Serie A

1ª rodada: Começo pouco animador

Roma, de Nainggolan e Gervinho, foi o destaque de uma primeira rodada morna (Roma Forever)

Que saudades da Copa do Mundo! Ao menos em termos de número de gols, a maior competição do mundo pode causar inveja a esta primeira rodada da Serie A, avarenta em número de gols (apenas 17, pouquíssimo), boas partidas e atuações desconcertantes. Esperamos melhoras, quando as equipes começaram a se entrosar, mas não tivemos uma primeira rodada muito animadora.

Na estreia do campeonato (do qual sentimos falta, sim, vai), os destaque maior foi a Roma, que deu boas mostras contra a forte Fiorentina de que é candidata a algo mais neste ano. Em seguida, o Milan, que bateu a grande rival romanista, a Lazio, por um placar clássico, e mostrou bom futebol, afastando momentaneamente incertezas causadas pela pré-temporada e por um mercado modesto. Inzaghi estreou com o pé direito, assim como a Juventus, que jogou para o gasto e conquistou três pontos. Boa também a estreia da Udinese de Stramaccioni e Di Natale, um time que pode incomodar os grandes. Saiba quais foram os principais acontecimentos da rodada em nosso resumo.

Roma 2-0 Fiorentina
Sob os olhares do antigo ídolo Taddei, que viu a partida no meio da torcida, na Curva Sud, a Roma estreou bem no campeonato, dando um aviso à Juventus, que também venceu. Com pelo menos 60-70 minutos de ótimo futebol, o time da casa foi soberano na partida, criou chances, manteve posse de bola no ataque e obrigou a Fiorentina (uma equipe que joga com a bola nos pés) a ter apenas 43% de posse, o desempenho mais baixo desde 2012. No primeiro tempo, a Roma chegou a ter 70% do tempo com a bola nos pés, um número impressionante. Sem Cuadrado e Rossi e com um Borja Valero abaixo da forma ideal, a Fiorentina sofreu e só teve chances de marcar gols porque a Roma não matou o jogo quando podia.


Em um primeiro tempo muito bom, a Roma teve algumas oportunidades, principalmente com Iturbe (que estreou bem e mostrou bom entrosamento com Gervinho), mas só chegou ao gol depois que o jovem Brillante falhou e deu uma bola a Nainggolan. O belga avançou e aproveitou um rebote para abrir o placar. Dali para frente, com Totti, Pjanic e Gervinho, a Roma perdeu várias chances. E a Fiorentina acordou, aos 17 do segundo tempo, quando Ilicic bateu falta e De Sanctis desviou – contando com a ajuda da trave. Manolas, substituto de Benatia, deu lugar a Keita (e a De Rossi na zaga), e a Roma tentou manter o jogo como queria, mas contando também com as boas defesas de seu goleiro. No final, em contra-ataque, Gervinho fechou o placar. (Nelson Oliveira)

Milan 3-1 Lazio

Se as coisas mudaram no Milan, ainda é cedo para dizer. Mas,
a julgar pela primeira rodada, dá para afirmar que sim. Afinal, não se esperava
tanto dos rossoneri após final de temporada conturbado e a patética pré-temporada
nos Estados Unidos, mesmo tendo vencido o troféu Luigi Berlusconi. A saída de
Balotelli e a chegada de Torres pode favorecer o time que, sem uma “estrela”,
precisa ser mais voluntarioso e aguerrido, tal como foi seu treinador, Pippo Inzaghi.
Ante a Lazio, o Milan não foi um primor em qualidade, mas
mostrou-se muito mais organizado e sem depender de uma peça, que nem sempre
fazia o que dele se esperava. Diego López, Alex e Ménez estrearam bem, El
Shaarawy foi o grande destaque do jogo e Honda enfim apresentou um pouco do bom futebol. Todos os fatores juntos
serviram para fazer 3 a 1, sem contestações, mesmo dando algumas oportunidades
para a Lazio marcar mais gols – após o gol contra de Alex, Candreva ainda perdeu pênalti, bem defendido por Diego López. Na Lazio, estreias discretas e um time que ainda pode e
deve melhorar, com os bons reforços. Honda, Muntari e Ménez marcaram os gols do Milan.
(Caio Dellagiustina)
Genoa 1-2 Napoli
Depois do fracasso da eliminação ainda na fase preliminar da
Liga dos Campeões, uma boa campanha na Serie A tornou-se uma obrigação para o Napoli. E,
mesmo com muita dificuldade e um gol nos acréscimos do segundo tempo, do
estreante De Guzmán, os partenopei conseguiram bater o Genoa e somar os três primeiros
pontos.

