Serie A

18ª rodada: a Juventus ensinou à Roma que agrado de ex é presente de grego

Pela primeira vez em muitos anos, o Campeonato Italiano teve jogos no fim de semana de Natal. Uma destas partidas, em especial, chamava a atenção: afinal, a vice-líder Juventus recebia a Roma, num confronto importante para a parte de cima da tabela. O histórico favorável levava a crer que a Velha Senhora seria favorita e não deu outra: embalada por Szczesny, Benatia e Pjanic, ex-atletas romanistas, a Juve venceu mais uma vez. Com isso, os bianconeri continuam perseguindo o Napoli do recordista Hamsík, agora com boa vantagem sobre Inter, Lazio e a própria Roma. Confira o resumo da rodada.

Juventus 1-0 Roma
Benatia

Tops: Benatia e Szczesny (Juventus) | Flops: Higuaín (Juventus) e El Shaarawy (Roma)

Isso que é lei do ex. Antes romanistas, os agora juventinos Szczesny, Benatia e Pjanic lideraram os bianconeri para a enésima vitória sobre os giallorossi em Turim, e só aumentaram uma série de números positivos da Juventus nos duelos contra a Roma, sua freguesa histórica. O triunfo também coroou a estratégia e o trabalho de Allegri: desde a derrota para a Sampdoria, há um mês, a Juve não perdeu mais e nem sofreu gols. Neste período, o grupo mostrou sua grandeza e superou uma sequência desgastante, chegando ao ponto de acumular oito partidas de invencibilidade, considerando todas as competições.

Mais uma vez sem Dybala, relegado ao banco, Allegri apostou novamente na superioridade física do seu grupo, guiado por uma estratégia ofensiva reativa e direta. Com a força de Khedira e Mandzukic, a velocidade de Cuadrado e Matuidi e o domínio físico de Higuaín, os anfitriões controlaram o jogo principalmente a partir de Pjanic, que liderou todas as saídas e iniciou os ataques. Mas foi na bola parada e graças ao oportunismo de Benatia que saiu o único gol da partida: após duas defesas de Alisson e o ricochete no travessão, o zagueiro marroquino marcou, para celebrar sua grande fase.

O time de Di Francesco bem que tentou competir, e conseguiu com relativo perigo no final da partida, depois de seu adversário cansar. Porém, nem mesmo a grande partida de Dzeko, autor de apenas um gol nas últimas 14 partidas, foi o bastante para superar Szczesny. O polonês, que substituiu o lesionado Buffon, fez duas defesas providenciais contra El Shaarawy e Schick (esta nos acréscimos), depois de Florenzi ter acertado sua trave. A sorte voltou a sorrir para uma Vecchia Signora que voltou a jogar bom futebol, recuperou a solidez e bateu mais um adversário direto pelas primeiras posições.

Napoli 3-2 Sampdoria
Allan, Insigne (Mertens) e Hamsík (Mertens) | Ramírez e Quagliarella (pênalti)

Tops: Allan (Napoli) e Ramírez (Sampdoria) | Flops: Hysaj (Napoli) e Ferrari (Sampdoria)

116 vezes Hamsík. Depois de acabar com o jejum de gols, o capitão partenopeu voltou a marcar e finalmente superou Maradona, sagrando-se como o maior artilheiro da história do Napoli. O eslovaco também tornou a ser decisivo e transformou um jogo bastante movimentado no San Paolo em uma vitória que manteve sua equipe na liderança isolada do campeonato. O time de Sarri não teve grande atuação, mas conseguiu três pontos muito importantes, enquanto o de Giampaolo mais uma vez foi frustrado e perdeu toda a vantagem que tinha para os adversários por uma posição na zona europeia.

Em má fase em dezembro, a Sampdoria foi com espírito renovado até Nápoles, e a partir de boas atuações de Ramírez e Quagliarella deu bastante trabalho para os anfitriões. O uruguaio abriu o placar no primeiro minuto, em cobrança de falta de longa distância, na qual seu chute potente e cheio de curva contou com a reação lenta de Reina para estufar a rede. Uma vantagem, contudo, que não durou muito, já que Allan aproveitou rebote na pequena área e empatou, aos 16. Mas em um momento em que os donos da casa reagiam, Hysaj cometeu pênalti sobre Ramírez: coube a Quagliarella cumprir a lei do ex e recolocar os visitantes na frente do placar.

