Liga dos Campeões

Conexão Brasil-Argentina aproxima Juve da final europeia

Higuaín estava devendo no mata-mata, mas contou com a ajuda de Daniel Alves para decidir (LaPresse)

Grande parte das análises que precederam o primeiro jogo das semifinais da Liga dos Campeões entre Monaco e Juventus destacava o confronto entre a jovem joia Mbappé e o lendário Buffon, quase 21 anos mais velho. Pois bem, a revelação francesa deu mesmo algum trabalho a Super Gigi, mas Higuaín e Daniel Alves roubaram a cena no estádio Louis II e deixaram a Velha Senhora muito perto de sua segunda final europeia em três temporadas.

À primeira vista, Allegri parecia apostar em um esquema tático mais cauteloso nesta quarta, uma vez que escalou Barzagli como lateral direito e espetou Daniel Alves como meia de seu 4-2-3-1, colocando Cuadrado no banco. Com a dupla marcação sobre Sidibé e Lemar, a Juve acabaria por neutralizar um dos grandes pontos fortes dos monegascos, que não assustaram pelo setor. Ao mesmo tempo, porém, o treinador juventino tinha como carta na manga utilizar exatamente o flanco direito como principal setor para saída de bola de sua equipe: com Dani Alves avançado, prendia Sidibé e, nos contra-ataques, agredia. Foi assim que a Juventus controlou o jogou e chegou aos dois gols.

O primeiro deles, aos 29 da etapa inicial, começou ainda no campo de defesa. Marchisio lançou Dybala em média distância e o argentino desestabilizou a defesa do Monaco com um passe de primeira, de letra. Em velocidade, Daniel Alves e Higuaín trocaram passes, até que o brasileiro ajeitou de calcanhar, outra vez quebrando a marcação: o Pipita chegou batendo, da entrada da área, e não deu chances para o corte de Jemerson e para a defesa de Subasic. Após o intervalo, a doppietta, com mais uma participação de vigor e qualidade de Dani Alves: o brasileiro observou Higuaín nas costas da defesa e lançou para que o companheiro se antecipasse ao goleiro croata para anotar.

Parece pouco, mas a Juventus ainda teve duas ótimas chances no setor com Marchisio, mas as desperdiçou. Implacável, a Velha Senhora controlou o jogo com muita segurança, graças ao habitual muro formado por Barzagli, Bonucci e Chiellini, com a ajuda de Alex Sandro e Daniel Alves e até mesmo de Pjanic. Fabinho foi constrangido a errar muitos passes e o improvisado Dirar pouco contribuiu para ajudar Bernardo Silva no lado direito. Mbappé deu muito trabalho à defesa juventina com sua movimentação, mas teve poucas oportunidades de finalizar.

Nesta quarta, o time bianconero ainda pode celebrar números positivos. A começar pelos de Higuaín, que finalmente foi decisivo e encerrou um jejum de gols em jogos eliminatórios da Champions League – eram sete sem marcar. No mesmo dia em que superou Roberto Carlos e se tornou o brasileiro com mais partidas na competição (142), Daniel Alves também sagrou-se o jogador com mais oportunidades decisivas criadas na edição 2016-17 (27). E, se a defesa continua praticamente impenetrável (sofreu somente dois gols nesta UCL), o seu líder, Buffon, alcançou os 100 jogos no torneio.

Super Gigi comemorou com estilo. Começou fazendo uma defesaça sobre Mbappé, na única chance real que o prodígio francês teve de marcar. Buffon ainda foi soberano no mano a mano contra o próprio Mbappé e Falcao García, fez outra defesa sobre o colombiano e guardou o melhor para o final. Já nos últimos minutos do jogo, colocou para escanteio uma cabeçada de Germain e fez o mundo se lembrar de sua defesaça ante Zidane, na final da Copa de 2006.

O Monaco de Leonardo Jardim é uma equipe excelente, mas dificilmente avançará à final da Liga dos Campeões. Afinal, a Juve desta temporada é uma máquina letal e tem a seu lado o retrospecto recente e o histórico: para começar, nunca perdeu uma eliminatória no torneio após vencer a partida de ida fora de casa. Além disso, há 109 jogos o time bianconero não perde por dois gols de diferença em seu estádio – o último a conseguir foi o Bayern Munique, em 2013. E, bem, se o Monaco conseguir o feito de, em um único jogo, vazar a defesa juventina mais do que em todo o restante da competição, merecerá mesmo classificar-se. Convenhamos, passar por cima disso tudo é muito improvável: Cardiff deverá receber um enorme Juventus-Real Madrid no dia 3 de junho.

Monaco 0-2 Juventus

Semifinais da Liga dos Campeões (ida)

Monaco: Subasic; Dirar, Glik, Jemerson, Sidibé; Bernardo Silva (Touré), Fabinho, Bakayoko (João Moutinho), Lemar (Germain); Mbappé, Falcao Garcia. Técnico: Leonardo Jardim.

Juventus: Buffon; Barzagli, Bonucci, Chiellini, Alex Sandro; Pjanic (Lemina), Marchisio (Rincón); Daniel Alves, Dybala, Mandzukic; Higuaín (Cuadrado). Técnico: Massmiliano Allegri.

Local: Estádio Louis II (Principado de Mônaco)

Árbitro: Antonio Mateu Lahoz (Espanha)
Gols: Higuaín (2)

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