A vitória napolitana aparentaria ser mais fácil, com o gol
marcado por Callejón logo aos três minutos, após belo cruzamento de Higuaín – curiosamente, o espanhol também marcou o primeiro gol azzurro em 2013-14.
Mas, Pinilla após ter feito Rafael trabalhar em duas oportunidades, igualou o
marcador, com uma cabeçada certeira, deixando os genoveses vivos na partida. Na segunda etapa, as duas equipes
reclamaram de penalidades não assinaladas, mas foi o Napoli quem conseguiu a
vitória. Perin segurou o quanto pode, mas já nos instantes finais, De Guzmán
apareceu sozinho na área, dominou e só teve o trabalho de empurrar para as
redes. (CD)

Chievo 0-1 Juventus
Estreando fora de casa, a tricampeã Juventus não teve problemas para passar pelo reformulado Chievo de Corini. Sem muitos titulares, entre os quais Llorente, Pirlo, Barzagli e Chiellini, a Juve fez seu gol logo nos primeiros minutos de jogo e praticamente administrou o resultado, criando uma série de outras chances no primeiro tempo. Os destaques da partida foram Lichtsteiner e o garoto Coman, francês de apenas 18 anos contratado junto ao PSG e estreando como titular. Buffon, com uma boa defesa, também foi bem.

Logo aos seis minutos, Tévez bateu escanteio e Cáceres cabeceou, aproveitando falha do goleiro Bardi. A bola tocou em Biraghi e, assim como na Copa do Mundo, um gol contra inaugurou os trabalhos. Ainda no primeiro tempo, Coman deu uma grande movimentação à Juve, escalada por Allegri no 3-5-1-1. O jogo poderia ter acabado com uma goleada, já que a Velha Senhora acertou a trave por três vezes. No segundo tempo, a partida ficou mais lenta e mais igual, e Maxi López poderia ter empatado, não fosse Buffon. Estreia regular e três pontos na sacola para a equipe de Turim. (NO)

Torino 0-0 Inter
Um time demasiadamente recuado, outro com dificuldades para criar linhas de passes e furar bloqueios defensivos. O resultado só poderia ser o 0 a 0, embora a arbitragem tenha tomado decisões bastantes questionáveis. O Torino esteve soberbo defensivamente, ocupando todos os espaços desde sua intermediária. Já a Inter teve as mesmas dificuldades do ano passado com Mazzarri, incapaz de acionar seus alas, criar espaços e, consequentemente, chutar a gol. Em termos de resultado, não foi uma boa estreia para ambos. Para a Inter, ainda se registra a perda de Vidic para o próximo jogo – o sérvio foi expulso no último minuto por aplaudir ironicamente a arbitragem. 

