Serie A

33ª rodada: Napoli acirra briga pelo scudetto às vésperas do confronto direto com a Juve

Esqueça o marasmo do final de semana. Nos jogos de terça e, especialmente, nos de quarta – quando tivemos até oito partidas simultâneas –, as equipes se aplicaram e levaram muito entretenimento aos torcedores. Viradas emocionantes, goleadas, decisões nos minutos finais e golaços marcaram uma rodada que teve 29 gols anotados e desfecho improvável na briga pelo título.

A Juventus começou a rodada com uma vantagem de 6 pontos para o Napoli. Ao longo de suas partidas, que aconteciam ao mesmo tempo, chegou a aumentá-la para 9, mas num espaço de seis minutos a viu despencar para 4. Tudo isso porque a Velha Senhora sofreu o empate do Crotone e o time de Sarri se recuperou e virou o jogo contra a Udinese. No domingo, Juve e Napoli fazem um confronto direto que poderá deixar o campeonato próximo de sua definição.

A 33ª rodada ainda teve vitórias do trio que briga pelas duas vagas remanescentes para a Liga dos Campeões e maior acirramento das lutas pela classificação à Liga Europa e contra o rebaixamento. Hoje, a diferença entre o sexto e o nono colocados é de apenas 3 pontos; entre o 13º e 0 18º, que abre a zona da degola, é de 6.

Napoli 4-2 Udinese
Insigne (Zielinski), Albiol (Callejón), Milik, Tonelli (Callejón) | Jankto (Zampano), Ingelsson (Zampano)

Tops: Milik (Napoli) e Zampano (Udinese) | Flops: Hamsík (Napoli) e Nuytinck (Udinese)

Contra a Udinese, mais uma vez o Napoli não fez um grande jogo e precisou correr atrás do resultado. A crise de atuações da equipe de Sarri, que já dura pelo menos um mês e meio, foi decisiva para a ultrapassagem da Juventus e novamente se fez sentir nesta quarta. O Napoli enfrentou uma Udinese que acumulava nove derrotas consecutivas e nem assim conseguiu impor seu futebol com eficiência durante a maior parte do jogo. Ao menos os azzurri mostram poder de recuperação: já são nove vitórias de virada na temporada e 28 pontos recuperados em situações de desvantagem.

Os donos da casa começaram ameaçando com Insigne e Milik, mas o resto do time estava em rotação abaixo – sintoma demonstrado por Hamsík, disperso contra a Udinese e em outras oportunidades. Os friulanos abriram o placar no fim do primeiro tempo, depois que Jankto escorou um cruzamento rasteiro de Zampano. Insigne iludiu o zagueiro Nuytinck e empatou antes mesmo do intervalo, mas o Napoli voltou dos vestiários com a mesma indisposição e levou o segundo: após novo cruzamento de Zampano, Ingelsson apareceu sozinho na área para marcar.

Depois disso, Sarri lançou Mertens no lugar de Hamsík e, armado num 4-2-3-1, o Napoli acordou. Logo na sequência, Albiol ganhou de Nuytinck no alto e empatou, dando moral para que a torcida partenopea incentivassem o time a amassar os visitantes. Seis minutos depois, Milik coroou a boa partida e o bom momento com o gol da virada e, aos 75, Tonelli fechou o placar com um golaço, de cabeça. Correndo grande risco de demissão, Oddo se tornou o terceiro treinador da história a acumular 10 derrotas consecutivas na Serie A – os outros são Mauro Sandreani e Mario Varglien, que somaram 11 tropeços por Padova (1995-96) e Triestina (1946-47).

Crotone 1-1 Juventus
Simy (Trotta) | Alex Sandro (Douglas Costa)

Tops: Cordaz (Crotone) e Douglas Costa (Juventus) | Flops: Faraoni (Crotone) e Dybala (Juventus)

Cinco jogos contra o Crotone, nenhum gol sofrido e cinco vitórias para a Juventus: este era o retrospecto da Velha Senhora antes de o empate inesperado na Calábria reacender a disputa pelo scudetto. O feito dos pitagóricos, que lutam contra o rebaixamento, foi ainda maior considerando que a Juve vinha de 53 pontos conquistados dos 57 disponíveis nas últimas 19 rodadas, com apenas quatro gols sofridos no período, além de nove vitórias em 10 partidas como visitante, sem ter sido vazada em oito delas.