Mais uma vez, a vantagem não durou muito, e seis minutos depois Allan voltou a aparecer. Em crescimento depois de um ano abaixo da expectativa, o volante brasileiro roubou a bola na entrada da área e passou para Mertens, que achou Insigne livre para empatar a partida novamente. O ex-jogador do Vasco também foi protagonista na virada e, após grande jogada, passou outra vez para Mertens só rolar para Hamsík, na pequena área, fazer o terceiro gol – o da vitória e do recorde. Após o intervalo, o Napoli tentou controlar o jogo, embora a péssima partida dos laterais Hysaj e Mário Rui (que acabou expulso) tenha dificultado o serviço.

Sassuolo 1-0 Inter
Falcinelli (Politano)

Tops: Consigli e Politano (Sassuolo) | Flops: Icardi e Brozovic (Inter)

Depois de 16 rodadas de invencibilidade, a Inter chegou à segunda derrota seguida, que marca um surpreendente fim de ano envolto em frustração para os nerazzurri, após meses de bom humor. Seria a maldição Pordenone? Depois de suar para eliminar o modesto clube da terceira divisão nas oitavas de final da copa, os interistas perderam para um friulano (Udinese) e agora para um neroverde (Sassuolo) – coincidentemente ou não, as duas equipes com maior sequência de vitórias no campeonato. Para piorar, a diferença para Napoli e Juventus aumentou e os romanos se aproximaram.

Iachini conseguiu fazer o time encaixar rapidamente desde a sua chegada e conquistou a terceira vitória seguida no comando do Sassuolo. Depois de um um início de campeonato complicado, agora o time neroverde tem um ótimo ambiente para comemorar o Natal, já que chegou aos 20 pontos e abriu cinco de vantagem para a zona de rebaixamento. O fruto para a boa fase certamente passa pela recuperação do sistema defensivo, que voltou a ter segurança e viu Acerbi voltar à boa fase. Dessa vez, o time emiliano teve Consigli como protagonista: embora sem organização, os visitantes tiveram bastante volume de jogo e o goleiro segurou a pressão, inclusive parando pênalti do artilheiro Icardi. Na frente, Politano foi devastante pelas pontas e criou as melhores chances dos donos da casa – inclusive a jogada do gol anotado por Falcinelli.

Hamsík optou por ficar no Napoli e tem o clube em seu coração (AFP)

Milan 0-2 Atalanta
Cristante e Ilicic (Spinazzola)

Tops: Cristante e Gómez (Atalanta) | Flops: Kessié e Kalinic (Milan)

A cada jogo, o Milan vai de mal a pior. Muda o treinador, muda o sistema tático, mas não mudam a desorganização, a falta de determinação e a frustração de um grupo construído sob muita expectativa, mas que tem falhado miseravelmente para cumprir os mínimos objetivos do clube. Hoje, por exemplo, o Diavolo está na nona posição, 14 pontos longe da zona de acesso à Liga dos Campeões. Sem vencer a Atalanta desde 2015 no campeonato (ou 2014, no San Siro), os rossoneri de Gattuso foram amplamente superados pelos nerazzurri de Gasperini, que aos poucos têm recuperado o bom momento na Serie A. Os bergamascos estão invictos há cinco rodadas e empatados com a Sampdoria, na sexta colocação.

O jogo foi vencido por um time com estratégia, que sabe exatamente o que fazer, executa seu plano com propriedade e vai diretamente na ferida do seu adversário. A Atalanta chegou às redes primeiro com Cristante, que cumpriu a lei do ex após uma falha de Donnarumma e de toda a defesa, após cobrança de escanteio. A Dea ampliou com Ilicic, que entrou no segundo tempo e deu mais dinamismo aos nerazzurri e anotou um raro gol com o pé direito, depois de passe de Spinazzola. Do outro lado, os donos da casa chutaram mais vezes, mas poucas foram em direção a Berisha, que nem mesmo foi o destaque de uma defesa com Rafael Toloi, Caldara e Masiello. Kessié e Kalinic sintetizaram a falta de pontaria milanista, somando 13 chutes, nenhum no gol. Nem mesmo Bonaventura, destaque nas últimas rodadas, se salvou.

