Serie A

Guia da Serie A 2011-12, parte 1

Na última temporada, o Milan levantou a taça. Para 2011-12, busca o bicampeonato e larga na frente dos rivais (Getty Images)

Neste sábado, dia 27, está previsto o pontapé inicial da Serie A 2011-12, com o dérbi toscano entre Fiorentina e Siena. Se o campeonato irá, de fato, começar neste fim de semana, saberemos ao longo dos próximos dias, já a primeira rodada pode ser adiada em virtude de uma possível greve dos jogadores, caso um desacordo entre seu sindicato e os clubes acerca do contrato coletivo ainda permaneça até sábado. Inicie ou não, o campeonato deste ano deve ser marcado novamente pela disputa entre os times de Milão. O Milan continua como favorito, já que precisava de poucos ajustes e acabou mantendo a base, e larga na frente de uma Inter ainda em formação.

Em tese, a terceira força italiana neste ano é a Juventus, bastante reforçada, que não jogará nenhuma competição europeia e se dedicará inteiramente ao campeonato. Um pouco mais atrás, o Napoli se reforçou bastante e deve, ao menos, incomodar o pelotão de cima, brigando novamente por uma vaga na Liga dos Campeões. Uma Roma com novo dono e uma Lazio com moral revigorada também devem aparecer com destaque, enquanto a Udinese buscará surpreender mais uma vez, com seu futebol bonito. No pelotão intermediário, Genoa, Cesena e Cagliari prometem vida dura a qualquer visitante que adentrem seus domínios.

Faltando pouco mais de uma semana para o fim do mercado, muita água ainda deve rolar. O Milan pode garantir, depois de tantas especulações, seu Mister X, para jogar no meio-campo e a saída de Eto’o para o Anzhi pode abrir espaço para Tévez, Lavezzi ou Forlán na Inter. A Juventus pode completar seu elenco com um zagueiro e um meia-esquerda, enquanto a Roma quer um goleador. Haverá, ainda, alguma bomba de última hora, que nem o tablóide mais fofoqueiro e inventivo especulava? Faça suas apostas e confira a primeira parte do guia Quattro Tratti da Serie A 2011-12!

Atalanta
Cidade: Bérgamo (Lombardia)
Estádio: Atleti Azzurri D’Italia (24642 lugares)
Em 2010-11: campeã da Serie B
O cara: Simone Padoin (meio-campista, foto)
A promessa: Nadir Minotti (meio-campista)
O treinador: Stefano Colantuono (2ª temporada)
Principais reforços: Andrea Masiello (ld, Bari), Stefano Lucchini (z, Sampdoria) e Maximiliano Moralez (m, Vélez)
Principal perda: Cristiano Doni (m, suspenso por apostas ilegais)
O que falta: mais reforços no ataque
Objetivo: evitar o rebaixamento
Time base (4-4-1-1): Consigli; Masiello, Capelli, Lucchini, Peluso; Padoin, Barreto, Carmona, Bonaventura; Moralez; Marilungo (Tiribocchi).

A regularidade foi a marca da Atalanta campeã da Serie B 2010-11. Os nerazzurri retornaram à Serie A com facilidade e contaram com boas participações dos experientes Cristiano Doni e Simone Tiribocchi, que marcaram 12 e 14 gols respectivamente, durante a campanha campeã. O elenco, que já era bom, parecia suficiente para buscar a permanência. Porém, os orobici foram uma das equipes que tiveram o nome envolvido com o escândalo de manipulação de resultados e apostas, que estourou na pré-temporada, e começa a Serie A com seis pontos negativos. A pontuação é reversível, mas o que mais pode afetar o time é a suspensão do capitão Doni por três temporadas e meia. A bandeira do time, exemplo para todos, fará falta dentro e fora das quatro linhas.

O elenco campeão foi praticamente mantido. Além da manutenção da base, os nerazzurri contrataram bem. O principal nome desembarca na Itália vindo da Argentina: Maxi Moralez, que exerce a mesma função de Doni e se destacou no Vélez, na Libertadores e também no título do Clausura, ambos em 2011. O argentino deve ser o trequartista do 4-4-1-1 armado por Stefano Colantuono. A defesa, uma das melhores da última Serie B, recebeu reforços que chegam com o status de titulares. Masiello veio do rebaixado Bari para assumir a lateral-direita e Lucchini deixou a também rebaixada Sampdoria e deve ser um dos titulares no centro da zaga. O ataque, por sua vez, precisa ser reforçado, já que saíram quatro jogadores (Doni, Amoruso, Ruopolo e Ceravolo), e as negociações por Denis se arrastam há semanas. Gabbiadini e Marilungo, duas promessas, darão conta do recado? O experiente Tiribocchi, que é daqueles jogadores que sempre garantem 10 gols por temporada, deve ajudar.

