Morata marca pela Juventus outra vez na Champions: amor especial pelo torneio (AP)

Por Anderson Moura

 

Se na primeira rodada da Liga dos Campeões ambas as equipes italianas tiveram motivos para se orgulhar, a segunda rodada apresentou uma dicotomia entre Roma e Juventus. Antes de a bola rolar, era plausível apostar na vitória dos dois italianos, mas a Roma segue com sua rotina de fazer grandes jogos contra os gigantes e entregar pontos contra os adversários mais fracos.

A história de um grande amor
Quem conhece o hino da Juventus pode achar que estamos nos referindo a um de seus trechos para falar sobre a segunda vitória da equipe bianconera, mas o romance aqui é outro: Morata e Liga dos Campeões estão se amando como um casal de adolescentes.

A Juve recebeu um Sevilla extremamente desfalcado – nove jogadores entregues ao departamento médico, inclusive Llorente, ex-atacante bianconero – e fez muito bem o seu dever de casa. Allegri tinha um problema para resolver no lado direito da equipe, sem Lichtsteiner (que corre o risco de encerrar a carreira por um problema cardíaco) e Cáceres (que bateu sua Ferrari quando dirigia embriagado e sofreu punição disciplinar). Uma saída seria improvisar Padoin na lateral, mas o treinador preferiu usar o bom e velho 3-5-2, deixando Cuadrado livre, leve e solto pela direita. Funcionou.

Aos 20 minutos, o colombiano perdeu uma chance imperdoável, mas a fluidez do time era cristalina. A lentidão de Hernanes e Khedira pode ser um ponto fraco da equipe contra adversários mais intensos, mas não causou muitos problemas contra os espanhóis. Até porque, além da eletricidade do já citado Cuadrado, Pogba também teve movimentação frequente.

Mesmo sem muita posse de bola, a Juventus foi sólida e chutou muito: 24 vezes. E quando o nervosismo pelo não aproveitamento dessas chances começava a se instaurar timidamente, Morata mandou de cabeça para o gol, igualando a marca de Del Piero de, pela Juve, balançar as redes em cinco partidas seguidas de Champions League (o espanhol marcou nos dois jogos da semifinal contra o Real Madrid, na final contra o Barcelona, na primeira rodada contra o Manchester City e contra o Sevilla). E para fechar o placar, um gol de Zaza, que veio do banco de reservas.

Por falar em banco, as mexidas de Allegri foram interessantes. Além da entrada do autor do segundo gol, o técnico deu a chance do bom zagueiro Rugani curtir seus primeiros minutinhos de Liga dos Campeões e colocou também Alex Sandro, para vislumbrar como o brasileiro se sairia em um esquema em que possa atuar como ala, e não como lateral.

O renascimento do 3-5-2 não agrada a alguns torcedores da Juventus, mas pode ser uma saída momentânea para o momento conturbado que a equipe vive na Serie A. Barzagli, Bonucci e Chiellini não precisam de nenhum tipo de adaptação, Hernanes não precisaria se preocupar excessivamente com a proteção e Cuadrado teria um corredor para chamar de seu.

A rodada só não foi perfeita para ‘La Vecchia Signora’ porque na Alemanha o Manchester City arrancou uma vitória aos 45 minutos do segundo tempo. Tivesse ficado no 1 a 1 com o Borussia Mönchengladbach, a Juventus poderia ter ficado em situação ainda mais confortável. Mas depois de um começo tão ruim no italiano, duas vitórias europeias já são motivos suficientes para comemorar, principalmente pelo bom futebol do segundo jogo. 

 

Garcia questionado: perder para o BATE Borisov não fazia parte dos planos da Roma (AP)

Vexame ou infelicidade?
A equipe da capital italiana foi até
Borisov, em Belarus, e carregava nas malas uma boa dose de favoritismo,
mas o primeiro tempo foi para se esquecer. No primeiro gol, marcado por
Stacevich, o romanista mais inocente pode alegar que sobrou sorte aos
donos da casa já que o gol saiu após uma jogada à ‘samba do crioulo
doido’. Mas a verdade é que a no começo da jogada a defesa giallorossa
foi completamente envolvida pela rápida troca de passes do BATE, e
posteriormente o mal posicionamento nas sobras custou caro.

No
segundo gol, Szczesny tentou se antecipar a um cruzamento, Mladenovic
percebeu a movimentação precipitada do goleiro e arriscou um chute
fortuito. Já no 3 a 0, uuma jogada que conta muito mais com o mérito do
BATE e outro gol do lateral Mladenovic. Mas mesmo que não tenha havido
um erro gritante da Roma nesse terceiro tento, é importante analisar
como a defesa romana estava completamente exposta pelo seu lado direito,
um ponto muito elogiado na primeira partida contra o Barcelona.
Florenzi e Manolas, que haviam conseguido anular Neymar e Jordi Alba,
estavam em uma sintonia completamente diferente. Além disso, a
recomposição dos homens de frente ao sistema defensivo foi confusa e
desorganizada. No primeiro e no segundo gols, Salah acompanha de muito
longe a movimentação adversária – Pjanic então, nem se fala. No
terceiro, quem chega atrasado no mesmo setor é Gervinho.

É
evidente que com tantas coisas a acertar os olhares recaiam sobre Rudi
Garcia, mas a seu favor o treinador francês tem a mudança da equipe no
segundo tempo. Com um resultado tão desfavorável e surpreendente, é
natural que os pontos fracos sejam mais sublinhados que as virtudes, mas
a Roma fez bons 45 minutos finais, com ótimo volume de jogo. Os gols de
Gervinho e Torosidis, que deixaram o placar final em 3 a 2 para os
donos da casa, são uma mostra da qualidade da equipe, mas qualidade não
vale de muita coisa se não houver organização. É nisso que Rudi Garcia
precisa trabalhar se quiser bater o Bayer Leverkusen nos confrontos
decisivos dessa fase. Tecnicamente os dois times se equivalem, mas o
trabalho de Roger Schmidt na questão de dar unidade ao seu grupo é
melhor. Na Roma, os mecanismos ainda não estão azeitados. É um diagrama
bem desenhado, mas mal executado. Após a derrota inesperada contra o
BATE, a Roma precisará mudar isto se quiser seguir em frente na LC.

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