Serie A

30ª rodada: Temos um campeonato

Pazzini avisa: só dois pontos, Milan. Confronto direto da próxima rodada será o dérbi de Milão mais importante dos últimos anos (Getty Images)

Os mais confiantes torcedores da Inter já imaginavam chegar ao dérbi com a possibilidade de ultrapassar o Milan. Agora, o sonho virou realidade: o tropeço rossonero na tarde do sábado deixou a Inter com a faca e o queijo na mão para se aproximar da liderança e apimentar ainda mais o dérbi de Milão, que acontece na próxima rodada, mas em duas semanas – o campeonato para por uma semana, devido à data Fifa. Ao contrário do que prevíamos rodadas atrás, não é só a dupla de Milão que briga pelo título: o Napoli reagiu e está três pontos atrás do Milan. Um pouco mais atrás, a Udinese tem seis pontos a menos, mas com um futebol vistoso e objetivo, pode tirar a diferença.

A 30ª rodada teve ainda mais um capítulo da lenta agonia da Sampdoria e o reencontro da Juventus com a vitória sob a batuta do maestro Del Piero. Em Florença, outro craque teve destaque: Francesco Totti ultrapassou a marca dos 200 gols pela Serie A – todos, obviamente, pela Roma. A meta do Pupone é ultrapassar Roberto Baggio, quinto maior marcador da história da Serie A, que tem 205 – quatro a mais que ele. Abaixo, acompanhe conosco tudo o que aconteceu na rodada.

Inter 1-0 Lecce
Depois de uma partida tão desgastante contra o Bayern Munique, no meio da semana, para que se cansar novamente? Claramente cansada e, porque não, preguiçosa, a Inter jogou em ritmo lento contra o Lecce, mantendo a bola sempre no ataque, mas sem conseguir furar o bom bloqueio salentino, que colocou em evidência o jovem Bertolacci, pérola de 20 anos, emprestada pela Roma. No segundo tempo, o sexto gol de Pazzini com a camisa nerazzurra garantiu mais tranquilidade à equipe, que cozinhou a partida e garantiu os três pontos. A vitória deixa a Inter a apenas dois pontos do Milan e dá, pela primeira vez no campeonato, a oportunidade para que a equipe tome a liderança.

Para o dérbi, na próxima rodada, Leonardo não contará com Lucio, que cumprirá suspensão por ter colocado a mão na bola de maneira infantil. Em virtude da má fase de Córdoba e da falta de ritmo de Materazzi, o técnico pode apostar em uma dupla de zaga formada por Ranocchia e Chivu. O romeno fez uma boa partida neste domingo e viveu seus melhores momentos em Milão jogando no centro da defesa, ao lado de Samuel.

Fiorentina 2-2 Roma
O dia de Totti em Florença quase foi ofuscado por um nome muito improvável, se pensarmos no cenário que sacudia os bastidores da equipe viola dois meses atrás. Mutu, aos 20 minutos, recebeu passe de Vargas e, com uma bela jogada individual, abriu o placar. Pouco depois, Comotto fez pênalti em Riise e deu a chance para que Totti marcasse seu 200º gol no Artemio Franchi, o primeiro realizado no estádio em toda sua carreira. Mesmo assim, a Fiorentina continuava melhor: a volta de Vargas deu uma nova dinâmica ao time, que atacava bem e tinha vantagem territorial sobre a Roma. Mutu voltou a aparecer no fim da primeira etapa, quando ajeitou de cabeça para Gamberini colocar o time da casa na frente.

Totti, porém, vive sua melhor fase em anos. Logo após a volta dos times para o segundo tempo, o capitão aproveitou cruzamento de Riise e chutou forte, cruzado, sem chance para o goleiro Boruc. A Fiorentina continuava melhor, mas também levava azar: Mutu e Vargas acertaram o travessão uma vez cada. No banco, Mihajlovic, que desenvolveu forte ligação com a Lazio nos anos em que jogou lá, vivia o jogo como um dérbi e sofria com o azar. Para piorar, a rival Juventus vencia e se distanciava um pouco mais. No fim das contas, no “dérbi” do Franchi, Totti levou a melhor – assim como no dérbi real, da semana passada.