Os orobici ainda contam com os selecionáveis Carlos Carmona (Chile) e Edgar Barreto (Paraguai), jogadores polivalentes, que marcam e também lidam bem com a bola. Os dois devem oferecer ajuda a Padoin, meia que se destacou ao lado de Guarente, nas últimas campanhas da Atalanta na Serie A, e que deve ser o ponto de referência da equipe, na ausência de Doni. O meio-campo promete ser um setor forte e com muitas opções: Schelotto e Caserta, ambos ex-Cesena, foram contratados e, juntamente o brasileiro Ferreira Pinto, dão profundidade ao elenco. As categorias de base do clube continuam bem e alguns dos destaques da equipe Primavera, treinada por Walter Bonacina, devem ajudar na composição do bom elenco profissional, que já tem alguns formados no clube, como o vice-capitão Bellini, o goleiro Consigli, o meia Bonaventura e os já citados Padoin e Gabbiadini. Com dedicação, a manutenção na divisão de elite italiana é plenamente possível. (Pedro Spiacci)

Bologna
Cidade: Bolonha (Emília-Romanha)
Estádio: Renato Dall’Ara (39444 lugares)
Em 2010-11: 16ª colocação
O cara: Marco di Vaio (atacante)
A promessa: Federico Rodríguez (atacante)
O treinador: Pierpaolo Bisoli (1ª temporada)
Principais reforços: Jean François Gillet (g, Bari), Alessandro Diamanti (m, Brescia) e Robert Acquafreca (a, Cagliari)
Principal perda: Emiliano Viviano (g, Inter)
O que falta: pelo menos um zagueiro
Objetivo: evitar o rebaixamento
Time base (4-3-1-2): Gillet; Crespo, Antonsson, Portanova, Morleo; Perez, Mudingayi, Della Rocca; Diamanti (Ramírez); Di Vaio, Acquafresca.

A temporada do Bologna começou com uma bela mancada durante o mercado: por causa de um erro do diretor geral do clube, Stefano Pedrelli, que errou no preenchimento de papéis de co-propriedade, o clube perdeu o goleiro Emiliano Viviano – um dos melhores jogadores do time na temporada passada e goleiro da seleção italiana- para a Inter de Milão. O erro foi tão tosco que o próprio Pedrelli pediu demissão após o episódio. Para piorar, a contratação de Pierpaolo Bisoli para o lugar do ex-técnico Alberto Malesani também não foi recebida com muita empolgação pelos torcedores, que já começavam a imaginar um futuro nada animador para o time nesta temporada.

Com experiência limitada treinando na Serie A (apenas alguns meses mal-sucedidos no Caglairi, temporada passada), Bisoli se apoia na reputação que construiu em divisões inferiores, como o histórico duplo acesso conquistado pelo Cesena, da Lega Pro à Serie A, em dois anos. O treinador está sem trabalhar desde novembro de 2010, no entanto, e é uma aposta arriscada. Talvez seu único trunfo esta temporada seja a proximidade com a diretoria desde o início do mercado e, o que parecia caminhar para uma temporada de muitos desastres, tomou um rumo mais esperançoso após as contratações de Gillet, Diamanti e Acquafresca.

O ex-goleiro do Bari vem de grandes atuações e deve ser um bom substituto para Viviano. Mais à frente, Diamanti e Acquafresca são promessa de maior companhia para o ídolo Di Vaio, herói do clube nos últimos anos. O meio-campista Diamanti traz mais criatividade e técnica para um setor do campo que contava apenas com o talento do jovem Gastón Ramírez – que deve sair até o final da janela de tranferências, se chegar uma oferta de 15 milhões de euros. Acquafresca pode ser uma boa opção para dividir os gols com Di Vaio, que na última temporada marcou 19, mais da metade do total de gols que a equipe computou: 35. Será que está chegando ao fim a Di Vaio dependência? (Rodrigo Antonelli)

Cagliari
Cidade: Cagliari (Sardenha)
Estádio: Sant’Elia (23486 lugares)
Em 2010-11: 14ª posição
O cara: Andrea Cossu (meio-campista, foto)
A promessa: Pablo Cepellini (meio-campista)
O treinador: Massimo Ficcadenti (1ª temporada)
Principais reforços: Thiago Ribeiro (a, Cruzeiro), Víctor Ibarbo (m, Atlético Nacional) e Albin Ekdal (m, Juventus).
Principal perda: Andrea Lazzari (meio-campista)
O que falta: um atacante com experiência de Serie A.
Objetivo: ficar no meio da tabela
Time base (4-3-1-2): Agazzi; Perico (Pisano), Astori, Canini, Agostini; Nainggolan, Conti, Biondini (Ekdal); Cossu; Nenê (Ibarbo), Thiago Ribeiro.

