Serie A

A festa dos pequenos

A festa do Carpi, estreante na elite do futebol italiano (Eurosport)

42 rodadas, 462 jogos e nove meses depois, chegamos ao fim da Serie B. Ou quase. A bola ainda rolará por play-offs e play-out, que decidirão o terceiro a subir para a elite do futebol italiano e o quarto a ser rebaixado para a terceira divisão.

No topo da tabela, a surpresa Carpi tirou o pé do acelerador nas últimas rodadas, mas ainda assim se consagrou o campeão da segundona com quatro rodadas de antecipação, o que já estava bem definido desde o último post no blog. E a verdade é que os falconi pouco se importam com recordes. A inédita promoção para a Serie A é o grande orgulho, feito incrível para o clube emiliano, fundado em 1909 e refundado em 2000, que na temporada passada estreava na B com campanha segura.

Outra surpresa é o também modesto Frosinone. Se o Latina não conseguiu na temporada passada, os canarini representarão a região do Lácio juntamente com os times da Cidade Eterna, Lazio e Roma. É um feito e tanto, já que, dentre todos os times da região, somente os dois times romanos haviam jogado na elite. Para o incômodo do falastrão Claudio Lotito – presidente da Lazio e braço direito do presidente da FIGC, Carlo Tavecchio –, o clube, fundado em 1912 e refundado duas vezes, em 1959 e 1990, conquistou a inédita ida para a primeira divisão justamente no ano de seu retorno para a segunda, da qual havia sido rebaixado em 2011. Aliás, foi apenas a sexta participação dos gialloblù na segundona.

O acesso do Frosinone foi uma grande reviravolta que aconteceu nesta temporada, já que o time chegou a liderar e estar sempre próximo do Carpi, porém caiu de rendimento no meio do campeonato. O que apenas serviu como um gás a mais para se recuperar e superar equipes badaladas e garantir o segundo posto e a promoção com antecipação.

Apesar das muito comemoradas promoções pra Serie A, difícil acreditar que Carpi e Frosinone, de investimentos baixos e estádios acanhados, possam manter essa “vibe” na primeira divisão. O mais provável é que os times acabem seguindo os caminhos de Cesena, Livorno e Pescara das últimas três temporadas, ou até mesmo campanhas à Ancona e Messina, que chegaram perto de atingir recorde negativo de pontos na Serie A. Por enquanto, não custa sonhar.

Se Carpi e Frosinone são estreantes na elite, entre os outros seis postulantes à terceira vaga, somente uma equipe ainda não jogou a Serie A da forma que ela é constituída: o Spezia. Vicenza, Bologna, Perugia, Pescara e Avellino já disputaram a competição e sonham com o retorno.

Soddimo, do Frosisone, festeja o acesso (Ansa)

Como exemplo da fraqueza desta Serie B – ou da grandiosidade dos pequenos e magros –, o Vicenza, convidado a disputar a competição pelos problemas financeiros de Siena, Novara, Lecce e Reggina, surgiu das cinzas para fazer boa campanha e garantir seu lugar para o play-off. Antes na segunda posição, os lanerossi empataram mais do que deveriam e foram ultrapassados na arrancada do Frosinone. Ainda assim, o terceiro lugar é bastante significativo e os vênetos têm vantagem no play-off. A equipe aguarda o vencedor do duelo entre Perugia e Pescara.

Sempre vacilante desde as primeiras rodadas, o Bologna teve queda de desempenho, o que resultou até mesmo troca do técnico Diego López por Delio Rossi. Ainda assim, o time fez o bastante para um quarto lugar tranquilo e a vaga na semifinal do play-off, à espera de Spezia ou Avellino. Se tem um momento em que o caro elenco deve recompensar o investimento, esse momento é agora.

Em franca ascensão a partir de nosso último texto, o Spezia engatou sequência de sete jogos de invencibilidade, vencendo cinco vezes, superando Livorno, Perugia e ameaçando o Bologna. O clube lígue, que já teve sua história contada aqui, vem empolgado para o play-off e superou suas últimas campanhas na segunda divisão.

Grata surpresa no início da temporada, o Perugia passou por momento de irregularidade, o que era até esperado, mas se manteve firme na briga por um lugar no play-off e, inclusive, igualou a invencibilidade do Carpi de 13 jogos, faltando apenas um empurrão para encostar em Frosinone, Vicenza e Bologna. Sem perder desde o dia 3 de março, a equipe umbra conta ainda com a experiência de seu elenco para o decisivo play-off.

Com quatro das seis vagas para o play-off já garantidas, restavam apenas duas, e seguindo o roteiro típico da Serie B, elas vieram com muita emoção para Pescara e Avellino. Os delfini aceleraram o passo nas últimas rodadas, voltaram a tropeçar, mas venceram com autoridade o Livorno, justamente um concorrente para as últimas vagas, no Adriatico. Em posição confortável antes, o Avellino seguiu a queda de rendimento, mas graças às duas vitórias contra o Livorno, empatado com os toscanos em vitórias, empates e derrotas, está no play-off.

Pescara e Avellino são os azarões do dia 26 contra os favoritos Perugia e Spezia, que têm plenas condições de complicar Vicenza e Bologna nos dias 29 e 2. As finais do play-off acontecerão nos dias 5 e 9. Paralelamente à correria dessa fase, com apenas três dias entre os jogos, o play-out será disputado nos dias 30 e 6 entre Modena e Entella.

Depois de boa campanha na temporada passada, o Modena, assim como vários outros, a exemplo de Trapani, Latina, Lanciano e Crotone, caiu consideravelmente nesse ano e o terrível fim de campeonato levou o clube para o play-out, onde enfrentará o Entella. O clube estreante tem boas chances de voltar para a terceira divisão e dar uma de ioiô.

Entre play-off e play-out, houve lugar para os decepcionantes Livorno, Bari e Catania, acompanhados de Trapani, Ternana, Latina, Lanciano, Pro Vercelli e Crotone – esses dois últimos garantiram lugar no meio da tabela já nas rodadas finais, superando o Modena. Abaixo, o Cittadella volta a cair depois de sete anos de Serie B, algo que já vinha sendo desenhado nesta década. A queda foi o fim de uma era, e significou a saída de Claudio Foscarini, treinador do time principal há dez anos e desde 2003 no clube.

Junto com o clube vêneto, caíram Brescia e Varese, com rebaixamentos definidos há algum tempo. Coincidência ou não, ambos punidos com perda de seis e quatro pontos, respectivamente. Os simpáticos rondinelle até tiveram campanha de meio de tabela – sem a punição, teriam ocupado a primeira posição acima do play-out -, mas não conseguiram evitar um duro rebaixamento para a terceira divisão, que não disputava desde 1985. Desde então, o time tradicional da Lombardia sempre transitou entre as séries A e B. Com problemas financeiros, terá de se reerguer.

Classificação da Serie B aqui; principais estatísticas aqui.

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