Mercado

Há vida na periferia

Lodi fez excelente temporada, bombou na Internet e deve permanecer no Catania de Rolando Maran (Getty Images) 

Depois da análise do mercado dos sete primeiros colocados na última Serie A, trazemos o balanço das outras treze equipes que disputarão a Serie A 2012-13. Em um mercado de equipes mais modestas, circula menos dinheiro, é claro, mas algumas equipes estão longe de fazerem feio com o pouco dinheiro. Os destaques, até agora, são Parma e Fiorentina. Confira!

Parma
Uma das surpresas da temporada passada foi o Parma de Roberto Donadoni. O técnico, que chegou na 18ª rodada, mudou bastante o comportamento da confusa equipe antes treinada por Franco Colomba. No entanto, Giovinco foi o jogador que se sobressaiu. O pequenino meia-atacante fez de tudo: um dos melhores jogadores do campeonato, foi autor de 12 assistências e também foi o artilheiro dos crociati com 15 gols em 36 jogos. Como fazer nova temporada se a co-propriedade da Formiga Atômica foi negociada com a Juventus por 11 milhões de euros? Um mercado promissor, basta.
O Parma foi buscar Ninis no Panathinaikos apesar de uma Eurocopa 2012 fraquíssima do meia-atacante. Pietro Leonardi, diretor esportivo, acertou as aquisições de Belfodil, promissor atacante ex-Bologna e Lyon, e Pabón, ótimo prospecto do Atlético Nacional. Além deles, os crociati conseguiram o empréstimo do bom Parolo, antes Cesena. O retorno de Amauri – que pode ser saudável tanto para o jogador, quanto para o clube – faz com que Palladino seja carta fora do baralho. Uma troca pelo zagueiro Felipe é discutida. Depois de acertar com o volante Acquah, do Palermo, e o zagueiro Fideleff, do Napoli, a contratação para fechar o ciclo para a próxima época deve ser Rosi. O Parma precisa, mesmo, de mais um reforço para a defesa.
Bologna
O Bologna começa a temporada com três baixas consideráveis. O artilheiro, capitão e bandeira da equipe, Marco Di Vaio, foi para Impact Montreal, do Canadá; Gillet, um dos melhores goleiros da Serie A, assinou com o recém-promovido Torino; e o bom meio-campista Mudingayi foi emprestado à Inter. Para amenizar a situação, os rossoblù assinaram em definitivo com Diamanti e Acquafresca e acertaram a contratação do promissor Pasquato – negociado pela Juventus em co-propriedade com a Udinese e imediatamente emprestado ao Bologna.
O retorno de Viviano era especulado, mas a equipe ficou mesmo com Curci, por empréstimo, da Roma. Para a defesa, Roger Carvalho, do Genoa, e Natali, ex-Fiorentina, chegam para um setor que já tem Portanova, Morleo  e Antonsson. Na lateral direita, posição em que Sorensen não se firmou na temporada passada, chega outro juventino: Marco Motta. Para o meio-campo, Guarente chega emprestado pelo Sevilla para substituir Mudingayi, enquanto o uruguaio Abero, do Nacional, já foi contratado pensando em uma eventual venda de Ramírez – se ele não sair, o setor fica forte, com a dupla uruguaia e Diamanti. Se jogadores interessantes chegaram à Emilia-Romanha, a vaga de Di Vaio permanece sem dono. A contratação de um substituto depende da permanência ou saída de Ramírez e Taïder, avaliados por clubes grandes. Dizem até que o primeiro, avaliado em 25 milhões de euros, tem proposta da Inglaterra. 
Chievo
O técnico Domenico di Carlo poderia estar chateado com a falta de ambição por parte da diretoria. O retrospecto recente do treinador à frente do Chievo não foi o suficiente para a cúpula não negociar, novamente, jogadores importantes. Bradley, ótima contratação feita em 2011-12, saiu para a Roma, e Acerbi, revelação da última temporada, foi para o Milan. 
A zaga deve ser formada por Andreolli e Cesar, pois já estão entrosados. No entanto, o Chievo se mexeu e trouxe dois defensores do Vaslui: Papp e Farkas. O experiente Guana chegou para substituir Bradley na volância, enquanto Cofie e Stoian, boas promessas de Genoa e Roma, foram contratados para dar profundidade ao meio-campo. No setor, também chegou Rigoni, destaque e artilheiro do relegado Novara. Outra boa notícia é que Paloschi permanece em definitivo em Verona, enquanto o veterano Di Michele chega para dar mais opções ao ataque. Os gialloblù ainda precisam de laterais – um reserva para Frey e um titular na esquerda, no lugar de Jokic. O clube do Vêneto vai entrar na Serie A, como sempre, com o objetivo de não ser relegado à segunda divisão.
