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Por que Lucas Pratto não deu certo na Itália?

Não há dúvidas de que Lucas Pratto é um dos maiores atacantes que passaram pelo Campeonato Brasileiro desde o início da disputa do torneio no sistema de pontos corridos. O atacante já fez mais de 100 jogos com a camisa do Atlético-MG e, por suas excelentes atuações e seus 42 gols anotados em dois anos de Galo, ganhou vaga na seleção da Argentina – e não só, já que chegou a colocar Sergio Agüero e Gonzalo Higuaín no banco contra a Colômbia. Apesar disso, na melhor chance que teve no futebol europeu, El Oso não decolou: pelo contrário, foi quase um fantasma no Genoa.

Pratto foi revelado nas categorias de base do Boca Juniors, mas recebeu poucas chances pelos xeneizes. Emprestado para Tigre, Lyn (clube da Noruega), Unión de Santa Fe e Universidad Católica, foi somente no Chile que o atacante nascido em La Plata teve destaque. Após marcar 10 gols entre 2010 e 2011, o argentino chegou ao Genoa como um dos principais reforços para a Serie A 2011-12: os grifoni, que haviam terminado a competição na 10ª posição na temporada anterior, investiram nele e no brasileiro Zé Eduardo, pois ambos se destacavam no futebol da América do Sul naquele momento. Pratto, inclusive, era tido como jogador da mesma estirpe de Diego Milito.

El Oso chegou a Gênova logo no início da pré-temporada – o anúncio foi feito no dia 7 de julho e poucos dias depois ele ficou à disposição do treinador Alberto Malesani. O técnico veronês deu confiança rapidamente ao camisa 2 (sim, Pratto escolheu este insólito número), que estreou marcando um gol pelo Genoa, na vitória por 4 a 3 sobre a Nocerina, em partida válida pela Coppa Italia. O primeiro jogo do argentino na Serie A aconteceu na 2ª rodada, contra a Atalanta, mas ele não foi bem e só voltou a começar uma partida pela competição três meses depois, em dezembro. Neste meio tempo, fez outro gol na copa, diante do Bari.

Não foi um erro de avaliação do estilo de jogo ou da capacidade de Pratto que fez com que o argentino fosse relegado. Malesani sempre escalou El Oso com liberdade para se movimentar no ataque, cujo comando dividiu diversas vezes com o compatriota Rodrigo Palacio, em qualquer um dos esquemas utilizados pelos rossoblù na temporada – 4-4-2, 4-3-1-2 ou 3-5-2. No entanto, o jogador platense não fez valer seu porte físico, sua velocidade e seu 1,88m para tentar fazer a diferença.

Se El Trenza realizaria 19 gols na Serie A naquela temporada, Pratto balançou as redes apenas uma vez no torneio, em meados de dezembro. Na 16ª rodada do campeonato, o camisa 2 foi escalado como titular ao lado de Zé Love, graças à ausência de Palacio, e decidiu a partida contra o Bologna: foi o melhor em campo e participou da vitória com uma preciosa assistência para o gol de Marco Rossi e com um tiro certeiro de fora da área, que colocou o 2 a 1 no placar final.

Aquela acabou sendo a penúltima partida de Pratto pelo time do Marassi, já que Malesani foi demitido às vésperas do natal e o seu substituto, Pasquale Marino, o colocou na geladeira. Famoso por fazer negócios a atacado nas janelas de transferências, o presidente Enrico Preziosi atendeu aos pedidos de Marino e reforçou o ataque com Giuseppe Sculli e Alberto Gilardino (o último já havia sido sondado meses antes), que o treinador achava mais adaptáveis ao 4-3-3 e a seus conceitos táticos. Encostado, o jogador de La Plata passou todo o mês de janeiro sem ser utilizado, o que só aumentou sua insatisfação com a vida na Itália.

Em 8 de fevereiro de 2012, dias após o encerramento da janela europeia, o Vélez Sarsfield fez uma proposta ao Genoa para repatriar o atacante. O descontentamento de Pratto coincidiu com a conhecida impaciência de Preziosi com a adaptação dos reforços e sua falta de critério (a não ser o econômico) nos negócios, o que acelerou a transação. Após somente sete meses, 16 jogos e três gols, El Oso voltou à Argentina, cedido por um empréstimo avaliado em 500 mil euros e opção de compra por 3 milhões. Um valor inferior ao que o Grifone tinha pagado por Pratto: algo em torno de 4,5 milhões de dólares.

A volta a Buenos Aires não poderia ter feito melhor a Pratto, que foi um destaques da conquista do Campeonato Argentino pelo Vélez e acabou tendo sua contratação em definitivo solicitada pelo técnico Ricardo Gareca. A partir de 2013, o atacante começou a viver a melhor fase de sua carreira, se tornando ídolo para a torcida de El Fortín, com a conquista de títulos, prêmios individuais e muitos gols anotados – feitos que também acumula no Atlético-MG. Olhando para trás, não dá para não sublinhar que o Genoa perdeu um excelente atacante (ou, no mínimo, mais alguns milhões de euros) por impaciência e má gestão. Sorte da massa atleticana.

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