A Juventus abriu o placar logo aos 16 minutos, em sua primeira finalização no alvo. Douglas Costa cruzou na área e Alex Sandro cabeceou para as redes: a décima assistência do ex-jogador do Grêmio e o quarto tento do ex-santista no campeonato. O 13º gol de cabeça sofrido pelo Crotone nesta edição da Serie A não animou a Juve a tentar levantar mais bolas na área para que Higuaín pudesse voltar a marcar depois de um mês.

Pelo contrário, a equipe bianconera se acomodou, como se poupasse esforços para o encontro com o Napoli, e viu o Crotone levar perigo com Martella e Simy. Aos 65, o centroavante nigeriano aproveitou um lance fortuito na área e emendou uma meia-bicicleta para empatar. Para evitar o tropeço, a Juventus saiu para o ataque, mas não conseguiu o segundo graças à segurança do capitão Cordaz, que fez defesas difíceis em finalizações de Matuidi e Higuaín e segurou o resultado.

Roma 2-1 Genoa
Ünder (Kolarov), Zukanovic (contra) | Lapadula (Pandev)

Tops: Ünder (Roma) e Iuri Medeiros (Genoa) | Flops: Gerson (Roma) e Zukanovic (Genoa)

Certas freguesias não acabam facilmente. É o caso da servilidade que o Genoa tem com a Roma: já são 12 derrotas seguidas para os grifoni no Olímpico. Dessa vez, a equipe rossoblù não contou com uma boa atuação defensiva e ficou atrás do placar rapidamente, mas tentou aproveitar a inconsistência dos romanos e arriscou na etapa final. Mesmo assim, a Roma conseguiu manter a terceira posição na Serie A.

Cheia de reservas, a Roma achou a tranquilidade logo aos 17 minutos, quando Kolarov cobrou falta na área e Ünder completou para as redes. Com a vantagem, a equipe da casa poderia ter ampliado em chances criadas pelo próprio jovem turco e também por Florenzi e El Shaarawy, mas somente chegou ao segundo gol após o intervalo. Após cobrança de escanteio, o zagueiro Zukanovic, ex-Roma, desviou contra o próprio patrimônio e dificultou a vida dos genoveses.

Com a desvantagem, Ballardini lançou os visitantes ao ataque e a pressão alta deu resultados imediatos, quando Pandev desarmou Gerson e deixou Lapadula livre para diminuir. Iuri Medeiros e Rossi começaram a oferecer dificuldades para a defesa romana e Di Francesco fechou a casinha para segurar o resultado. Florenzi teve a possibilidade de tranquilizar a Roma, mas para sua sorte, as oportunidades desperdiçadas frente a Perin não fizeram falta para sua equipe.

Juventus parou no Crotone e viu o Napoli se aproximar (Getty)

Fiorentina 3-4 Lazio
Veretout, Veretout (pênalti), Veretout | Luis Alberto, Cáceres (Luis Alberto), Felipe Anderson (Marusic), Luis Alberto (Marusic)

Tops: Veretout (Fiorentina) e Luis Alberto (Lazio) | Flops: Sportiello (Fiorentina) e Luiz Felipe (Lazio)

Fiorentina e Lazio protagonizaram a partida mais movimentada e maluca de toda a temporada italiana. O alto número de gols era esperado pelo histórico recente dos confrontos entre as equipes – os cinco mais recentes registravam média superior a quatro tentos por jogo –, mas a rápida sucessão de eventos surpreendeu. Aos 15 minutos, cada equipe já tinha tido um expulso: o goleiro Sportiello, por tocar com a mão fora da área, e Murgia, que substituíra Parolo, lesionado no aquecimento, por uma falta antidesportiva – na cobrança, Veretout marcou o primeiro. Chiesa já havia perdido uma chance inacreditável, mas se redimiu ao cavar pênalti contra Luiz Felipe e permitir que Veretout anotasse mais um.

Inzaghi, que já havia sacado o zagueiro De Vrij e lançado Felipe Anderson antes mesmo do segundo, foi expulso por reclamar de um pênalti inexistente – num dos vários lances em que o VAR foi acionado no cotejo. Os muitos espaços deixados pelas expulsões tornaram a partida divertida, sobretudo porque a Lazio empatou antes mesmo do intervalo, em cobrança de falta de Luis Alberto e cabeceio de Cáceres. Aos 9 da segunda etapa, Veretout roubou bola de Lucas Leiva, driblou Luiz Felipe e fez a sua primeira tripletta em solo italiano.

