Serie A

Mudança de logo não fere história de uma Juve pioneira

Já lhe digo o seguinte: passado o bafafá da noite da última segunda-feira (16), a mudança do logotipo da Juventus não ofende a história do clube, tampouco o futebol. Também vou além: a alteração do emblema, que será estampado na camisa bianconera a partir de 2017-18 (conforme foi confirmado pelo jornalista Antonio Corsa), é uma tentativa de tornar a marca ainda maior. O futuro chegou e a diretoria tenta dar um passo inédito no esporte.

A Juve demorou dois anos para lançar o emblema que foi execrado no local imaculado da zoeira. Óbvio que a Internet (como se fosse uma entidade) detestou e falou mal. Nada fora do comum para usuários que comentam títulos ou veem imagens e tentam analisar de forma superficial. Feio, bonito ou transgressor, a Senhora atingiu um dos objetivos: foi notada – e como foi….

Ao substituir Jean-Claude Blanc em 2010, o presidente Andrea Agnelli queria colocar a Juventus no que chamou de “nova era”. O evento “Black and White and More” teve um quê de pioneirismo. O novo escudo bianconero em nada se assemelha aos esquemas e tradições do futebol. A Juventus, claro, vai explorar a novidade ao máximo. A linha de produtos, por exemplo, será expandida. O logo minimalista tende a globalizar e aumentar o poder de venda de roupas casuais. A Senhora não quer comercializar futebol; ela quer entregar um estilo de vida.

Dizer que é para honrar uma tradição significa que este hábito nunca pode ser alterado. Num mercado extremamente competitivo, a Juventus quer se transformar numa marca mundialmente conhecida. A proposta é ser apenas J – uma jogada para reconhecimento imediato como nos casos do F branco, do Facebook, do G, do Google, do NY, do Yankees, e o icônico da Nike.

O eterno ídolo Giovanni Agnelli dizia que ficava emocionado sempre que via a letra J nas manchetes dos jornais porque imediatamente pensava no clube que presidiu nas décadas de 1940 e 50. Se o logo foi a mudança mais brusca, a marca era representada em outros lugares: JStadium, JMuseum, JHotel, e nos centros JMedical e treinamento JVillage.

Vou sentir saudade do touro no emblema, mas estou de acordo com a proposta de vanguarda. Ainda mais porque o animal só apareceu pra ficar no escudo do clube durante os anos 90. Desde 1929 foi um vai e volta do brasão de Turim e da zebra. Os pontos de referência sempre tinham sido o próprio brasão da cidade e as listras verticais. Poxa, teve até a cor azul, em alguns momentos, como forma de homenagear o aviador Francesco de Pinedo.

Por aqui, a dúvida que permanece é como adentrar neste pântano jamais visitado. Real Madrid, Manchester United e Barcelona globalizaram as marcas sem a necessidade de alterar os respectivos escudos. A Juventus é a diferente, e benefícios ou desvantagens só serão conhecidos daqui alguns anos.

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Publicado originalmente em janeiro de 2017 no ESPN FC.

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