda divisão do sistema futebolístico dos Estados Unidos. O eterno capitano rossonero permaneceu ligado ao Milan como presença certa nas tribunas de honra do San Siro, mas sem ligação oficial com o clube até 2018, quando assumiu cargo na diretoria. Responsável pela área técnica do Diavolo até 2023, Paolo ainda ajudou o clube a faturar mais um scudetto, em 2022.

Atualizado em 26 de junho de 2023.

Paolo Maldini
Nascimento: 26 de junho de 1968, em Milão, Itália
Posição: lateral-esquerdo e zagueiro
Clubes como jogador: Milan (1984-2009)
Títulos: Serie A (1988, 1992, 1993, 1994, 1996, 1999 e 2004), Coppa Italia (2003), Supercopa Italiana (1988, 1992, 1993, 1994 e 2004), Liga dos Campeões (1989, 1990, 1994, 2003 e 2007), Supercopa Uefa (1989, 1990, 1994, 2003 e 2007) e Mundial de Clubes (1989, 1990 e 2007)
Seleção italiana: 126 jogos e 7 gols

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