Napoli 2-1 Cagliari
Quem diria que o Napoli voltaria à briga pelo scudetto depois de ser goleado pelo Milan e ver o artilheiro Cavani atravessar um jejum de gols? Com a vitória na partida que fechou a 30ª rodada, a equipe partenopea está com 59 pontos, três a menos que os rossoneri, e volta a sonhar com o título. Na próxima rodada, os napolitanos enfrentam a Lazio, em casa, com o objetivo de manter a primazia na disputa pela terceira colocação, que dá vaga direta para a Liga dos Campeões, mas de olho também no duelo de Milão, que acontece um dia antes.

De qualquer forma, o time vai precisar jogar um pouco mais. Se, por um lado, Cavani marcou duas vezes – uma de pênalti e outra com um belo pallonetto, após passe de Hamsík – e deixou para trás um jejum de seis semanas, o primeiro tempo foi muito estudado e não teve chutes a gol de ambas as partes. O capitão Cannavaro também deu bobeira no gol de Acquafresca, que acabou com quase 800 gols de invulnerabilidade napolitana em casa e lembrou que a defesa azzurra costuma ter alguns apagões.

Udinese 2-0 Catania
O melhor futebol da Serie A também pode brigar pelo título. O tropeço do Milan e a vitória bianconera – menos brilhante do que o habitual, mas que vale três pontos da mesma maneira – diminuiu a distância entre as duas equipes para seis pontos. Seis pontos nunca são simples de serem recuperados, mas alguém duvidaria que este time é capaz disso? Seria o primeiro título de uma equipe de província desde 1985, quando o Verona surpreendeu e ficou com o scudetto. Para tal, a Udinese, que segue invicta em 2011, terá pela frente uma série de provas de fogo: joga, em casa, contra Roma, Lazio e Milan, além de visitar Napoli e Fiorentina.

Ontem, a Udinese não contou com um desempenho brilhante de Sánchez e de Di Natale, mas contou com os dois para fecharem a partida – Inler havia feito o primeiro, com um belo chute: o chileno sofreu pênalti e Totò converteu, alcançando os 25 gols no campeonato. No Catania, a ordem era apenas aproveitar caso os friulanos permitissem. O time tem se saído mal fora da Sicília e terá, na próxima rodada, o dérbi contra o Palermo, a ser disputado no Massimino. Por isso, Simeone preferiu poupar Maxi López, pendurado, por 45 minutos. Uma vitória no dérbi é fundamental para os objetivos dos rossazzurri: o time chegaria a 35 pontos e ganharia moral para os últimos jogos da Serie A.

Juventus 2-1 Brescia
O que fazer quando seu time joga a melhor partida em meses e mesmo assim é vaiado o tempo inteiro pela torcida? A Juventus não fez uma grande partida, mas teve uma performance positiva, ao menos em relação ao que vinha produzindo. Del Neri, alvo das maior parte das vaias, desta vez deixou Toni no banco e escalou Del Piero como titular. O capitão, que sempre que joga dá outra cara ao time, correspondeu. Orientações aos companheiros, raça e pura técnica foram o mote da prestação de Ale, que apareceu no momento mais difícil do jogo, quando seu time precisava.

Antes disso, a Juventus havia aberto o placar com Krasic, ressurgido depois de ter feito sua última boa partida em dezembro de 2010, contra a Lazio. Um erro coletivo da defesa juventina fez com que o baixinho Éder empatasse logo depois, subindo entre Chiellini, Bonucci e aproveitando saída desajeitada de Buffon. A partir daí, Pepe e Marchisio eram os melhores bianconeri em campo, mas a Juventus tinha dificuldades de sair para o jogo e ainda encontrava um Éder atormentador. Foi necessário que Del Piero marcasse um golaço para que os ânimos se acalmassem e, com a expulsão de Mareco, para que cessassem de vez. Resta saber se Del Neri aprendeu, de uma vez por todas, a lição que Delpi tem lhe tentado ensinar desde o início da Serie A: a Juve só melhora quando ele for titular.