Nada pode ser tranquilo no Cagliari. Após lutar contra as últimas posições na primeira metade da Serie A na última temporada, o time parecia ter se encontrado sob o comando de Roberto Donadoni, grande destaque da equipe na reta final do campeonato. Quando se pensava que o treinador teria paz e respaldo suficiente para trabalhar dentro e fora dos gramados, a surpresa. Em mais uma decisão intempestiva, o presidente Massimo Cellino demitiu o técnico e trouxe para seu lugar Massimo Ficadenti, que em 2011 realizou bom trabalho ao manter na primeira divisão o caçula Cesena. Começará um trabalho do zero e terá algum trabalho após as movimentações de mercado.

Para reforçar o time, muito se especulou sobre o retorno do (ex) artilheiro David Suazo, que teve seus dias áureos jogando justamente com a camisa rossoblù. Depois de o site oficial do clube colocar o atleta no elenco sardo, mais uma reviravolta da pré-temporada e o hondurenho acabou se tornando reforço do Catania. Para seu lugar – e o de Robert Acquafresca, que retornou ao Bologna após o término de seu empréstimo – foi contratado o ex-cruzeirense Thiago Ribeiro. Encantado com a proposta que julgou como “irrecusável”, o atacante brasileiro se tornou a grande contratação do time para a temporada, posição que lhe dá automaticamente o dever de retribuir em campo. As sombras de El Kabir e Ibarbo, duas promessas que também chegaram no mercado de verão, pesarão muito, mas o Cagliari pode se complicar porque entre os atacantes, apenas Nenê, que não é exatamente um goleador, tem experiência no campeonato italiano.

A falta de um atacante ambientado à Itália deve fazer com que Cossu tenha ainda mais responsabilidade em carregar o time – principalmente após a saída de Lazzari, que deixou o clube para atuar pela Fiorentina. A proposta de jogo do Cagliari, porém, não deverá mudar muito em relação à que foi apresentada na última temporada. O meio-campo com pegada e bom passe de bola seguirá sendo comandado pelo capitão, que terá liberdade para se movimentar, já que às suas costas, um séquito de jogadores polivalentes, como Biondini, Nainggolan e Conti, estará a sua disposição. O setor ainda foi reforçado por Ekdal, bom meia sueco. O objetivo de Ficcadenti é conseguir a salvezza com antecedência, mas evitar que o time caia de produção após o objetivo, como nas últimas temporadas. Mas que ele tome cuidado: o perigo em Cagliari parece morar muito próximo, dentro da sala de um excêntrico e imprevisível presidente. (Leonardo Sacco)

Catania
Cidade: Catania (Sicília)
Estádio: Angelo Massimino (20266 lugares)
Em 2010-11: 13ª posição
O cara: Maxi López (atacante)
A promessa: Keko (meia-atacante)
O técnico: Vincenzo Montella (1ª temporada)
Principais reforços: David Suazo (a, Inter), Mario Paglialunga (v, Rosario Central) e Davide Lanzafame (a, Palermo)
Principal perda: Matías Silvestre (z, Palermo)
O que falta: um atacante goleador e um substituto para Silvestre
Objetivo: evitar o rebaixamento
Time-base (4-3-3): Andújar; Álvarez, Spolli, Bellusci, Capuano; Paglialunga, Biagianti, Lodi; Gómez, Maxi López, Suazo.

Otimismo. Vindo de uma de suas melhores campanhas na história da Serie A (13ª colocação), o time siciliano manteve a base da última temporada e almeja chegar, pela primeira vez, a uma competição europeia. Entre as saídas, só uma deve ser realmente sentida pela equipe. O capitão Matías Silvestre transferiu-se para o arquirrival Palermo em negociação que rendeu ao Catania o atacante Lanzafame e sete milhões de euros. Lanzafame não foi o único reforço de utilidade duvidosa para o ataque. O hondurenho David Suazo, que chegou a treinar com o Cagliari, assinou com os elefantes, mesmo sem jogar uma partida oficial há mais de um ano.

