Seleção italiana

Um novo recomeço

Em estreia difícil contra a poderosa França, Ventura mostra que pretende dar mais espaço aos jovens, mas vê que terá muito trabalho pela frente 

Começou com derrota o trabalho de Gian Piero Ventura no comando da seleção italiana, mas não há porque fazer alarde. O revés contra a atual vice-campeã europeia, com time já montado e entrosado há tempos, é natural. Ainda mais se lembrarmos que a França não é uma visitante agradável para a Itália: há 54 anos os Bleus não perdem para a Azzurra em território italiano. Com mais entrosamento e forma física visivelmente melhor, o time de Deschamps soube aproveitar as chances e ter equilíbrio para fazer 3 a 1 justo no placar. 

Sem tempo para treinar (foram só três dias com seus selecionados), Ventura não fez grandes mudanças em relação ao time que Antonio Conte formou e mandou a campo uma equipe no 3-5-2, com praticamente as mesmas peças que terminaram a Euro, em julho. No primeiro tempo, os mandantes se portaram bem e, com muita intensidade, foram até melhores do que a França. Candreva, Parolo e De Rossi foram consistentes no meio, enquanto Éder e Pellè deram trabalho no ataque – foi em jogada entre os dois que saiu o gol italiano na partida.

A defesa, por outro lado, se mostrou desatenta sem o comando de Bonucci (desfalque pois seu filho passou por cirurgia recentemente), melhor zagueiro da Itália na atualidade, e viu Chiellini falhar nos dois primeiros gols da França. O primeiro erro deixou Martial sozinho para abrir o placar e, no segundo, Giroud aproveitou para fazer 2 x 1. Astori não foi de todo mal, mas não conseguiu repetir a importante função de Bonucci também na saída de bola. Assim, a França conseguia recuperar a bola com mais facilidade. 

Olhando para o futuro

No segundo tempo, Ventura aproveitou para testar opções antes de sua estreia em um jogo de Eliminatórias e começou a fazer alterações. As entradas do goleiro Donnarumma – o mais jovem da história a defender o gol da Azzurra, aos 17 anos -, Rugani, Verratti e Belotti mostram uma preocupação importante em rejuvenescer a equipe, talvez principal motivo para que Ventura fosse escolhido para o cargo. Por onde passou, ele soube aproveitar as promessas e ajudou a lançar jogadores como Ranocchia, Bonnucci, Glik, Cerci, Darmian e Immobile. 

As mudanças deram rodagem para esses jogadores, mas deixaram a equipe menos organizada e efetiva. Apesar de correr atrás e tentar encurralar a França, o aproveitamento em chutes não foi bom. Nada que tempo de conhecimento e mais treinos não consigam resolver. Bonaventura, aliás, é outro problema para Ventura resolver. Jovem promessa e jogador que torcedores e imprensa pediram na equipe desde a Euro, ele não foi nada bem. Os Bleus souberam se defender sem sofrer no segundo tempo e ainda conseguiram sair para o jogo no momento certo e ampliar o placar para 3 x 1, com Kurzawa. 

Ao fim do jogo, Chiellini reconheceu seus erros em campo, mas disse acreditar no trabalho de Ventura. “Ele deixou uma boa impressão em todos nós”, avaliou. Ventura relembrou que teve pouco tempo para trabalhar até agora, mas prometeu uma grande Itália contra Israel, segunda-feira, pela estreia nas Eliminatórias da Copa de 2018, em Haifa. Além da já importante ausência de Bonucci, o técnico agora terá que se virar também sem Barzagli e De Rossi, que saíram machucados. Se servir de consolo, a lista de grandes treindores que tiveram início difícil na Nazionale é extensa: Cesare Prandelli, Roberto Donadoni, Vittorio Pozzo, por exemplo, também estrearam com derrota.

ITÁLIA 1 X 3 FRANÇA

ITÁLIA: Buffon; Barzagli, Astori, Chiellini; Candreva, Parolo, De Rossi, Bonaventura, De Sciglio; Éder e Pellè. Técnico: Gian Piero Ventura.

FRANÇA: Mandanda Sidibe, Varane, Koscielny, Kurzawa, Pogba, Kanté, Matuidi, Griezmann, Giroud, Martial. Técnico: Didier Deschamps.

Gols: Martial (16); Pellè (21) Giroud (28); e Kurzawa (80)

Local: Estádio San Nicola, em Bari (Itália)

Árbitro: Kuipers (Holanda)

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1 Comentário

  • Logo que divulgado o nome do substituto de Conte, eu fiquei muito desanimado, pois Ventura nao tem histórico Internacional nem títulos expressivos em clubes. Infelizmente eu digo: a Itália será um fracasso sempre que encarar seleções de medio ou grande porte. A começar de ontem, quando vimos uma azzurra desnorteada e sem qualquer poder de fogo ou armação. Ontem recordei muito a campanha italiana nas copas de 2010/2014, quando foi eliminada logo na primeira fase. Jogadores tem, mas nao tem treinador à altura. Espero que não, mas talvez esse pesadelo se repita em 2018.

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