Sampdoria 0-1 Parma
No Marassi, Samp e Parma realizaram uma partida que fez jus à fase recente dos dois times. Os blucerchiati vivem a pior fase entre os times da Serie A, ao lado do Bari, e conquistaram apenas um ponto nos últimos seis jogos, com quatro derrotas consecutivas em casa. A fase é tão ruim que os dorianos conseguiram ser derrotados em casa por um Parma que somou apenas quatro pontos em oito jogos, em uma partida com muito poucas emoções. O gol de Zaccardo, no segundo tempo, foi suficiente para dar uma mexida nos brios da Samp, que chegou a perder pênalti: Maccarone isolou.

Os acontecimentos desta tarde em Gênova só refletem como a equipe parece sem confiança. Alberto Cavasin se esgoelou no banco de reservas e não conseguiu mudar a postura de um time cheio de bons valores, mas que não forma um conjunto digno de permanecer na elite. No Parma, que atingiu os 32 pontos e ultrapassou a adversária deste domingo, Marino precisa corrigir certo nervosismo e indisciplina do time, que é um dos três mais indisciplinados do campeonato e , com sete expulsões, lidera no quesito.

Bologna 1-1 Genoa
O duelo rossoblù da rodada foi, de fato, uma partida na qual nenhuma das equipes mereceu vencer. Ambos os times estão no meio da tabela e já não tem mais grandes ambições na temporada – o Bologna até poderia pensar em Liga Europa, mas o tropeço, aliado às vitórias de Palermo e Juventus, deve ter desfeito os planos. A partida valeu pelo gol de número 131 de Di Vaio, na Serie A, um dos tentos mais irregulares do campeonato – o atacante claramente ajeitou a bola com o braço antes de concluir para o gol. A se destacar também a participação de Della Rocca, uma das revelações tardias do futebol italiano – o meia tem 23 anos, mas rodou sem sucesso por quatro clubes e nem iria ser utilizado, não fosse Malesani.

Menos mal, para a partida, que o Genoa igualou com Dainelli, que fez seu primeiro gol com a camisa dos grifoni. Os visitantes foram melhores no primeiro tempo, mas Floro Flores não conseguiu nenhuma oportunidade muito clara para testar Viviano. No segundo tempo, Malesani até colocou o time para frente, numa espécie de 3-4-1-2, e o Bologna melhorou, mas não o suficiente para tomar a vantagem. De qualquer forma, os dois times – com 40 e 39 pontos, respectivamente – já podem se considerar virtualmente como participantes da próxima edição da Serie A.

Bari 1-2 Chievo
Após o ótimo resultado obtido contra o Milan, o Bari regrediu no confronto direto contra o Chievo. Jogando em casa, os galletti foram melhores que os clivensi, mas falhas individuais de alguns jogadores e do árbitro Gervasoni derrubaram a equipe. A história poderia ser diferente, caso Huseklepp houvesse feito 1 a 0, cara a cara com Sorrentino. Também seria, se Codrea não se envolvesse em trapalhadas com Rossi e Almirón e o Chievo conseguisse marcar dois gols, com os bombers Pellissier e Moscardelli, sem ao menos ter sido perigoso durante os noventa minutos.

O erro de Gervasoni ocorreu ainda no primeiro tempo, quando Gélson Fernandes poderia ter sido expulso depois de cometer pênalti em Bentivoglio, convertido por Ghezzal. Se o Chievo de Pioli – expulso por reclamação no fim da partida – respira um pouco, o Bari está cada vez mais condenado à Serie B – e já articula contrato com Pierpaolo Bisoli, ex-Cesena e Cagliari. Os biancorossi ainda tem cinco confrontos diretos (três em casa) para tirar desvantagem de 12 pontos em nove partidas. Vencer estes jogos é a única escapatória.

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Seleção da 30ª rodada
Sirigu (Palermo); Isla (Udinese), Benatia (Udinese), Chivu (Inter), Vargas (Fiorentina); Migliaccio (Palermo), Hamsík (Napoli); Del Piero (Juventus), Totti (Roma), Mutu (Fiorentina); Cavani (Napoli). Técnico: Francesco Guidolin (Udinese).

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