A despeito do chute de fora da área de M’Vila logo no primeiro minuto, foram 20 minutos até alguém criar uma chance real. E foi através de bola parada, quando Doveri assinalou pênalti inexistente de Vidic em Quagliarella. Na cobrança, Handanovic defendeu com o joelho a cobrança de Larrondo. E nada mudou: a Inter seguiu com ampla porcentagem de posse de bola e o dobro de passes trocados, e o Torino seguiu em busca de um contra-ataque. Se a defesa do time de Turim não deu espaços, a de Milão matou todos os contragolpes do time da casa. Já na segunda etapa, a Inter só esboçou melhora quando Osvaldo, mesmo com um problema muscular, entrou no lugar de M’Vila e Mazzarri sacou o 3-4-2-1 com Medel-M’Vila no meio-campo para um 3-4-1-2 com Hernanes-Medel e Kovacic atrás da dupla Icardi-Osvaldo, que tem mostrado entrosamento. O ítalo-argentino ainda chutou ao gol uma vez, em chance criada por Hernanes, que também fez Padelli defender outro chute. Pouco. E um chato 0 a 0 no Olímpico. (Arthur Barcelos)

Udinese 2-0 Empoli
Os friulanos não poderiam desejar melhor início de temporada. Depois dos 5 a 1 na Ternana pela Coppa Italia, vitória sólida na estreia pela Serie A. E sempre com Di Natale, o que mostra duas coisas: ‘Totò’ ainda poderá dar alegrias no reformado Friuli, mas o time já não pode depender do artilheiro de 36 anos, que deve ter menos minutos em campo na sua última temporada. O bom começo dá tranquilidade a Stramaccioni, que ainda deu minutos para Muriel (titular), Fernandes e Kone, as esperanças de menos dependência pelo eterno camisa 10, e também mostra confiança nos brasileiros Allan (o melhor em campo) e Guilherme, peças-chave no seu time. Para o Empoli, um resultado aceitável. É um time organizado, mas modesto e terá que suar sangue para garantir a salvezza. 

Menos minutos, menos gols para Di Natale? Talvez, mas o oportunismo e inteligência seguem os mesmos. Depois de primeiro tempo equilibrado em Údine, mas sem muitas chances claras de gol, o time da casa voltou com fome de gol. Foram três chutes seguidos, mas apenas 12 minutos depois do intervalo o placar foi aberto. Di Natale tabelou com Muriel e chutou colocado. Cinco minutos depois, então, o bom Laurini, melhor lateral-direito das últimas duas Serie B, cometeu erro clamoroso ao dar passe para trás e ‘Totò’, que ainda voltava da jogada anterior, ser esperto, dominar e marcar sua primeira doppietta no campeonato. (AB)

Palermo 1-1 Sampdoria
Foi bastante frustrante para seu torcedor o retorno à primeira divisão
do Palermo. Com os três pontos em mãos, vencendo por 1 a 0 desde o
sétimo minuto do primeiro tempo, o clube rosanero cedeu o gol de empate à
Sampdoria aos 46 do segundo tempo. Heroico o time genovês, que teve
Regini expulso ainda aos 41 do primeiro tempo. Um fruto positivo para o
time da casa foi a apresentação de destaque do atacante Paulo Dybala,
argentino de 20 anos, que fez seu quarto gol na Serie A, o terceiro
contra a Samp, contra a qual fez sua estreia no campeonato italiano há
dois anos, realizando uma doppietta.

Contra uma de suas
ex-equipes, o técnico Giuseppe Iachini armou muito bem seu Palermo, que
se propôs a jogar fechado e a contra-atacar em busca do gol. Deu certo
em todo o primeiro tempo, inclusive no lance do gol, no qual Barreto
lançou Dybala com um passe que encobriu o trio de
zaga blucerchiato, colocando o argentino cara a cara com Viviano,
estreando pela Samp, e ele não perdoou. Com um homem a mais, o Palermo
decidiu administrar o resultado, já que conseguia se fechar bem na
defesa. Mas o bloqueio foi furado nos instantes finais. Depois de muita
insistência, De Silvestri desviou de cabeça uma cobrança de escanteio na
direção de Gastaldello, que dentro da área, livre, chutou forte e
empatou. (Thiéres Rabelo)

Sassuolo 1-1 Cagliari
Frente a frente mestre e pupilo na Emilia, quando o Sassuolo de Eusebio
Di Francesco recebeu o Cagliari de Zdeněk Zeman. Di Francesco foi
treinado por Zeman quando vestiu a camisa da Roma, entre 1997 e 2001, e
atribui o estilo de jogo que usa ao treinador tcheco. E as duas equipes
ofensivas, ambas dispostas em 4-3-3, proporcionaram um jogo bastante
movimentado, com mais de 20 finalizações. Contudo, prevaleceu o empate
de 1 a 1, em uma divertida partida.