Catania
Já era fim de temporada 2011-12 quando, nas redes sociais, surgiu a hashtag #Lodi2012. Homenagem e referência ao camisa 10 do Catania, de ótimas atuações no campeonato. Os torcedores, por assim dizer, queriam que o meio-campista fosse convocado por Cesare Prandelli para a Euro 2012. Ele não jogou a competição, mas a equipe siciliana conseguiu segurar o atleta por algum tempo. Além de Lodi, Marchese parece, também, ter sido blindado. O lateral foi uma agradável surpresa e fez partidas exuberantes – como contra a Roma, por exemplo.
O clube se mexeu pouco até agora, muito por conta da saída do diretor técnico Pietro Lo Monaco para o Genoa. Caso Gómez seja vendido para alguma equipe, o dinheiro pode – e deve – ser usado para a contratação de um goleiro. Carrizo retornou de empréstimo a Lazio, e Andújar, antigo titular, saiu brigado do Catania em janeiro último – ainda pertence ao clube, mas deve ser negociado Por enquanto, Frison, ex-Vicenza, deve ser o titular da posição, já que é conhecido do novo técnico Rolando Maran. Ao blindar Barrientos e ao contratar Salifu, da Fiorentina, e Castro, do Racing, os etnei precisam investir no ataque. O contrato de Suazo se encerrou e Maxi López foi emprestado à Sampdoria. Somente Bergessio, além de Antenucci e Morimoto, que retornam, não são suficientes.
Atalanta
O principal feito da Atalanta neste primeiro mês de transferências foi segurar o atacante Denis. O artilheiro da equipe na temporada passada com 16 gols foi contratado em definitivo junto à Udinese. Outro fato que agrada os torcedores é que o time de Bérgamo não parece disposto a negociar jogadores importantes. A vontade dos atletas em permanecerem também ajuda: no caso de Cigarini, o volante, emprestado pelo Napoli, recusou-se a ser vendido para Milan, Fiorentina e Rubin Kazan e retornou a Atalanta. O baixinho argentino Maxi Morález é outro que nem foi sondado e vai permanecer sob comando de Stefano Colantuono.
Por outro lado, a pergunta deve ser feita: o que será dos jovens da Atalanta? As especulações envolvendo os nomes de Schelotto e Bonaventura pararam, mas Gabbiadini segue projetado como novo reforço do Bologna, financiado e emprestado pela Juventus. O Independiente, recentemente, cedeu dois jogadores aos nerazzurri: Parra chega para substituir Tiribocchi e Matheu será reserva na zaga. Outra chegada é a do bom lateral  esquerdo Brivio, do Lecce, já pensando em uma possível saída de Peluso, sondado por Roma e Milan. Até o fechamento do mercado, a Atalanta precisa acertar a contratação de peças de reposição.
Fiorentina
O início de temporada da Fiorentina tem sido mais “quem vem?” do que “ufa, ele veio!”.  No entanto, se o clube tem feito pouco barulho, as contratações são pontuais e tem tudo para dar certo nas mãos de Vincenzo Montella, novo técnico. As caras novas são muitas, já que a equipe está em processo de renovação. Em primeiro lugar, saiu um time inteiro: Boruc, Gamberini, Kroldrup, Natali, Gulan, Behrami, De Silvestri, Montolivo, Kharja, Marchionni e Amauri. As reposições são, praticamente, de jogadores promissores, que devem ser comandados pelo também jovem Jovetic. Mesmo com o assédio da Juventus, dificilmente o montenegrino deixará a equipe – e, se o fizer, será por 30 milhões de euros ou um bom valor e uma série de jogadores como contrapartida.

Para 2012-13, as principais contratações até o momento são Viviano, goleiro de seleção italiana emprestado pelo Palermo (ele é, também torcedor do clube), Roncaglia, zagueiro do Boca Juniors finalista da Libertadores e Cuadrado, meio-campista que fez ótima campanha pelo Lecce, que chega via Udinese. Além dos dois, a viola também acertou com El Hamdaoui, atacante do Ajax, e Mati Fernandez, meia chileno que jogava no Sporting. Para o meio-campo, também chega Della Rocca, do Palermo. O clube também deve seguir apostando em jovens, como o atacante Seferovic, que retorna de empréstimo ao Lecce, e o zagueiro egípcio Hegazy, que está disputando os Jogos Olímpicos por sua seleção. 