Lazio 4-0 Crotone
Lukaku (Immobile), Immobile (Lulic), Lulic (Felipe Anderson) e Felipe Anderson (Parolo)

Tops: Immobile e Lulic (Lazio) | Flops: Martella e Rohdén (Crotone)

Abre a porteira que a Lazio está passando. O placar custou para ser aberto no Olímpico, mas no final das contas o time de Inzaghi conseguiu deixar de lado o início de jogo dramático, construiu uma vantagem importante (visando o saldo de gols como critério de desempate, num campeonato bem acirrado) e ainda virou o segundo melhor ataque do campeonato. A vitória contra o Crotone aproximou a equipe de Inter e Roma e também aumentou a diferença para a Sampdoria.

Em dia pouco inspirado de Milinkovic-Savic e Luis Alberto, Immobile voltou a marcar a diferença e tornou às redes na Serie A depois de um mês. Primeiro, o centroavante passou para Lukaku fazer seu primeiro gol na Itália e abrir o placar, já aos 56 minutos, e depois fez o segundo, após passe de Lulic. O bósnio, que entrou no segundo tempo e mudou a cara da partida, aproveitou assistência de Felipe Anderson para marcar o terceiro e o próprio brasileiro, que também não começou jogando, guardou o seu para fechar a conta. Vale destacar a combinação curiosa e rara de gol mais assistência para três jogadores da Lazio.

Udinese 4-0 Verona
Barák (Widmer), Widmer, Barák (Lasagna) e Lasagna (Jankto)

Tops: Barák e Lasagna (Udinese) | Flops: Caracciolo e Daniel Bessa (Verona)

Quatro no placar e na tabela. Depois de começar seu trabalho com derrota para o Napoli, Oddo chegou à quarta vitória consecutiva no campeonato com a Udinese. A sequência é melhor do que a de qualquer outra equipe em dezembro e ainda valeu para o time friulano alcançar uma posição na primeira parte da tabela, onde não pisava desde a 22ª rodada de 2016-17. Uma arrancada marcada em especial por quatro jogadores: Widmer, Barák, Jankto e Lasagna.

O quarteto tem sido protagonista desde que o ex-jogador de Lazio e Milan, campeão do mundo em 2006 com a Nazionale, assumiu as rédeas de um grupo que não tinha confiança e organização sob o comando de Delneri. Para afundar o Verona na zona de rebaixamento, os quatro se destacaram novamente: começando por Barák, que contou com a ajuda de Widmer, autor do segundo gol. O checo voltou às redes após um passe de Lasagna, que também guardou o seu após a assistência de Jankto, outro jogador de sangue eslavo. O placar só não foi maior porque Larsen acabou acertando a trave no final do jogo.

Cagliari 0-1 Fiorentina
Babacar (Chiesa)

Tops: Chiesa e Astori (Fiorentina) | Flops: João Pedro e Ionita (Cagliari)

No início a grande atração do jogo na Sardenha foi o retorno à titularidade na Serie A do veterano Cossu, após três anos desde a última vez que havia começado uma partida com a camisa do Cagliari. No entanto, os visitantes rapidamente mudaram a configuração do confronto, dominando os anfitriões graças a mais uma grande atuação, especialmente do ponto de vista defensivo – a equipe de Pioli não sofre gols há quatro jogos. Nesta sexta, o destaque do setor foi o veterano Astori, ex-jogador rossoblù.

Invicta há sete jogos, a Fiorentina pouco a pouco cresce e se aproxima da briga por vagas europeias. Contra o Cagliari, a equipe toscana deu mais um passo importante na busca por este objetivo e agora está a apenas um ponto de distância da Sampdoria, sexta colocada. Apesar do volume de jogo, os viola custaram para chegar ao gol da vitória, que só veio no finalzinho, graças ao iluminado Babacar. O senegalês marcou seu quarto gol no campeonato após sair do banco de reservas ao aproveitar assistência do insistente e talentoso Chiesa.

