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Conheça Mario Rigamonti, o ex-zagueiro que dá nome ao estádio de Brescia

Foi em 4 de maio de 1949 que uma tragédia aérea entrou para a história como um dos maiores desastres envolvendo uma equipe de futebol em todos os tempos. Quando o Fiat G212CP da Avio Linee Italiane voltava com todo o elenco do Torino para Itália após duelo contra o Benfica, em Portugal, e se despedaçou após choque com a Basílica de Superga, começava o maior luto da história do futebol italiano – e talvez do mundial. Entre as 31 vítimas do acidente, estava Mario Rigamonti, um defensor que fez história no time granata, marcando o futebol italiano com a equipe que ficou conhecida como a Grande Torino.

Ainda muito jovem, Rigamonti ingressou nas categorias de base do Brescia, maior time da cidade onde nascera. Seu posicionamento defensivo acima da média o fez ser destaque entre os jovens da sua idade. Com apenas 19 anos, deixou os jovens rondinelli para ingressar em outra base: a do Torino, equipe pela qual se consagraria como profissional. Sua trajetória, porém, não foi das mais simples possíveis. Após a transferência para o time de Turim, o jovem retornaria ao time de sua cidade-natal para só assim dar início à sua carreira entre os profissionais.

Pelo Brescia, fez sua estreia em 1944, ano no qual o futebol dividia as atenções com a II Guerra Mundial – sendo, obviamente, deixado de lado na maioria das vezes. Com 22 anos, assumiu logo de cara a posição de titular, se destacando sempre por atuar como um meio-campista com muito poder de destruição e uma ótima chegada de apoio ao ataque – algo comum nos jogadores de defesa do meio-campo no futebol moderno -, desempenhando como poucos a função que viria a ser conhecida como mediano. Com classe e inteligência, ficou no time que o revelou por apenas uma temporada.

Com o mundo respirando os ares do final da Guerra, em 1945, Rigamonti teve rápida passagem pelo Lecco, clube pelo qual nem atuou apenas no campeonato de guerra da Lombardia. No mesmo ano, porém, faria a mudança que marcaria para sempre sua carreira – e também sua vida: retornou ao Torino, pelo qual passara ainda sem ser profissional, e aproveitou a volta do foco ao futebol após o final dos conflitos bélicos para se destacar no cenário europeu e mundial. Comandado por Luigi Ferrero, o Torino começaria no primeiro Italiano disputado após a Guerra, na temporada 1945-46, a fazer história.

Com Rigamonti sendo peça essencial ao equilíbrio defensivo do time, a equipe de Turim conquistaria o primeiro scudetto disputado no pós-Guerra. Com fórmula diferente da vista atualmente, o torneio foi disputado com dois grandes grupos, dos quais saíram os classificados para um grupo final, do qual faziam parte oito times que se enfrentaram em turno e returno para definir o grande campeão. Com 11 vitórias e 43 gols marcados em 14 partidas disputadas, o Torino sagrou-se campeão e deu início a uma época de dominação no futebol italiano.

Rigamonti ainda seria essencial para a conquista de mais três scudetti consecutivos, que fariam do Torino a equipe-sensação de toda a Europa. Dominante e sem adversários à altura na Itália, os granata passaram a ser convidados para atuar contra times de outros países, uma vez que ainda não existiam torneios internacionais como a Liga dos Campeões.

Foi na volta de um desses amistosos, contra o Benfica, em Portugal, que o Grande Torino foi desfeito de forma trágica, com o desastre de Superga. Rigamonti falecia, então, com apenas 27 anos, com o status de ser um dos grandes responsáveis pela força e pelo futebol jogado pelo Torino, ao lado de tantos outros que faleceram no acidente aéreo, como Valerio Bacigalupo, Giuseppe Grezar, Romeo Menti, Ezio Loik, Guglielmo Gabetto e Valentino Mazzola.

A morte prematura de toda aquela geração abalou a seleção italiana, que, em meados de 1947 havia chegado a contar com 10 titulares provenientes do Torino e que, às vésperas da Copa de 1950, tinha nos granata a base de sua seleção. Rigamonti, por exemplo, disputou apenas três partidas pela Nazionale e encerrou sua participação em jogo contra a Espanha. Por causa da Segunda Guerra, a Squadra Azzurra entrou em campo apenas dez vezes enquanto ele era jogador e o impediu de solidificar o posto de herdeiro natural de Carlo Parola que gente de todo o país lhe atribuía.

Como forma de homenagem póstuma aos jogadores daquele Torino, muitos tiveram seus nomes utilizados para batizar estádios por toda a Itália. Rigamonti foi um deles: um mês após a tragédia aérea, o Lecco nomeou seu estádio com o nome do ex-jogador, enquanto apenas em 1959, dez anos após a tragédia aérea, o Brescia também lhe concedeu a mesma homenagem e mudou o nome de sua sua casa para Mario Rigamonti.

Mario Rigamonti
Nascimento: 17 de dezembro de 1922, em Brescia, Itália
Falecimento: 4 de maio de 1949 em Turim, Itália
Posição: defensor e mediano
Times: Brescia (1944), Lecco (1945) e Torino (1945-1949)
Títulos: Serie A (1945-46, 1946-47, 1947-48 e 1948-49)
Seleção italiana: 3 jogos.

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