Siena
Quando uma equipe intermediária vai muito bem no ano, geralmente todas os outros clubes cobiçam seus jogadores. Com o Siena, isso só aconteceu com Mattia Destro. O jovem, que marcou 12 gols na última temporada, foi sondado por Milan, Juventus, Paris Saint-Germain… e assinou com a Roma. Esta foi a única baixa considerável do time de Serse Cosmi, substituto do treinador Giuseppe Sannino – podemos, também, colocar as vendas de Gazzi ao Torino e Rossettini ao Cagliari como importantes, mas as chegadas de Valiani e Paci já as repuseram.
O técnico queria um substituto de renome para Destro. Nos treinamentos, Bogdani e Larrondo têm formado o ataque titular – equipe também conta com Calaiò. Mas Cosmi desejava Pippo Inzaghi. O comandante ex-Lecce lamentou a escolha do atacante, que decidiu parar de jogar e vai treinar o sub-16 do Milan. No ataque, também não há ainda um substituto a Brienza, outro jogador importante na última campanha, que deixou o clube rumo ao Palermo. No restante das posições, as chegadas do goleiro Campagnolo, dos zagueiros Dellafiore e Paci, do lateral Rubin e dos meias Coppola e Valiani são modestas e dão apenas profundidade ao fraco plantel.
Cagliari
O Cagliari vai tentando, aos poucos, se ajeitar em solo nacional. Não tem sido fácil ficar sem Massimiliano Allegri no comando técnico do time, desde que saiu há três temporadas. Massimo Cellino optou por deixar Ficcadenti no cargo por mais um ano. O treinador recebeu Rossettini, do Siena, Danilo Avelar, do Karpaty, e Camilleri, do Reggina. No entanto, as permanências foram as melhores jogadaas até agora: Dessena, Thiago Ribeiro e Pinilla fecharam em definitivo, após empréstimo e Astori rejeitou 15 milhões de euros do Spartak Moscou para ficar na Sardenha. 
Os rossoblù já devem ter encerrado o mercado de chegadas, já que apenas três jogadores saíram – o zagueiro Canini, para o Genoa, o lateral Agostini, em fim de contrato, e o atacante El Kabir, que não convenceu e retornou ao Mjällby, da Suécia – e suas posições foram preenchidas pelos que chegaram. As grandes expectativas estão no ataque, que contam com os retornos dos promissores Ragatzu e, principalmente, Sau, vice-artilheiro da última Serie B, jogando pela Juve Stabia. O que pode ajudar o Cagliari nesta temporada é a inauguração da Karalis Arena, nova casa rossoblù. A venda dos carnês para a época ajudou, por exemplo, a Juventus na temporada passada a bancar algumas transferências.
Palermo
O primeiro passo de uma reestruturação do Palermo foi dado fora de campo. O presidente Maurizio Zamparini recuou e disse que vai deixar Giuseppe Sannino, ex-Siena, trabalhar em paz – é bom lembrar que o mandatário mudou o técnico da equipe em três oportunidades somente na última temporada. Ele quer uma nova era na Sicília, e sabe que não pode ser o chefão temperamental de sempre.
Na equipe, algumas mudanças importantes: 1) os goleiros Viviano e Tzorvas não impressionaram e Ujkani, de boa temporada pelo rebaixado Novara, foi contratado; 2) Palermo precisa de um goleador e não sabe se Miccoli irá permanecer. Logo, o clube rosanero trouxe Dybala,  jovem avançado que causou grande furor no futebol argentino, jogando pelo Instituto. Também chegaram Brienza, homem de confiança de Sannino e Arévalo Ríos, candidato a substituto de Migliaccio, de saída, como cão de guarda no meio-campo. Outros nomes que chegam para dar profundidade ao elenco são Morganella (Novara) e Viola (Reggina). O Palermo ainda precisa investir na contratação de um zagueiro que substitua Silvestre, emprestado à Inter, e de um meio-campista de qualidade para o 4-4-2 tradicional do bom técnico Giuseppe Sannino, ex-Siena.
Genoa
Acostumado a comprar jogadores a atacado em cada mercado de verão, o Genoa está um pouco mais contido até agora. A principal contratação feita pelos rossoblù foi fora de campo: Pietro Lo Monaco, antigo diretor esportivo do Catania, agora está trabalhando no clube de Genôva. Até o momento, a janela não tem sido muito favorável ao clube que perdeu Palacio para a Inter e Miguel Veloso para a Rússia.