Morimoto, que após ótima chegada enfrentou uma brutal descendente, rumou ao recém-promovido Novara. Na retaguarda, além de Silvestre, Terlizzi também saiu, o que deixa claramente uma lacuna no setor, que, a princípio, não parece preocupar a direção. A contratação de Vincenzo Montella, que apenas conduziu a Roma durante três meses na última temporada, é pra lá de temerária. Se na capital o treinador ao menos conhecia os meandros do clube e tinha o aval do amigo Totti, na Sicília terá em mãos um time limitado, com objetivos diferentes, mas ao menpos uma sociedade com boa estrutura, até mesmo se comparada a equipes grandes.

A chegada do novo treinador ao comando da equipe, no lugar de Simeone, deu uma freada no êxodo de argentinos ao clube, mas não completamente. O volante Mario Ángel Paglialunga, vindo do Rosario Central, é uma aposta da diretoria e chega sem muitas credenciais. Assim como o habilidoso Keko, presença constante nas seleções de base da Espanha, que chega por empréstimo do Atlético de Madrid. Outro reforço para o meio-campo é a volta de Pablo Barrientos, que estava emprestado ao Estudiantes de La Plata. A equipe luta ainda para, até o final da janela, manter Maxi López, que interessa a Fiorentina. Caso ele saia, terá de buscar mais um atacante na janela nos últimos dias e o mercado dos rossoazzurri não parece dos mais ambiciosos… (Anderson Moura)

Cesena
Cidade: Cesena (Emília-Romanha)
Estádio: Dino Manuzzi (23860 lugares)
Em 2010-11: 15ª posição
O cara: Marco Parolo (meio-campista, foto)
A promessa: Roope Riski (atacante)
O treinador: Marco Giampaolo (1ª temporada)
Principais reforços: Adrian Mutu (a, Fiorentina), Antonio Candreva (m, Parma) e Éder (a, Brescia).
Principal perda: Luis Jiménez (m, Al Ahli)
O que falta: um zagueiro e, talvez, um atacante reserva
Objetivo: evitar o rebaixamento
Time base (4-3-3): Antonioli; Comotto (Ceccarelli), Von Bergen, Rossi, Lauro; Parolo, Colucci, Candreva; Éder, Mutu, Giaccherini.

Surpresa da última temporada, o Cesena parte para o atual campeonato com muito mais força do que terminou o anterior. A começar pelo fato de que se livrou de altos custos de manutenção com o gramado do estádio Dino Manuzzi, castigado pelo frio na região, instalando grama artificial. Também fizeram uma boa troca no banco de reservas, substituindo Massimo Ficcadenti por Marco Giampaolo, um treinador que tem um trabalho mais sólido e que costuma privilegiar um meio-campo forte, ideal para as peças que tem. Outro trunfo foi a renovação com o meio-campista Parolo, peça-chave no esquema do técnico anterior e provavelmente ainda mais importante no de Giampaolo. Se deixar o clube nos dias finais da janela, o jogador pelo menos deixará uma quantia em torno de 10 milhões de euros nos cofres romanholos. A faixa central ainda ganhou o importante reforço de Candreva, provável titular, e de Guana e Raphael Martinho, que já conhecem o treinador de outras épocas e renderam bem com ele.

A defesa, setor que costuma ser bem trabalhado pelo treinador de origem suíça, também ganhou reforços: com a saída de Pellegrino, grande ponto de instabilidade da equipe, o Cesena contratou Rossi, que fez campanha positiva com o Bari, e deve negociar o atacante Bogdani, extracomunitário, para que o uruguaio Rodríguez (Peñarol) seja adquirido. Para as laterais, Comotto e Ceccarelli oferecem versatilidade, por jogarem em ambos os lados, mas mais um lateral esquerdo no plantel não seria exagero. Mais atrás, Antonioli será titular, com 41 anos de idade, e ainda não tem um reserva à altura, embora o mercado esteja em seus últimos dias.

