Coppa Italia

Coppa Italia: ficou entre gigantes e um azarão

Jovetic fez golaço e ajudou a Inter a quebrar tabu de quase 20 anos contra o Napoli (Gazzetta.it)

Depois de três jogos nesta semana e outra na passada, chegamos nas semifinais da Coppa Italia. Ao contrário do roteiro dos últimos anos, com uma grande surpresa e um grande clássico do futebol italiano. Serão, também dois duelos que colocam de frente equipes da Lombardia e do Piemonte, regiões ricas e vizinhas do norte do país.

De um lado da chave, o lombardo Milan enfrentará o Alessandria, clube piemontês da Lega Pro, que vem jogando na competição desde a primeira fase, e que eliminou seis equipes, incluindo Palermo e Genoa. Nas quartas, superou outra surpresa, o Spezia, da Serie B, que passara por Frosinone e Roma. Atualmente vice-líder do Grupo A da terceira divisão e nas oitavas da copa da sua liga – que, inclusive, teve partida adiada por causa dos inesperados avanços -, os grigi, por causa do característico uniforme cinza, são a primeira equipe da terceirona em mais de três décadas a chegar nas semifinais. Agora, a equipe da qual contamos a história nesta semana, será um pequeno diante dos três gigantes do futebol italiano.

Treinado por Angelo Gregucci, ex-Lazio e auxiliar de Roberto Mancini no Manchester City, o Alessandria conta com experientes jogadores, como o capitão e zagueiro Santiago Morero e o atacante Antimo Iunco, ex-Chievo, além do volante brasileiro Adriano Mezavilla, ex-Noroeste e Juve Stabia. Também conta com jogadores criados em grandes clubes, a exemplo do faz-tudo pela direita Ferdinando Vitofrancesco, da base do Milan, o meio-campista Gianluca Nicco e os atacantes Filippo Boniperti, neto do mítico Giampiero Boniperti, e Manuel Fischnaller, da base da Juventus.

A grande estrela do time, porém, é um ex-Inter, que até pouco tempo atrás ainda detinha seus direitos esportivos, cedidos ao próprio Alessandria por 270 mil euros, em julho de 2015: Riccardo Bocalon, Artilheiro do time na liga, foi decisivo nas últimas classificações na copa, em especial contra o Spezia. Com gol de pênalti do veterano Calaiò no primeiro tempo, os rivais venciam até os 83 minutos, quando o camisa 9 empatou e depois virou aos 91, já nos acréscimos.

Por sua vez, o Milan, que, 10º colocado na última Serie A, teve que jogar desde a terceira fase, superando sem dificuldades o Perugia, mas sofrendo para passar pelo Crotone, ambos da Serie B, e batendo a Sampdoria nas oitavas. Nas quartas, em San Siro, recebeu o Carpi, dominando o primeiro tempo e construindo a vitória com belo gol de letra de  Bacca, aos 14 minutos, e Niang, novamente com Bacca, protagonista com cruzamento de trivela antes da finalização do francês. Com arrancada de Lasagna e gol de Mancosu aos 50, os visitantes esboçaram reação, mas o time de Mihajlovic manteve o placar. Contra o Alessandria, os rossoneri têm uma boa oportunidade de chegar à final e de poder ganhar um título, que não chega desde o scudetto de 2010-11. A equipe, caso vença, dará fim ao jejum de treze anos sem vencer a Coppa Italia, conquistada na última vez que chegou ao jogo decisivo, em 2004.

Festa alessandrina foi grande, e agora equipe disputa títulos com gigantes (Radio Gold)

Do outro lado da chave, nada mais, nada menos que o Derby d’Italia. Juventus e Inter não se enfrentam na copa há seis anos, desde as quartas de 2009-10, quando os nerazzurri venceram em casa com gol decisivo de Balotelli, aos 44 do segundo tempo. O reencontro acontecerá graças às vitórias sobre Lazio e Napoli, respectivamente, e deve inflamar a rivalidade, porque, além da proximidade na tabela da Serie A, o jogo de volta será quatro dias antes da 27ª rodada, justamente o Derby d’Italia do returno da liga, em Turim.

Para chegar nas semifinais pela primeira vez desde 2012-13, a Inter passou sem dificuldades pelo Cagliari nas oitavas, mas com muito suor pelo Napoli nas quartas. Há quase vinte anos a Inter não vencia no San Paolo nos 90 minutos, sem esquecer da vitória nos pênaltis em 2010-11, quando justamente ganhou seu último título, desde então acumulando seguidas eliminações para os anfitriões na competição. Vitória real, mesmo, acontecera pela última vez na Serie A, em 1997.

Em partida muito disputada, com o Napoli mais perigoso no ataque e a Inter alternando a posse de bola e tentativas de contra-ataques, prevaleceram as defesas, ambas muito bem. Até que Medel recuperou a bola no campo de ataque e Jovetic teve campo aberto para avançar e contar com o desmarque de Palacio, que puxou a marcação para abrir espaço. Assim, o montenegrino chutou colocado no canto de Reina. A reação napolitana poderia vir com Higuaín, que entrou somente no segundo tempo, mas o argentino esbarrou na defesa interista. O golpe final veio nos acréscimos, quando Jovetic lançou Ljajic em contra-ataque desde o próprio campo. O sérvio correu com a bola mais de 50 metros antes de ampliar para a Inter-ic.

Nota infeliz para o episódio protagonizado por Mancini e Sarri, que resultou em punição de dois jogos para o treinador do Napoli, a ser cumprida na Coppa Italia, e em multa de 5 mil euros para o da Inter. O napolitano ofendeu o nerazzurro com palavras homofóbicas, e esse reclamou publicamente dos xingamentos, apesar das desculpas do outro.

Já a Juventus jogou outro dérbi nas oitavas, quando goleou o Torino por 4 a 0, durante a sequência de vitórias bianconera que parece não ter fim. Nas quartas, foi até o Olímpico de Roma enfrentar a Lazio. Jogo morno no primeiro tempo, sem chances de gol, mas segundo tempo dominado pelo time de Allegri. A Velha Senhora viu Zaza perder gol incrível e depois Lichtsteiner aproveitar rebote de outro chute do próprio Zaza e, com muito preciosismo, marcar o único gol da partida. O jogo ainda teve uma Lazio super ofensiva no final, mas estéril contra a defesa juventina.

As datas para as partidas já estão marcadas, mas poderão sofrer mudança por um empecilho. Da maneira pré-definida, Alessandria e Milan jogam a ida no Olímpico de Turim – o modesto Giuseppe Moccagatta dos grigi é muito pequeno – na terça-feira 26, enquanto Juventus e Inter jogam novamente em Turim, no Juventus Stadium, na quarta-feira 27. Na volta, nos dias 1º e 2 de março, dois jogos em 48 horas no gramado de San Siro, o que não é recomendado, especialmente no inverno. Sem falar na questão logística de ter dois jogos seguidos em Turim. Aguardaremos novidades.

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