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Darío Silva, o lutador que encantou a torcida do Cagliari

Pouco mais de duas décadas após a despedida, chegou a hora do reencontro. A torcida do Cagliari receberá, no sábado, dia 6, o uruguaio Darío Silva, que passou pelo clube com sucesso na década de 1990. O atacante retornou à Sardenha nesta semana, a convite do compatriota Diego López, técnico da equipe, e fez um tour pelo CT de Asseminello. Silva também assistirá à partida contra a Juventus.

Silva é bastante conhecido pelo público brasileiro, já que vestiu a camisa da seleção do Uruguai por cerca de uma década e sempre incomodou os zagueiros da Seleção. No entanto, apesar de ter disputado também uma Copa do Mundo (2002) e uma Copa América (2004), o atacante é mais lembrado pelo trágico acidente que encerrou a sua carreira. Em 2006, passava férias em seu país, quando perdeu o controle de sua picape e colidiu com um poste. O impacto lhe causou uma fratura no crânio e também uma fratura exposta na perna direita, que levou à amputação do membro, abaixo do joelho.

Jogador de personalidade forte, Darío Silva teve ascensão meteórica no futebol. Nascido na pequena Treinta y Tres, ele iniciou sua carreira profissional pelo Defensor, aos 20 anos, e chegou ao Peñarol meses depois. Conhecido em seu país como “Poeta do Olivar”, o atacante arrebentou com a camisa dos carboneros: ajudou o clube a se livrar de um jejum de seis anos sem títulos e foi protagonista na conquista do tricampeonato nacional. Silva anotou mais de 30 gols pelo clube, foi artilheiro do campeonato de 1994 e, após a estreia pela Celeste Olímpica, acertou com o Cagliari, em 1995.

Silva foi protagonista do Cagliari durante três temporadas (Allsport)

Silva não chegou à Itália a passeio: o uruguaio recebeu a camisa 9 de um Cagliari que havia sido semifinalista da Copa Uefa em 1993-94 e que era comandado por Giovanni Trapattoni. Darío substituiria o panamenho Julio César Dely Valdés, negociado com o Paris Saint-Germain, e teria como companheiros de ataque Roberto Muzzi e Luís Oliveira, brasileiro com cidadania belga. Logo de cara, o seu estilo ousado, de partir para cima dos defensores adversários, insistir em toda jogada e lutar até mesmo por bolas praticamente perdidas, conquistou a torcida fanática que comparecia ao Sant’Elia. Tanto é que Darío recebeu o apelido de “Sa Pibinca” – algo como “o chato”, na língua sarda.

Pibinca, no entanto, não era um goleador. A bem da verdade, anotou apenas sete gols em suas duas primeiras temporadas pelos casteddu, número menor do que os de Muzzi, Oliveira e Sandro Tovalieri – este último, adquirido para substituir o belga, em 1996. Apesar de jogar como centroavante, Silva era responsável principalmente por acionar contra-ataques, graças à sua velocidade, do que propriamente finalizá-los. Apesar disso, marcou um golaço (presente na memória da torcida sarda até hoje) contra a Roma, em 1996-97. Na ocasião, acertou um chute giratório de primeira, que decidiu uma partida em que foi protagonista: naquele 2 a 1, deu uma assistência e também errou no gol romano.

As atuações de Silva não impediram que o Cagliari fosse rebaixado naquela temporada, após perder o jogo-desempate para o Piacenza. Apesar disso, o atacante continuou na Sardenha e formou, ao lado de Muzzi e do compatriota Fabian O’Neill, um trio que conseguiu devolver a equipe rossoblù à elite de imediato: enquanto O’Neill cuidava do meio-campo, a dupla era responsável por marcar gols.

Para estimular os atacantes, o presidente Massimo Cellino ofereceu um Porsche para quem fosse o artilheiro da equipe no ano. Muzzi levou a melhor, com 17 gols, mas a aposta não prejudicou a relação das estrelas da equipe: muito amigos, Muzzi e Silva comemoravam as vitórias com uma habitual cervejinha após as partidas. Além disso, Pibinca teve sua melhor temporada em solo italiano, com 13 gols marcados. Os números fizeram com que ele acabasse vendido ao Espanyol e embarcasse para Barcelona, em 1998.

A velocidade fazia Silva ser caçado pelos adversários (Allsport)

Silva teve curta e apagada passagem pelos periquitos e, no ano seguinte, assinou com o Málaga. Na cidade praiana da Andaluzia, o uruguaio voltou a ser destaque: em três das quatro temporadas que vestiu a camisa branca e azul dos boquerones, fez uma dupla de sucesso com Dely Valdés. No sul da Espanha, o Pibinca venceu a Copa Intertoto, classificou o clube para a Copa Uefa e também marcou o gol mais rápido da história de La Liga, em 2000, ao precisar de apenas 7 segundos para bater a defesa do Valladolid. Acabaria superado, anos depois, por Fernando Llorente e Seydou Keita.

Silva ainda disputou o Mundial de 2002 e a Copa América de 2004 pelo Uruguai. Também passou por Sevilla e Portsmouth, até rescindir com o clube inglês em fevereiro de 2006 – meses antes do acidente que encerrou sua carreira. Após deixar o futebol profissional, aos 33 anos, Silva tentou participar dos Jogos Paralímpicos de 2012 como canoísta, mas desistiu da ideia.

O ex-jogador voltou aos gramados em 2009, para uma partida beneficente entre craques do passado de Uruguai e Argentina, e até marcou um gol de pênalti. Munido de sua prótese, volta e meia participa de eventos do gênero.

Darío Debray Silva Pereira
Nascimento: 2 de novembro de 1972, em Treinta y Tres, Uruguai
Posição: atacante
Clubes como jogador: Defensor (1992), Peñarol (1992-95), Cagliari (1995-98), Espanyol (1998-99), Málaga (1999-2003), Sevilla (2003-05) e Portsmouth (2005-06)
Títulos: Campeonato Uruguaio (1993, 1994 e 1995) e Copa Intertoto (2002)
Seleção uruguaia: 49 jogos e 14 gols

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