A atual diretoria também investiu para reforçar o ataque e bancou das contratações de risco: a de Éder, que não foi bem com o Brescia, e a de Mutu, jogador de alto salário que, apesar de ter talento inconstestável e marcar gols, é uma bomba-relógio. Se o tridente ofensivo do 4-3-3 de Giampaolo deve funcionar pelos lados, com Giaccherini (se não sair para a Juventus), Malonga e Rennella, o Cesena pode acabar dependendo demais do romeno para marcar gols. Ao invés de ir ao mercado, a solução pode estar em casa: o finlandês Riski, de 21 anos, tem capacidade suficiente para ser lançado de vez ao time principal. Apesar de ser um time com algumas lacunas, o Cesena larga na frente de seus rivais e tem tudo para garantir a permanência na elite pelo segundo ano consecutivo. (Nelson Oliveira)

Chievo
Cidade: Verona (Vêneto)
Estádio: Marcantonio Bentegodi (42160 lugares)
Em 2010-11: 11ª posição
O cara: Stefano Sorrentino (goleiro)
A promessa: Alberto Paloschi (atacante)
O treinador: Domenico Di Carlo (1ª temporada)
Principais reforços: Perparim Hatemaj (m, Brescia), Rinaldo Cruzado (m, Juan Aurich) e Alberto Paloschi (a, Milan)
Principal perda: Kévin Constant (m, Genoa)
O que falta: um bom atacante reserva
Objetivo: evitar o rebaixamento
Time base: Sorrentino; Acerbi, Cesar, Andreolli; Luciano (Sardo), Hetemaj, Rigoni, Cruzado, Jokic; Pellissier, Paloschi.

A diretoria do Chievo tentou manter os titulares da temporada passada e conseguiu, quase que inteiramente – perdeu apenas Constant para o Genoa e Mantovani para o Palermo. O novo técnico Domenico Di Carlo vai trabalhar com poucos jogadores que chegaram para entrar no time. Acerbi fez sua adaptação no Genoa e deve jogar como zagueiro pela direita, enquanto Hetemaj, peça-chave no esquema do Brescia, entra no lugar de Marcolini, transferido ao Padova, e dividirá o meio-campo com Rigoni e o recém-chegado Cruzado, do Juan Aurich, substituto de Constant.

A equipe pode sentir a mudança tática. Na última época, com Stefano Pioli, o Chievo costumava atuar no 4-3-1-2, com uma pequena variação para o 4-3-3. Constant foi um achado para jogar aberto pela esquerda, mas foi vendido ao Genoa. Se o Chievo sempre foi um dos times mais simples de montar, em toda a elite, Di Carlo, que já treinou praticamente o mesmo elenco dois anos atrás, recuou para o 3-5-2, arrumou a defesa com Acerbi no lugar de Mantovani e aposta na velocidade de Luciano e Jokic nos contra-ataques. Luciano, aliás, tenta se reerguer após um 2010-11 decepcionante.

Na frente, o artilheiro Sergio Pellissier terá novo companheiro: Alberto Paloschi. Apontado como o novo goleador do Milan, nunca comprovou a fama e, aos 21 anos, ganha nova chance. Alguns jovens chegaram para completar o elenco, como o lateral-esquerdo Ivan Fatic. A perda de Bogliacino pode ser sentida no começo do trabalho de Di Carlo, principalmente pela mudança tática, mas Cruzado tem experiência para arrumar o meio-campo. Sorrentino, sondado pelo Palermo, pode sair nos últimos dias da janela e o clube investiu em Puggioni, da Reggina, como possível substituto. E é a partir desses dois pontos que o castelo scaligero pode ruir. (Murillo Moret)

Fiorentina
Cidade: Florença (Toscana)
Estádio: Artemio Franchi (45809 lugares)
Em 2010-11: 9ª posição
O cara: Stefan Jovetic (meia-atacante, foto)
A promessa: Matija Nastasic (zagueiro)
O treinador: Sinisa Mihajlovic (2ª temporada)
Principais reforços: Andrea Lazzari (m, Cagliari), Houssine Kharja (m, Genoa) e Matija Nastasic (zagueiro)
Principal perda: Sébastien Frey (g, Genoa)
O que falta: um goleador, em caso de saída de Gilardino
Objetivo: vaga na Liga Europa
Time base (4-3-1-2): Boruc; De Silvestri, Gamberini, Natali (Camporese), Pasqual; Behrami, Montolivo, Vargas; Lazzari (Kharja); Gilardino, Jovetic.

Claramente, a Fiorentina atravessa um período sabático. Desde a saída de Cesare Prandelli, em 2010, o discurso é de renovação, a começar pelo banco de reservas. Sinisa Mihajlovic é um dos treinadores da nova geração e, depois de uma temporada no clube, começa a implantar sua política de vez. Não fez força para segurar os jogadores mais experientes do time: seis titulares (Frey, Comotto, Donadel, Santana, D’Agostino e Mutu) deixaram o time neste mercado e, entre eles, apenas D’Agostino rendeu algo ao clube – apenas 110 mil euros. Outros jogadores importantíssimos ainda podem sair nos últimos dias da janela de transferências. Cerci, Vargas, Montolivo e Gilardino foram alvo de especulações durante todo o mercado e pelo menos o atacante deve deixar o clube, rumo ao Genoa. Montolivo, que fez birra para sair, deve acabar ficando, mesmo sem a faixa de capitão, que perdeu para Gamberini.