Aquele que talvez
seja um dos melhores trios de ataque da Itália infernizou a defesa do
Cagliari durante todo o primeiro tempo. As tramas de Sansone, Berardi e do
recém-convocado para a Nazionale Zaza eram de dar gosto. Mas a meta
sarda só foi ser superada aos 42, com um gol extraordinário. Berardi
cruzou da direita para a grande área, onde Zaza, se desvencilhando da
zaga mal postada, acertou um “sem pulo” espetacular de esquerda, no
ângulo esquerdo de Colombi. Absolutamente indefensável. Mas apenas um
minuto depois veio o empate dos rossoblù, quando Balzano, que entrou no
jogo aos 24 do primeiro tempo, fez jogada individual pela ponta direita e
cruzou rasteiro para a pequena área, onde Sau emendou de direita, à
queima-roupa, sem chances para Pomini. (TR)

Cesena 1-0 Parma
De volta à Serie A após dois anos, o Cesena estreou com boa vitória sobre o superior Parma e deu um pouco de esperança para os torcedores, já acostumados com o rebaixamento. O triunfo na primeira rodada entra para a história do clube: nunca antes a equipe havia vencido no jogo de estreia na elite. O espanhol Rodríguez foi o autor do gol histórico, mas o promissor goleiro Leali e o meia Cascione foram os principais destaques do time, com defesas importantíssimas e grande poder de organização pelo centro. 

Do lado do Parma, a desilusão por ter perdido a vaga para a Liga Europa na Justiça parece não ter passado ainda e durante boa parte do tempo foi um time sem motivação que esteve em campo. A equipe de Donadoni não conseguia conter os avanços pelos lados do Cesena e no primeiro tempo agrediu pouco. Só na segunda etapa melhorou no jogo e passou a ameaçar, mas sempre esbarrando nas boas defesas de Leali. O trabalho deve ser intenso para que os crociati repitam a boa campanha da última temporada. (Rodrigo Antonelli)

Atalanta 0-0 Verona
Dois times de bom futebol e campanhas
surpreendentes na última temporada, Atalanta e Hellas Verona começaram o
campeonato 2014-15 sem a mesma pegada que no último ano. Mesmo com a
manutenção das principais peças – Moralez, Bonaventura (negociado no dia seguinte com o Milan) e Denis -, a
Atalanta não conseguiu fazer boa partida diante de sua torcida e foi
dominada pelos visitantes em grande parte do tempo. Do outro lado, o
Verona sentiu as perdas de Rômulo e Iturbe, principais jogadores da
última campanha, e mostrou futebol lento e burocrático, contrastando com
a velocidade do ano passado.  

Mesmo assim, a equipe visitante foi
melhor e criou as principais chances de gol do jogo. Em um primeiro
tempo que a Atalanta apenas assistiu, o Verona teve chances com Jankovic
e Toni, mas esbarrou na boa atuação do jovem goleiro Sportiello.
Os donos da casa só melhoraram na segunda etapa e igualaram o jogo, mas
sem chegar com muito perigo nenhuma vez. O 0 a 0 justo do placar mostrou
duas equipes que ainda precisam evoluir muito, principalmente
fisicamente. (RA)

Confira estatísticas, escalações, artilharia, além da classificação do campeonato, aqui.

Seleção da rodada
De Sanctis (Roma); Lichtsteiner (Juventus), Gastaldello (Sampdoria), Zapata (Milan); Allan (Udinese), Coman (Juventus), Nainggolan (Roma), Mertens (Napoli); Zaza (Sassuolo), Di Natale (Udinese), El Shaarawy (Milan). Técnico: Rudi Garcia (Roma).

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