A grande atuação do meia francês só não foi suficiente porque Marusic apareceu em duas jogadas pela direita e serviu Felipe Anderson e Luis Alberto, que viraram o placar e deram um resultado importantíssimo para a equipe romana. Invicta há seis jogos, a Lazio se mantém firme na briga por Liga dos Campeões e acabou com a invencibilidade de oito rodadas da Fiorentina. A viola, que havia conseguido seis clean sheets no período, perdeu a chance de empatar em pontos com o Milan, sexto colocado, mas ainda sonha com a classificação à Liga Europa.

Inter 4-0 Cagliari
João Cancelo, Icardi (Rafinha), Brozovic, Perisic (Brozovic)

Tops: Brozovic e Perisic (Inter) | Flops: Giannetti e Andreolli (Cagliari)

Em grande estilo, a Inter encerrou um jejum de três jogos sem vitórias e sem gols marcados com uma goleada sobre um dos times mais frágeis do campeonato. O Cagliari perdeu seis vezes nas nove últimas rodadas, período em que foi vazado em todos os jogos e sofreu 22 gols. A equipe sarda também não chutou uma vez sequer ao gol da Inter: a última vez que um time tivera desempenho tão pobre na Serie A acontecera em janeiro de 2014, quando o Genoa esbarrou na Roma.

A Beneamata abriu o placar aos 3 minutos, quando João Cancelo cobrou uma falta com chute cruzado e venceu Cragno. Só no primeiro tempo, a Inter poderia ter goleado, mas Gagliardini, Rafinha e Karamoh não conseguiram marcar em chances claras – o ponta francês, um dos melhores em campo, chegou a acertar o travessão e ter um tento bem anulado. Após o intervalo, Icardi fez o segundo e superou sua melhor marca na carreira: agora são 25 gols no campeonato, número alcançado com a camisa da Inter por jogadores como Ibrahimovic e Ronaldo. O placar se tornou elástico graças ao entrosamento entre os croatas Brozovic e Perisic e a Inter continua dependendo apenas de si para retornar à Champions League.

Torino 1-1 Milan
De Silvestri (Ljajic) | Bonaventura (Biglia)

Tops: Edera (Torino) e Zapata (Milan) | Flops: Belotti (Torino) e Kalinic (Milan)

A partida contra o Torino, no primeiro turno, foi a última de Montella no comando do Milan. Meses depois, a equipe rossonera volta a empatar com a equipe grená e, mesmo com o entusiasmo gerado pelo bom trabalho de Gattuso, vê a Liga dos Campeões distante. Dez pontos atrás do quarto colocado, na verdade o Diavolo precisa se preocupar mais com seus perseguidores: Atalanta, Fiorentina e Sampdoria precisam aliar apenas mais um tropeço milanista a uma vitória para lhe ultrapassar. O próprio Toro, com 47 pontos (sete a menos que o Milan) monitora a situação.

Logo aos 4 minutos, Ansaldi sofreu pênalti e ofereceu a Belotti a chance de marcar. O Galo, porém, acertou o travessão e desperdiçou mais uma cobrança na temporada e mais uma contra o Milan em sua carreira. A resposta visitante chegou aos 9, quando Bonaventura matou uma bola vinda do alto e acertou um lindo chute no ângulo de Sirigu. Organizado, o Milan pouco concedeu ao Torino durante grande parte do jogo, mas a entrada do jovem meia-atacante Edera mudou o cenário, em meados do segundo tempo. Muito participativo, o camisa 20 dificultou a vida dos defensores rossoneri e cavou o escanteio que deu origem ao empate: De Silvestri aproveitou saída em falso de Donnarumma e cabeceou para as redes. O goleiro se redimiu no finalzinho, ao evitar que a virada saísse dos pés de Ljajic. Com isso, o Milan mantém longa invencibilidade contra o Toro: desde 2001 não é derrotado.

O jogo mais maluco da rodada, entre Fiorentina e Lazio, foi decidido por Luis Alberto (SS Lazio)

Benevento 0-3 Atalanta
Freuler (Cristante), Barrow (De Roon), Gómez

Tops: Barrow e Cristante (Atalanta) | Flops: Viola e Billong (Benevento)

Viagem tranquila da Atalanta à Campânia. Com a força da juventude de Cristante e Barrow e a habitual participação de Papu Gómez, a equipe nerazzurra chegou à sétima vitória nas 11 últimas partidas como visitante e manteve uma hegemonia também de 11 jogos contra caçulas. Se a Dea se aproxima de vez da possibilidade de retornar à Liga Europa, o Benevento só não foi matematicamente rebaixado nesta rodada porque a Spal não bateu o Chievo.