A renovação do elenco, no entanto, parece acelerada e perigosa demais. Os florentinos contrataram reforços apenas para o meio-campo e se Lazzari foi uma ótima contratação e Kharja compõe bem o elenco, o que dizer de Rômulo (ex-Atlético Paranaense)? Munari, outra contratação para o setor, é um bom jogador para times que lutam contra o rebaixamento e não para um que jogou Liga dos campeões dois anos atrás. Para o ataque, Gilardino deve ser substituído por Floccari ou Maxi López, atacantes que não estão à sua altura e que nem de longe enchem os olhos da torcida. Um forte sinal de redimensionamento, que passa pelo fato de o presidente Andrea Della Valle não sentir o apoio da prefeitura da cidade para a realização de seus ambiciosos planos, que envolvem (ou envolviam) a construção de uma cidadela que girasse em torno do clube, para diversificar a fonte de renda.

Neste ritmo, Jovetic tende a ser rapidamente alçado de vez ao posto de líder do time – hoje é vice-capitão. Não há dúvidas de que o montenegrino, prestes a completar 22 anos, é um jogador mais maduro que a média entre os de sua idade (ter capitaneado o Partizan aos 18 anos é uma amostra disso), mas até mesmo para ele é um baque ter jogado em um time que quase se classificou para as quartas de final de uma Liga dos Campeões e que hoje tem objetivos tão distintos. Um agravante: Jovetic, é bom lembrar, passou um ano sem jogar por conta de uma grave lesão no joelho. De uma maneira ou de outra, o espaço para jovens como Camporese, uma das gratas surpresas da última temporada, ou Babacar, Agyei, Nastasic e Salifu. Até por isso, surpreende o fato de que Carraro, maior talento do vivaio do clube, tenha sido emprestado ao Modena, da Serie B. Coerência, pelo visto, anda em falta em Florença. (NO)

Genoa
Cidade: Gênova (Liguria)
Estádio: Luigi Ferrraris (36.685 lugares)
Em 2010-11: 10ª posição
O cara: Rodrigo Palacio (atacante)
A promessa: Alexander Merkel (meio-campista)
O treinador: Alberto Malesani (1ª temporada)
Principais reforços: Sébastien Frey (g, Fiorentina), Valter Birsa (m, Auxerre) e Kévin Constant (m, Chievo)
Principal perda: Domenico Criscito (le, Zenit)
O que falta: um centroavante
Objetivo: vaga na Liga Europa
Time base (4-3-1-2): Frey; Rossi, Dainelli, Kaladze (Bovo), Antonelli; Miguel Veloso, Seymour, Constant; Birsa; Palacio, Pratto.

Para a temporada 2010-11, o presidente Enrico Preziosi abriu os cofres da equipe genovesa visando colocá-la na zona europeia, mas o Genoa não alcançou a sonhada vaga à Liga Europa. A decepção não impediu que a mesma estratégia fosse adotada para este ano e, novamente, os grifoni se movimentaram muito no mercado de transferências, como de praxe. Preziosi contratou muito também pelo fato de que o time negociou muitos jogadores, especialmente na defesa: Konko jogará na Lazio; Rafinha retorna à Alemanha para jogar no Bayern; Criscito foi para o Zenit por 11 milhões de euros e Eduardo voltou ao seu país natal, para jogar no Benfica, mas não deixará saudades na Itália.

As novidades do Genoa também começam na retaguarda. Frey chega da Fiorentina para assumir a camisa 1 e dar a segurança que faltou ao português na última temporada. O defensor sueco Granqvist chega do Groningen para compor o elenco, enquanto Bovo chega do Palermo para disputar a titularidade. Ainda no setor defensivo, o volante Seymour chega da Universidad de Chile. O meio-campo também recebeu Constant (Chievo), Jorquera (Colo-Colo), Birsa (Auxerre) e Merkel (Milan). Para o ataque chegam dois jogadores da América do Sul: Zé Eduardo (Santos) e Pratto (Boca), que pode ser uma ótima opção para jogadas aéreas, com seu 1,92m, mas também é um jogador veloz. Os dois atacantes, por outro lado, nunca jogaram na Europa e podem sentir a sombra de Floro Flores, que retornou à Udinese após marcar 10 gols pelo Genoa no returno da última temporada. Novidade também no comando técnico: Alberto Malesani chega após livrar o Bologna do rebaixamento e deve colocar em prática o 4-3-1-2, que deu certo na Emília