Para fazer caixa, Acquafresca e Papastathopoulos foram negociados em definitivo com Bologna e Werder Bremen, respectivamente, enquanto o clube ganha uma parte das vendas de Acerbi ao Milan, Tachtsidis e Destro à Roma, além de Boakye à Juventus. Reforços certos somente do meio-campo para trás: os zagueiros Von Bergen, do Cesena, e Canini, do Cagliari; os volantes Anselmo (São Caetano) e Bertolacci (Roma) e o meia Tozsér, do Genk.  Em princípio, o técnico Luigi di Canio deve conceder mais chances a Zé Eduardo e Immobile, goleador do Pescara na última Serie B. Ainda há muita indefinição nas ações do clube, já que Gilardino e Granqvist podem sair e abrir espaços para as chegadas de nomes como Borriello.
Pescara
O ataque campeão da Serie B foi totalmente desmantelado: Genoa ficou com Immobile em co-propriedade com a Juventus, Insigne voltou ao Napoli e Sansovini foi negociado com o Spezia. Verratti, chamado de Baby Pirlo, foi vendido por 15 milhões de euros ao Paris Saint-Germain. O responsável por Verratti se tornar objeto de cobiça na Europa foi o técnico Zdenek Zeman, que fez com que o garoto jogasse em posição mais recuada. O treinador também foi embora do clube do Adriático. Ao menos, permaneceram Capuano e Romagnoli, outros nomes importantes no esquema.
É bem provável que o 4-3-3 da última época continue sob comando do professor Giovanni Stroppa, discípulo de Zeman. O técnico já tem dois de seus atacantes: Abbruscato, artilheiro do Vicenza, e Caprari, ex-Roma que assinou em definitivo após boas atuações na segunda divisão. Chegam também Colucci, do Cesena; Bjarnason, do Standard Liège; e Quinteros, do Envigado. Com a premissa de fugir do rebaixamento, a diretoria ainda procura fechar com um goleiro (Carrizo), um lateral (Crescenzi), um meia (Weiss ou Birsa) e um atacante (Floccari ou Kozák).
Torino
Após três anos fora da Serie A, o Torino retorna à elite com uma boa campanha na segundona. Gian Piero Ventura formou uma equipe competitiva postada no 4-4-2 de rápida transição ofensiva. Para isso, Basha e Iori, os volantes foram essenciais na trajetória do vice da Serie B. No entanto, um deles já foi embora: Iori retornou ao Chievo. Além dele, outros três titulares saíram do clube: os contratos do goleiro Benussi e do lateral-esquerdo Parisi acabaram, e o atacante Antenucci retornou ao Catania.
Por outro lado, quem disse que os times ascendentes ficam com as sobras da temporada passada? O Torino foi às compras e tirou Gillet do Bologna, um dos melhores goleiros da liga. O meia Brighi deixou a Atalanta para jogar em Turim. Santana, meia-atacante de muita experiência, chega para dar sua contribuição, assim como o lateral direito Ferronetti, ex-Udinese, e o voante Gazzi, ex-Siena. Migliorini, jovem zagueiro do Chieti, foi contratado, mas deve ser emprestado. A grande contratação, até agora, é a de Sansone, um dos principais artilheiros da última Serie B pelo Sassuolo. Ao lado de Bianchi, pode fazer uma ótima dupla. O Toro ainda pode trazer Jansson, forte e talentoso zagueiro do Malmö, e o habilidoso meia Ljajic, da Fiorentina.
Sampdoria
A Sampdoria foi uma das três equipes que conseguiu o acesso para jogar a Serie A em 2012-13. O time na segunda divisão não era ruim; pelo contrário, aliás. Ciro Ferrara, ex-treinador da sub-21 italiana, pode mudar pouquíssimo o time deixado por Iachini com Romero; Rispoli, Gastaldello, Rossini, Costa; Munari, Obiang, Renan; Foggia; Pozzi e Éder. O único titular que saiu foi Foggia, que volta de empréstimo a Lazio. No entanto, a Doria contratou Maxi López para fazer o tridente do 4-3-3 preferido de Ferrara. Além disso, De Silvestri chega para disputar vaga com o ofensivo lateral Rispoli. O sonho bluecerchiati era trazer Pazzini, mas o salário de Pazzo é alto demais.
A Sampdoria está fazendo um mercado lnge de suntuoso, já que a integração de novos jogadores ao plantel passa pelas negociações de Poli e Palombo, os dois melhores atletas do time, que voltam de empréstimo à Inter e devem ser vendidos. O diretor esportivo Pasquale Sensibile diz que ambos não fazem parte do projeto do clube de Gênova: Palombo foi sondado por Torino, Palermo, Parma e Cagliari. Já Poli tem proposta de 6,5 milhões de euros do Napoli, mas a direção quer esperar mais um pouco e estudar mais ofertas, como a que pode chegar da Juventus, do Milan ou da própria Inter.
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