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Tomáš Skuhravý é o maior artilheiro do Genoa na Serie A

Em sua história, o futebol italiano criou uma tradição de atacantes que sabiam os caminhos da grande área. A Serie A sempre foi um campeonato muito tático, no qual muitas vezes a força física e o senso de posicionamento de um atacante essencialmente finalizador, com os pés ou a cabeça, se faziam fundamentais para decidir partidas truncadas. Nesse contexto, um dos bons centroavantes que atuaram na Bota foi Tomáš Skuhravý, que atuou no Genoa durante quase seis anos.

Nascido na antiga Checoslováquia, Skuhravý despontava desde cedo como um bom valor para o futebol do país. Notado aos 15 anos pelo maior clube da república, o Sparta Praga, o atacante estreou profissionalmente em 1982 e, ao todo, atuou sete anos pelos rudí – com um período de dois anos de empréstimo, entre 1984 e 1986, ao RH Cheb. A partir de 1985 ele começou a vestir a camisa da seleção nacional e foi convocado para a Copa do Mundo de 1990, que seria disputada na Itália.

No Belpaese, Skuhravý despontou. Sorteada no Grupo A, ao lado da anfitriã e de Estados Unidos e Áustria, a Checoslováquia buscava o segundo lugar na chave. Na estreia, com dois do centroavante, os europeus despacharam os EUA com um 5 a 1 e, na partida seguinte, a vitória contra os austríacos garantiu a classificação eslava – a Itália saiu vitoriosa no confronto direto da última rodada e ficou com a liderança.

O bomber checoslovaco aportou na Itália após a Copa de 1990 e, em cinco anos, incomodou as melhores defesas da Itália (imago)

Skuhravý voltou a aparecer no mata-mata: marcou três vezes nas oitavas, no 4 a 1 contra a Costa Rica, mas passou em branco na fase seguinte e viu sua seleção cair por um magro 1 a 0, eliminada pela futura campeã, a Alemanha Ocidental. Com cinco gols, o centroavante foi vice-artilheiro da competição, atrás do italiano Salvatore Schillaci (6), e nem saiu da Itália. Impressionado com suas atuações, o presidente do Genoa, Aldo Spinelli, investiu para tirá-lo do Sparta Praga e fazer de sua contratação a mais impactante da equipe, que retornara à elite em 1989.

O jogador checoslovaco – que, a partir de 1992, assumiu a nacionalidade checa, com a divisão do país – foi uma contratação certeira e se tornou um dos grandes destaques da equipe na primeira metade da década de 1990. Para começar, chegava cercado de boas credenciais: ainda estava perto de completar 25 anos (ou seja, tinha lenha para queimar), havia se consagrado em uma grande competição e, para os supersticiosos de plantão, o fato de ter nascido no mesmo dia em que o Genoa foi fundado (7 de setembro) era sinal de bons presságios.

O checo era um atacante de muita força, presença de área e forte no jogo aéreo – por causa disso, logo ganhou o apelido de “Fisico”. Ao longo dos anos e principalmente na gestão do técnico Osvaldo Bagnoli, Skuhravý foi utilizado como uma das principais armas do time genovês. Bagnoli, que havia conquistado a Serie A em 1985 com o Verona, gostava de montar o setor ofensivo com um jogador veloz e de mais intensidade fazendo parceria com um centroavante físico. No time veronês essas peças foram Giuseppe Galderisi e Preben Elkjaer Larsen, enquanto em Gênova ele utilizou o uruguaio Carlos Alberto Aguilera e o próprio Skuhravý.

Skuhravý foi fundamental na campanha do Genoa na Copa Uefa (imago)

A temporada de estreia do treinador e da dupla, em 1990-91, foi um verdadeiro sucesso: a excelente campanha do Grifone foi concluída com a 4ª posição e uma inédita classificação à Copa Uefa. Skuhravý marcou gols de todas as formas, e não obstante parecesse gordinho, era bastante ágil – inclusive, ficou conhecido pelas piruetas que fazia nas comemorações dos gols. O bomber foi o artilheiro do time juntamente com Aguilera (ambos com 15 gols) e acabou sendo eleito o melhor jogador checoslovaco de 1991.

Na disputa da Copa Uefa, no ano seguinte, o forte atacante do Leste Europeu fez apenas dois gols, mas ambos fundamentais: o primeiro deles foi contra o Oviedo, aos 89 minutos de jogo, e definiu a classificação dos rossoblù na primeira fase da competição. O Genoa perdeu a partida de ida por 1 a 0 e, mesmo vencendo no Marassi por 2 a 1, ia sendo eliminado por causa do gol fora de casa. Naquela campanha, os grifoni ainda eliminaram os poderosos Steaua Bucareste e Liverpool, campeões europeus anos antes, e só caíram nas semifinais, diante do Ajax de Louis van Gaal.

Bagnoli e Aguilera deixaram Gênova ao fim da histórica campanha continental e a equipe rossoblù passou a ter mais dificuldades. Remanescente e estrela da companhia, Skuhravý tentava manter seu time vivo e ainda marcava gols (foram 10 em 1992-93, 9 em 1993-94 e 12 em 1994-95), mas não conseguiu evitar a queda dos genoveses para a Serie B, em 1995.

Apesar de sua dedicação, Skuhravý amargou rebaixamento com o Genoa, em meados da década de 1990 (Allsport)

A equipe disputou o spareggio contra o Padova e o checo marcou o gol que levou a decisão para os pênaltis. Skuhravý também converteu sua cobrança, mas um erro do zagueiro Fabio Galante afundou a equipe, que só retornaria à primeira divisão 12 anos depois. Apesar do esforço vão, o atacante permaneceu para a disputa da segundona e só foi cedido, em janeiro de 1996, porque o clube não tinha condições de arcar com seu salário.

Depois de deixar a Ligúria, o checo teve passagens esquecíveis por Sporting e Viktoria Žižkov, clubes pelos quais mal jogou. Fora de forma e sem vontade de prosseguir como atleta, Skuhravý preferiu se aposentar. Até hoje Skuhravý é o maior artilheiro da história do Genoa na Serie A, com 57 gols marcados em 163 partidas.

Sem compromissos com o futebol, o checo voltou à região em que virou rei: foi morar em Varazze, uma tranquila cidadezinha litorânea próxima a Gênova, onde abriu um restaurante. Skuhravý também já foi comentarista de uma rede de televisão local e hoje ajuda a formar jovens jogadores na Ischia Isolaverde, pequena equipe sediada em uma das ilhas pertencentes à província de Nápoles.

Tomáš Skuhravý
Nascimento: 7 de setembro de 1955, em Český Brod, República Checa (antiga Checoslováquia)
Posição: centroavante
Clubes como jogador: Sparta Praga (1982-84 e 1986-90), RH Cheb (1984-86), Genoa (1990-95), Sporting (1996) e Viktoria Žižkov (1996-97)
Títulos conquistados: Campeonato Checoslovaco (1984, 1987, 1988, 1989 e 1990) e Copa da Checoslováquia (1984, 1988 e 1989)
Seleção checoslovaca: 43 jogos e 13 gols
Seleção checa: 6 jogos e 3 gols

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