Chievo 2-3 Bologna
Inglese (Birsa) e Cacciatore (Radovanovic) | Destro (Verdi), Verdi e Destro

Tops: Destro e Verdi (Bologna) | Flops: Sorrentino (Chievo) e Poli (Bologna)

Na abertura da rodada de Natal, Chievo e Bologna acabaram fazendo um jogo surpreendentemente movimentado e emocionante, decidido nos acréscimos pelo personagem mais inesperado – ou nem tanto, considerando seu histórico contra o time de Verona. Em má fase há tempos, Destro voltou a ser protagonista depois do gol salvador contra o Cagliari e dessa vez conseguiu os três pontos para o time de Donadoni com uma doppietta – que lhe garantiu a marca de oito gols anotados sobre os clivensi.

Depois de ter aberto o placar aos quatro minutos, o próprio centroavante, com passagens por Inter, Roma e Milan, marcou o gol da vitória no apagar das luzes, com a ajuda de Cacciatore. O experiente lateral, aliás, foi rapidamente do céu ao inferno, já que havia empatado a partida aos 84. Antes, aos 31 minutos, Inglese respondeu a Destro no primeiro empate dos anfitriões, mas Sorrentino acabou falhando no segundo gol do Bologna, marcado por Verdi no início do segundo tempo. Nos acréscimos, após o gol decisivo de Destro, houve tempo de Tomovic acertar a trave, mas os emilianos acabaram com a vitória fora de casa. O Bologna está no meio da tabela, empatado com três times na casa dos 24 pontos, enquanto o Chievo tem três a menos e chegou ao quarto jogo sem vencer.

Spal 2-2 Torino
Viviani e Antenucci (pênalti) | Falque (Molinaro) e Falque

Tops: Viviani (Spal) e Falque (Torino) | Flops: Vicari (Spal) e De Silvestri (Torino)

Falou em empate, falou em Torino: com o deste sábado, contra a Spal, a equipe grená chegou ao nono na Serie A – Atalanta, Chievo e a própria Spal vêm em seguida, com seis. O time de Mihajlovic teve início avassalador em Ferrara e com menos de dez minutos já tinha 2 a 0 no placar graças a Falque, que abriu a contagem no primeiro ataque da partida, com menos de um minuto, e repetiu a dose pouco depois.

Contudo, os visitantes não mantiveram a pegada e os problemas defensivos lhes custaram pontos importantes. Afinal, o time está emperrado no meio da tabela e não consegue emplacar na temporada, mesmo após a manutenção de Belotti e a chegada de bons reforços. Em uma boa mostra de recuperação, a Spal conseguiu descontar com Viviani, com cobrança de falta ainda no primeiro tempo. Na etapa final, Antenucci se tornou um dos tantos jogadores que fizeram valer a lei do ex nesta rodada: seu gol de pênalti garantiu um ponto que tirou os estensi da zona de rebaixamento. Com a saída da Spal, o Crotone voltou a integrar a turma da degola.

Genoa 1-0 Benevento
Lapadula (pênalti)

Tops: Lapadula (Genoa) e Lucioni (Benevento) | Flops: Pandev (Genoa) e Belec (Benevento)

O Benevento tem, certamente, uma relação intensa com os acréscimos. Embora o único pontinho da equipe na Serie A tenha sido conquistado no apagar das luzes, pela terceira vez nesta temporada o time campano perdeu a oportunidade de somar um raro ponto nos últimos minutos. Curiosamente, o carrasco dos stregoni foi um jogador emprestado pelo mesmo Milan que lhe cedeu o empate no mês passado.

O gol da primeira vitória dos grifoni no Marassi em 2017-18, após nove jogos, só saiu aos 92 minutos, dos pés de Lapadula. O próprio centroavante italiano de origem peruana foi o encarregado de converter a cobrança do pênalti infantil que ele sofreu do goleiro Belec. Assim, o Genoa abriu vantagem de dois pontos para a zona de rebaixamento, enquanto o Benevento segue agarrado à lanterna, com apenas um ponto conquistado.

*Os nomes entre parênteses após os autores dos gols se referem aos responsáveis pelas assistências

Seleção da rodada
Consigli (Sassuolo); Widmer (Udinese), Benatia (Juventus), Astori (Fiorentina), Lukaku (Lazio); Barák (Udinese), Pjanic (Juventus), Cristante (Atalanta), Lulic (Lazio); Destro (Bologna), Immobile (Lazio). Técnico: Gian Piero Gasperini (Atalanta).

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