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Maior ídolo da Lazio, Giorgio Chinaglia foi parceiro de Pelé e Beckenbauer nos EUA

Controverso, brigão, dissimulado, mas acima de tudo um verdadeiro artilheiro. Ídolo na Lazio e eleito o melhor jogador da história do clube nas comemorações de seu centenário, mesmo tendo sido rebaixado como jogador e presidente. Seja por insanidade ou por autenticidade, Giorgio Chinaglia conseguiu deixar seu nome gravado na história do futebol mundial.

Nascido na Toscana, em 1947, Chinaglia não começou no futebol em seu país de origem. Ainda criança, seguiu seus pais, que foram trabalhar no País de Gales e cresceu na cidade de Cardiff. Por ter um bom porte físico, na adolescência fazia parte dos times de rugby e de futebol da escola, sempre enfrentando crianças de maior idade. Enquanto treinava na escola, trabalhava também como garçom ou auxiliar de cozinha no restaurante da família.

Foi na equipe escolar que Chinaglia foi descoberto por olheiros do Swansea, seu primeiro clube, em 1962. Em 1964 subiu para a equipe principal, onde jogou até 1966, quando trocou um clube da terceira divisão inglesa por um da terceira divisão italiana, o Massese. Um ano depois, transferiu-se para o Internapoli, também da Serie C, onde começou a marcar uma quantidade significativa de gols, mas não o suficiente para levar a equipe a Serie B.

A Lazio, que acabara de ser promovida a Serie A, viu no atacante trombador um futuro bomber e apostou na sua contratação. Na primeira temporada em Roma, quando a equipe laziale ficou na oitava posição da Serie A, Chinaglia se mostrou bastante útil e marcou 12 gols. No ano seguinte, o seu desempenho, assim como da equipe, caíram e os oito gols marcados não foram suficientes para evitar que a equipe fosse rebaixada.

Na divisão de acesso, Chinaglia reencontrou seu faro de gol e, dos 48 tentos marcados pela equipe, que terminou na 2ª posição, foi autor de 21, sagrando-se artilheiro isolado da competição. Suas atuações impressionaram o treinador da Nazionale, Ferruccio Valcareggi, que o convocou para defender a Squadra Azzurra. Em sua estreia, contra a Bulgária, em 1972, marcou um de seus quatro gols pela Nazionale.

Chinaglia foi ídolo máximo com a camisa laziale, e figura central no primeiro scudetto do clube (Interleaning)

A camisa azul da seleção fez muito bem e, com a azul celeste da Lazio, Chinaglia iniciou o melhor período de sua carreira na Itália. Comandada por Tommaso Maestrelli, a equipe surpreendeu e chegou à terceira colocação, inclusive com chances de conquistar o título até a última rodada, quando perdeu para o Napoli e acabou ficando atrás da campeã Juventus e do Milan. Chinalglia não tinha uma relação muito amistosa com o treinador, no começo, mas ganharam o respeito mútuo posteriormente. Assim, Chinaglia acabou virando símbolo da equipe.

A temporada de 1973 começou sem muitas esperanças para a equipe aquilotta, que parecia ter atingido seu auge na Serie A anterior, mas Chinaglia e companhia mostraram que o melhor ainda estava por vir. Com a defesa, comandada pelo xerifão Giuseppe Wilson, tendo entrado nos eixos, o artilheiro teve a tranquilidade para fazer o que sabe: gols. E fez muitos: 24. Na partida decisiva, contra o Foggia, Chinaglia marcou o tento mais importante da história da Lazio. Em cobrança ensaiada de falta, deu à equipe o seu primeiro scudetto. O torcedor da Lazio que gostava do atacante passou a amá-lo e o que não gostava teve de dar o braço a torcer.

O camisa nove foi convocado para a Copa de 1974, mas na partida contra o Haiti, xingou o treinador Valcareggi por ter sido substituído e esquentou o banco pelo resto da competição, na qual a Itália decepcionou e caiu fora na primeira fase. De volta da Alemanha Ocidental, os gols continuaram saindo e na temporada seguinte, como capitão da equipe celeste, balançou as redes 14 vezes.

O atacante percebeu que a equipe estava perdendo forças e seu modo de vida bon vivant começou a incomodar companheiros e comissão técnica. Ainda valorizado, Chinaglia entendeu que novos ares poderiam ser mais proveitosos do que continuar na capital italiana. Na época, o New York Cosmos, comprado pelo dono da Warner Brothers, Steve Ross, tentava introduzir o soccer na cultura norte-americana e tinha recursos de sobra para isso. Chinaglia foi a segunda grande estrela a chegar ao time, atrás de Pelé.

O camisa 9 foi um sucesso e cansou de marcar gols. Toda a equipe reclamava de seu individualismo, mas Chinaglia tinha o respaldo do treinador e, principalmente, do dono da equipe, para continuar atuando da mesma forma. Uma vez, Pelé disse que Chinaglia chutava e demais e, às vezes, sem ângulo algum para isso. O italiano respondeu “Eu sou Chinaglia, se eu chuto de algum lugar, é porque Chinaglia pode marcar daquele lugar”.

Beckenbauer, Pelé e Chinaglia, as estrelas do New York Cosmos (imago)

Quando a equipe contratou o Kaiser Franz Beckenbauer, Chinaglia ficou insatisfeito, pois seria o terceiro na linha de craques da equipe. Entretanto, mesmo não sendo tão querido pela equipe e até mesmo por uma parte da torcida, o atacante seguiu balançando as redes adversárias sem parar. Na história da Liga de Futebol Norte-Americana (NASL), Chinaglia teve a incrível marca de 193 gols em 213 jogos – 53 em 43 partidas de play-offs, decisivas. O italiano conquistou quatro títulos nacionais e foi artilheiro do torneio por cinco vezes. Em 1981, ainda foi eleito o melhor jogador do campeonato.

Depois de se aposentar, Chinaglia mostrou que como dirigente era um ótimo atacante. Foi dono de uma boa parte das ações do Cosmos mas, completamente incompetente no cargo, deixou o clube para o seu ex-sócio, Peppe Pinton – a NASL ia falindo e, com isso, o clube fechou junto com a liga, em 1985. Como presidente da Lazio, não conseguiu evitar o rebaixamento da equipe na temporada 1984-85 e, vivendo problemas econômicos, passou suas ações ao empresário Franco Chimenti. Além disso, foi alvo de investigações de extorsão com a equipe romana, um capítulo nebuloso em sua história.

Em março de 2012, foi internado na cidade de Naples, na Flórida, após sofrer um infarto. Quando se recuperava do episódio, faleceu no dia 1º de abril, vítima de mais um ataque.

Giorgio Chinaglia
Nascimento: 24 de janeiro de 1947, em Carrara, Itália
Morte: 1º de abril de 2012, em Naples, Estados Unidos
Posição: atacante Clubes como jogador: Swansea (1964-1966), Massese (1966-67), Internapoli (1967-69), Lazio (1969-76), New York Cosmos (1976-1983)
Títulos: Serie A (1973-74) e 4 Campeonatos Norte-Americanos (1977, 1978, 1980, 1982)
Seleção italiana: 14 partidas e 4 gols

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