Entre os que seguem no clube, Palacio, que marcou nove vezes e ainda cedeu oito assistências, é a o destaque. Mesmo com diversas especulações acerca de sua saída, o argentino é a principal esperança da torcida, que não decepcionou na última temporada e garantiu aos rossoblù a sexta melhor média de público da Serie A. Na reta final do mercado, o clube genovês ainda tentará fechar com Gilardino, que seria o grande reforço para a temporada, e o atacante que pode garantir ao clube os gols necessários para almejar algo mais que o meio da tabela. A vaga na Liga Europa via Serie A é objetivo do Genoa, mas o treinador Alberto Malesani garante que também não desprezará a disputa da Coppa Italia, onde estreou com difícil vitória sobre a Nocerina. (PS)

Inter
Cidade: Milão (Lombardia)
Estádio: Giuseppe Meazza (82995 lugares)
Em 2010-11: 2ª posição
O cara: Wesley Sneijder (meio-campista, foto)
A promessa: Davide Faraoni (ala)
O treinador: Gian Piero Gasperini (1ª temporada)
Principais reforços: Ricardo Álvarez (m, Vélez), Jonathan (ld, Cruzeiro) e Luc Castaignos (a, Feyenoord).
Principal perda: Samuel Eto’o (a, Anzhi)
O que falta: dois meio-campistas e dois atacantes, um deles, de nível mundial.
Objetivo: título
Time base (3-4-3): Júlio César; Ranocchia, Lúcio, Samuel; Maicon, Cambiasso, Sneijder, Zanetti; Pandev, Pazzini (Milito), Álvarez.

Indefinição. É esta a palavra que vem acompanhando a Inter desde a saída de José Mourinho, há pouco mais de um ano. No último mês, a palavra anda mais na boca dos interistas, primeiro porque Gian Piero Gasperini começou a treinar a equipe no 3-4-3, mesmo sem peças adaptadas ao esquema, o que provoca alguma instabilidade durante os jogos até hoje, principalmente quando o treinador realiza muitas mudanças táticas no decorrer das partidas, como costuma. Ainda competitiva, a Beneamata alternou boas com péssimas atuações na pré-temporada, o que acendeu o alarme laranja. Fato é que, faltando pouco mais de uma semana para o fechamento do mercado, a Inter perdeu Eto’o, um de seus craques, e precisa, segundo seu treinador, de pelo menos três reforços – quatro, caso o camaronês saia.

Nessa perspectiva, o lado nerazzurro de Milão larga atrás do Milan. Se já era uma equipe em formação quando ambos se enfrentaram na Supercoppa, os reforços que devem chegar nesta semana precisarão de ainda mais tempo de adaptação do que o restante do grupo, ainda pouco ambientado às ideias do novo treinador – lembrando que boa parte do time titular estava na Copa América e teve férias prolongadas. É natural que nas primeiras rodadas da Serie A a Inter oscile muito, mas se a falta de automatismo vier acompanhada de tropeços, a batata de Gasperini deve começar a assar e ele deve ser pressionado a mudar o esquema tático da equipe. Por enquanto, ele experimenta de tudo, em busca do time ideal: desde Sneijder como regista a Zanetti como zagueiro pela direita.

Mesmo com tantas indefinições, o maior trunfo da Inter é manter a mesma base há anos, o que significa que Júlio César, Lúcio, Maicon, Zanetti, Cambiasso, Sneijder e Pazzini/Milito ainda tem a mesma importância para o elenco. Entre as saídas desta temporada, a de Eto’o deve ser sentida enormemente, afinal, o atacante era um dos líderes do time, resolvia muitos jogos sozinho e marcou 37 gols na última temporada. Sua substituição, no entanto, deveria ser bem planejada e terá de ser feita às pressas. A renovação nerazzurra, no entanto, tem sido bem feita e, neste ponto, Gasperini, que trabalhou por quase uma década na base da Juve, é enfático: quer utilizar mais jovens. Para isto, aposta na boa pré-temporada de Castaignos (contratado antes de sua chegada), trouxe de volta o zagueiro Caldirola, que estava no Vitesse, da Holanda, e integrou os alas Faraoni e Crisetig, além do atacante Alibec, ao time principal. Álvarez e Jonathan, um pouco mais velhos, também se ambientaram bem e podem ajudar a dar gás a um time de veteranos que lutará para voltar a conquistar a Serie A. (NO)