Nos 20 primeiros minutos, o Benevento até ameaçou e Diabaté teve uma (a única) clara oportunidade de abrir o placar, mas tentou encobrir Berisha e errou o gol. Depois disso, o goleador malinês foi controlado pela defesa nerazzurra e Freuler contou com boa jogada e assistência de Cristante para abrir o placar. No segundo tempo, brilhou a estrela de outro jogador africano: o gambiano Barrow, artilheiro do Campeonato Italiano sub-19, substituiu Petagna e marcou o seu primeiro gol como profissional no sétimo jogo pela Serie A. De Roon ainda escorregou na cobrança de um pênalti e perdeu a chance de ampliar, mas no lance seguinte Gómez fechou a conta no Vigorito.

Sampdoria 1-0 Bologna
Zapata

Tops: Zapata (Sampdoria) e Di Francesco (Bologna) | Flops: Linetty (Sampdoria) e Dzemaili (Bologna)

O equilíbrio tem marcado os confrontos entre Sampdoria e Bologna nos últimos tempos. Novamente, foi a tônica do duelo e a Sampdoria precisou de um gol no último respiro para melhorar a sua sequência (agora são duas vitórias nas sete rodadas mais recentes) e voltar a sonhar com uma vaga na Liga Europa. Com 51 pontos, a equipe divide a 8ª posição com a Fiorentina, ao passo que o Bologna está tranquilo no meio da tabela.

A Samp não teve criatividade suficiente para furar a defesa bem postada dos bolonheses durante grande parte do jogo. O próprio Bologna quase abriu o placar, depois que o goleiro Viviano errou um domínio e precisou dar um carrinho para evitar que um recuo de bola tranquilo se transformasse em gol contra. Viviano foi mais responsivo em finalizações de Palacio e Dzemaili e, já na reta final, Zapata (que entrou no segundo tempo) acertou a trave. A 10 segundos do fim, o colombiano aproveitou uma sobra na área e decretou a sofrida vitória doriana. Com isso, a equipe de Donadoni amarga gols sofridos nas 12 últimas partidas como como visitante e apenas um ponto somado nas sete vezes mais recentes em que jogou longe de Bolonha.

Verona 0-1 Sassuolo
Lemos

Tops: Verde (Verona) e Lemos (Sassuolo) | Flops: Nícolas (Verona) e Rogério (Sassuolo)

No Bentegodi houve quem se redimisse e quem caísse em desgraça. O brasileiro Nícolas foi a vítima da segunda situação: fazia uma boa partida, com defesas importantes sobre Mazzitelli, Politano e Berardi quando, aos 38 minutos, cometeu uma falha clamorosa. Numa cobrança de escanteio saiu para agarrar a bola e acabou soltando-a nos pés de Lemos. O uruguaio marcou um gol decisivo e pode deixar para trás uma péssima atuação na goleada por 7 a 0 contra a Juventus: a estreia falimentar acabou lhe escanteando no elenco.

Houve também quem voltasse a ser contestado. O técnico Pecchia nunca caiu nas graças da torcida do Hellas, já que nem mesmo no acesso à elite conseguiu montar uma equipe à altura de suas capacidades. Considerado um dos grandes culpados pela má campanha do Verona, o comandante (até quando?) foi um dos mais vaiados na derrota caseira. Com o resultado, a equipe veronesa continua com 25 pontos, quatro abaixo da primeira equipe fora da zona de rebaixamento, e o Sassuolo respira: com 34, vê a área perigosa começar a se distanciar.

Spal 0-0 Chievo

Tops: Lazzari (Spal) e Sorrentino (Chievo) | Flops: Paloschi (Spal) e Giaccherini (Chievo)

De ponto em ponto, a Spal vai tentando o milagre da salvação. O sexto empate seguido da equipe de Ferrara (o terceiro por 0 a 0) não resolve a situação, mas é melhor do que nada. Os spallini foram melhores, apesar da lentidão na criação de jogadas, mas a chance mais clara foi do Chievo – Inglese acertou a trave. Chievo, com 31 pontos, e Spal, com 29, ainda estão muito ameaçados pelo rebaixamento, mas dependem de suas próprias forças: nas próximas rodadas, as duas equipes enfrentarão adversários diretos pelo objetivo da permanência na primeira divisão.

*Os nomes entre parênteses após os autores dos gols se referem aos responsáveis pelas assistências

Seleção da rodada
Cordaz (Crotone); Zampano (Udinese), Caldara (Atalanta), Lemos (Sassuolo), Kolarov (Roma); Brozovic (Inter), Veretout (Fiorentina), Cristante (Atalanta); Luis Alberto (Lazio), Perisic (Inter); Milik (Napoli). Técnico: Luciano Spalletti (Inter).

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