Futebol feminino

Ascensão, bons valores e solidez: como a Itália chega à Copa do Mundo feminina

O futebol feminino italiano progrediu bastante nos últimos anos. Os clubes grandes criaram equipes para a disputa da Serie A Femminile e, hoje, aproximam as jogadoras das torcedoras e dos torcedores através das redes sociais – Juventus, Milan e Roma, principalmente. Além disso hoje, as jogadoras podem jogar em agremiações organizadas e receber uma compensação financeira para se manterem.

Outro aspecto incisivo para a mudança no futebol feminino nas últimas décadas foi a criação de setores juvenis mistos ou apenas femininos, o que, inclusive, possibilitou a formação de seleções de base. Com todo esse investimento e trabalho eficaz, a Itália começa a colher os frutos na seleção principal. Depois de 20 anos, as azzurre retornam à Copa do Mundo de futebol feminino, que acontece entre os dias 7 de junho e 7 de julho, na França. As italianas se instalaram em Valenciennes, onde estreiam no dia 9, diante da Austrália. No Grupo C, enfrentam ainda a Jamaica e o Brasil.

Em relação ao desempenho da seleção principal, existe muito o que comemorar desde que Milena Bertolini assumiu o comando técnico da equipe, em 2017. A ex-defensora conseguiu rapidamente implementar suas ideias de jogo e as atletas compraram bem o discurso, fazendo da Itália uma seleção sólida, com um padrão de jogo muito bem definido, e que pode surpreender na França. Outro fator preponderante para a melhora do rendimento da seleção é o entrosamento entre as atletas: entre o grupo de 23 jogadoras que trabalharam durante o ciclo, sete atuam na Juventus e seis no Milan.

Os mecanismos da equipe e a sua base tática são bem definidos. Bertolini trabalha em um 4-4-2 à italiana, mas com alguns toques pessoais muito interessantes. Sua equipe se destaca pelo forte trabalho defensivo sem a bola, alternando entre um bloco médio de marcação e um bloco alto, sempre com muita agressividade para pressionar e utilizando encaixes individuais. Uma vez que a formação rival supere a linha de pressão, as atletas italianas rapidamente se reagrupam, para voltar a pressionar. O sistema é bem físico, intenso e demanda muita concentração.

O trabalho de pressionar alto e a intensidade defensiva são aspectos muito marcantes desde a troca no comando da seleção, sendo essas as grandes sacadas de Bertolini. Quando recupera a bola, a Itália raramente trabalha uma construção mais demorada. A ideia consiste em atacar com velocidade e verticalidade, para surpreender as adversárias e oferecer pouco tempo de resposta. Os mecanismos utilizados para colocar isto em prática variam bastante.

O time trabalha bem os passes em profundidade, buscando um desmarque de ruptura – situação em que a atacante consegue se desgarrar da defensora e encontra campo aberto à sua frente para progredir em direção ao gol. Bertolini também busca trabalhar os lançamentos mais longos para as laterais para posteriormente levantar a bola na área.

A saída de bola da Itália costuma acontecer com passes curtos, mas sempre buscando progredir em campo com poucos toques. Bertolini conta com os desmarques de apoio (movimento onde as atacantes italianas buscam facilitar a linha de passe para uma das defensoras, seja zagueira ou lateral), o clássico pivô para avançar suas linhas e também com a progressão através da condução e do drible.

A equipe italiana não é uma potência. Não está no patamar de Estados Unidos, Alemanha, Holanda ou Suécia, mas é certo que deu um salto de qualidade e que possui hoje uma equipe pronta para jogar de igual para igual com qualquer rival. Inclusive, é favorita contra o Brasil de Marta e companhia.

A formação italiana em amistoso ante a Suíça: Giuliani, Girelli, Mauro, Galli, Guagni e Gama (em pé); Bonansea, Giugliano, Bergamaschi, Linari e Cernoia (agachadas) (Getty)

Destaques individuais

Sem dúvidas, o primeiro destaque da Itália é a capitã Sara Gama, que lidera a defesa azzurra. A defensora da Juventus é a líder da defesa italiana, sendo uma atleta muito marcada pelo comprometimento defensivo e por sua capacidade de posicionamento.

Mais à frente, no meio-campo, Barbara Bonansea é um dos pilares da equipe. Bonansea pode jogar em várias posições, sendo bastante importante por seu trabalho de pressão alta. Normalmente é a jogadora mais intensa da Itália na tentativa de recuperar a bola. No ataque, por fim, a maior esperança é Cristiana Girelli. Principal atacante da seleção italiana, Girelli tem um campo muito potente. É muito veloz, além de completa tecnicamente e ter boa capacidade de finalização. Marcou 19 gols em 29 jogos na Serie A na temporada.

Atletas convocadas para a Copa do Mundo da França

Goleiras
Laura Guiliani (Juventus), Chiara Marchitelli (Florentia) e Rosalia Pipitone (Roma).

Defensoras
Elisa Bartoli (Roma), Lisa Boattin (Juventus), Laura Fusetti (Milan), Sara Gama (Juventus), Alia Guagni (Fiorentina), Elena Linari (Atlético de Madrid) e Linda Tucceri Cimini (Milan).

Meio-campistas
Manuela Giugliano (Milan), Alice Parisi (Fiorentina), Martina Rosucci (Juventus), Annamaria Serturini (Roma), Valentina Bergamaschi (Milan), Barbara Bonansea (Juventus) e Valentina Cernoia (Juventus).

Atacantes
Daniela Sabatino (Milan), Stefania Tarenzi (Chievo), Cristina Girelli (Juventus), Valentina Giacinti (Milan) e Ilaria Mauro (Fiorentina).

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