Liga dos Campeões

Juventus celebra empate com Ajax, mas atuação pobre do meio-campo liga o alerta

Comemorar empates não faz muito o estilo da vitoriosa Juventus de Massimiliano Allegri, Cristiano Ronaldo e companhia. Nesta quarta, porém, a equipe bianconera não se incomodou de deixar Amsterdã e voltar para Turim com o resultado de 1 a 1 na bagagem. Afinal, o Ajax teve uma grande atuação, foi superior à Velha Senhora e chegou a dominá-la em alguns momentos, mas não teve eficácia nas finalizações.

O jovem Ajax, assim como contra o Real Madrid, não se intimidou frente à experiência da Juventus. Os holandeses começaram a partida aplicando muita pressão na saída de bola italiana, e com frequência conseguiam ganhar a posse em seu campo ofensivo. Nessa toada, Ziyech deu trabalho para Szczesny em diversos momentos da primeira etapa. O marroquino acertou o lado externo da rede e também obrigou o polonês a voar no ângulo e espalmar a bola para escanteio.

Com o passar do tempo, a Juventus conseguiu diminuir a intensidade do Ajax nas proximidades de sua área, mas Tadic se movimentava muito e ganhava quase todas dos adversários. Rugani até fez boa partida, em substituição a Chiellini, mas num de seus poucos erros, a movimentação do atacante e a inserção de Van de Beek levaram muito perigo à Juve. Aos 24 minutos, o meio-campista holandês errou o domínio, mas conseguiu se livrar do zagueiro e chutou alto, rente à trave.

No meio-campo, aliás, o Ajax era soberano. O próprio Van de Beek fazia ótima partida, e Schöne combatia muito, enquanto De Jong coordenava todos os movimentos dos ajacieden. Matuidi, atarefado demais com Ziyech e tendo de marcar por dois, já que Cristiano Ronaldo pouco colabora na fase defensiva, foi rapidamente ofuscado. Pjanic, então, não repetiu as costumeiras boas atuações na Serie A e, além de não criar nenhuma jogada, teve seu setor frequentemente atacado pelos holandeses, que o viam como ponto fraco bianconero.

Nesse contexto, a Juve só reagia a partir dos erros do time da casa e de jogadas puxadas pelos seus pontas – Bernardeschi, em especial. Numa dessas falhas, o camisa 33 juventino poderia ter marcado o primeiro, mas De Jong o travou na hora da finalização. Pouco depois, o trequartista recebeu passe de cabeça de Ronaldo e girou chutando de canhota, mas mandou à direita da meta defendida por Onana.

A terceira chegada juventina, porém, foi fatal. Veltman – o pior dos Godenzonen na noite de quarta – errou no campo de ataque, Bentancur roubou a posse para a Juve e acionou Ronaldo, que fez o pivô e abriu para Cancelo. Assim que girou, CR7 percebeu o buraco aberto no meio da defesa alvirrubra e arrancou, atacando o espaço para receber o belo lançamento do compatriota e, de peixinho, abrir o placar. No último lance da etapa inicial, a Juventus abria o placar, contrariando o roteiro escrito até então.

Na volta do intervalo, porém, Cancelo cometeu um erro infantil. O Ajax deu a saída de bola e, 30 segundos depois, poderia ter perdido a posse da pelota. No entanto, o português errou um domínio bobo na linha lateral, quase no meio-campo, bem na frente de David Neres. O brasileiro teve espaço para correr e ainda o cortou, numa tentativa desesperada de composição, antes de colocar com muita categoria no canto esquerdo de Szczesny. Com o empate imediato, o time da casa mudou a postura e passou a ser mais incisivo, sobretudo com os pontas Neres e Ziyech.

Vendo seu time empurrado contra as cordas – o Ajax chegou a marcar o segundo, mas Neres estava impedido –, Allegri mexeu e tentou povoar os lados do campo, por onde os mandantes começavam a forçar o jogo. Douglas Costa e Dybala entraram nos lugares dos apagados Mandzukic e Matuidi, mas não geraram respostas imediatas nos contra-ataques nem conseguiram conter a pressão holandesa. Bentancur, sim, continuava executando um ótimo trabalho em roubadas de bola e a última linha defensiva italiana se posicionava melhor.

Com os times mais equilibrados nos 25 minutos finais, as chances mais agudas praticamente cessaram. O Ajax levou perigo com uma finalização do jovem Ekkelenkamp, defendido por Szczesny, e num chute de Tadic, bloqueado pela zaga. Já a Juve contou com um lance de gênio de Douglas Costa, que deu um elástico por entre as pernas de Veltman e usou sua potência física para ganhar de Ziyech no corpo e na corrida, antes de acertar a trave com um arremate cruzado.

No fim das contas, a Juventus leva uma vantagem interessante para Turim, mas também ganhou um motivo para ficar de olho aberto. O Ajax mostrou que tem condições de igualar forças, com toque de bola envolvente e jovens craques que despontam. Como já chegou mais longe do que o previsto na competição, a equipe de Ten Hag não tem o que perder: vai para o tudo ou nada no Allianz Stadium.

Bater a Velha Senhora seria algo bastante novo para os Godenzonen, que não triunfam sobre os bianconeri desde 1974 e, em quatro duelos de mata-mata, foram eliminados todas as vezes pela Juve. Perder em Turim, contudo, também não é algo habitual para a equipe de Allegri: nesta temporada, na própria LC, só o Manchester United foi capaz de vencer no Allianz. Não é segredo que o favoritismo italiano é notório e continua alto, mas cautela e canja de galinha nunca fizeram mal a ninguém.

Ajax 1-1 Juventus
David Neres | Cristiano Ronaldo (Cancelo)

Ajax: Onana; Veltman, De Ligt, Blind, Tagliafico; Van de Beek, Schöne (Ekkelenkamp), De Jong; Ziyech, Tadic, David Neres. Treinador: Erik ten Hag.

Juventus: Szczesny; Cancelo, Rugani, Bonucci, Alex Sandro; Bentancur, Pjanic, Matuidi (Dybala); Bernardeschi (Khedira), Cristiano Ronaldo, Mandzukic (Douglas Costa). Treinador: Massimiliano Allegri.

Árbitro: Carlos del Cerro Grande (Espanha)
Local: Johan Cruyff ArenA, em Amsterdã, Holanda

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