Juventus
Cidade: Turim (Piemonte)
Estádio: Juventus Arena (41000 lugares)
Em 2010-11: 7ª colocação
O cara: Milos Krasic (ponta-direita)
A promessa: Manuel Giandonato (meio-campista)
O treinador: Antonio Conte (1ª temporada)
Principais reforços: Andrea Pirlo (m, Milan), Arturo Vidal (m, Bayer Leverkusen) e Mirko Vucinic (a, Roma)
Principal perda: Felipe Melo (v, Galatasaray)
O que falta: um zagueiro
Objetivo: vaga na Liga dos Campeões
Time base (4-4-2): Buffon; Lichtsteiner, Bonucci, Chiellini, Ziegler (De Ceglie); Krasic, Vidal, Pirlo, Marchisio; Matri, Vucinic.

Na Juventus, começa mais uma temporada de recuperação, depois do segundo sétimo lugar em duas temporadas. Em agosto passado, o objetivo era apagar a má impressão deixada na temporada 2009-10, quando o time conseguiu a classificação para os play-offs da Liga Europa apenas porque Inter e Roma, finalistas da Coppa Italia, jogariam a Liga dos Campeões. Desta vez, o vexame a ser esquecido é ainda maior: pela primeira vez em 20 anos os bianconeri estão de fora de uma competição europeia (excluindo da conta os dois primeiros anos pós-Calciopoli). Para tentar voltar a ser grande, a primeira ação da diretoria foi demitir Luigi Delneri, técnico da última campanha. Na hora de contratar um novo, no entanto, a ambição parou nas dificuldades do mercado e a torcida teve que se contentar com o nome de Antonio Conte.

O treinador chega com o status de ex-jogador e ídolo do clube e com o respaldo de dois bons trabalhos na Serie B, com Bari e Siena, que voltaram à elite mostrando um futebol bonito e ofensivo. Como o próprio técnico já afirmou, seu esquema preferido é o “4-2-4”, um 4-4-2 com alas que jogam bem avançados, explorando as jogadas pela linha de fundo. Para se adequar melhor ao estilo do novo comandante, a diretoria foi às compras e trouxe Pirlo, Pazienza, Ziegler, Lichtsteiner, Vidal e Vucinic. Nos últimos dias do mercado, o diretor esportivo Giuseppe Marotta ainda espera fechar com um zagueiro e, se possível, com mais um meia que jogue pela esquerda. O brasileiro Felipe Melo é um dos poucos que sai, mas nem pode ser considerado uma grande perda, uma vez que foi por desejo do clube. Até o fim do mercado, Marotta ainda deverá tentar encontrar destino para alguns jogadores que não entram nos planos, como Grosso e Grygera.

O principal reforço é o chileno Arturo Vidal, ex-jogador do Bayer Leverkusen. Aos 24 anos, o meio-campista fez uma boa temporada na Alemanha e tem idade para render bons frutos ao clube por alguns anos. Com muita força e posicionamento acima da média, deve fazer boa dupla com Pirlo, no miolo do meio de campo. Pirlo, aliás, é outra agradável novidade em Turim. Se conseguir recuperar o bom futebol de alguns anos atrás, o ex-milanista vai ser o meio-campista habilidoso e armador que há muito tempo a Juve não vê. Jogando uma vez por semana, como nesta temporada, tem tudo para render bem. Mas e nos próximos anos (ele tem três anos de contrato, ganhando um alto salário), o investimento valerá a pena? Mais à frente, Vucinic pode formar um forte ataque com Matri, saindo mais da área. Os problemas nas laterais devem ser resolvidos com a chegada dos bons Lichtsteiner e Ziegler. O foco completo para a Serie A deve ajudar o clube, que conta também com o trunfo de um novo estádio, que deve diversificar o acúmulo de renda. (RA)

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5 comentários

  • O italiano vaio ser lindo este ano times se reforçarão bem e meu MILAN ta com um elenco mt bom e não perdeu ninguém insubstituível mais podia ter trago um goleiro.Ha como fasso para ver o jogos do Italiano este ano?abç

    @j77marcossales

  • Todos os citados são promessas, também, mas temos de escolher apenas um. 🙂

    Quanto ao Pasquato, acho que ele terá poucas chances, até, apesar da ótima pré-temporada. O Ryder deve ter mais, mas uma eventual saída de Gilardino pode fazer com que ele sinta uma responsabilidade acima da média. Na defesa, o Nastasic tem mais estrutura pra se destacar, na minha opinião.

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