Serie A

Cavar a própria cova.

Pipocar, amarelar, entregar, tremer… gírias e adjetivos do futebol perfeitamente encaixáveis com aquele time que, há tempos, joga um futebol agradável, ofensivo e bonito… e não ganha nada expressivo.
A Roma provou, mais uma vez, que o fator mentalidade, ou simplesmente camisa, é diferencial em um campeonato de futebol, principalmente naqueles de pontos corridos. A squadra comandada por Luciano Spalletti consegue encantar e envergonhar seus próprios torcedores em períodos recordes de tempo. Abaixo, um breve resumo do porquê deste post.

Roma 2-2 Juventus

IV giornata
domingo – 23.09.2007

Clássico aguardado, emocionante do início ao fim, como não poderia deixar de ser. A Juve abre o placar em contra-ataque fulminante e cruzamento de Iaquinta para Trezeguet. Pouco tempo depois, Francesco Totti se livra de Criscito no jogo de corpo e, com tranqüilidade, finaliza para o gol de Buffon. Ainda no primeiro tempo, depois de jogada embolada da direita para o centro e vários rebotes, Francesco Totti novamente deixa o seu e vira o placar para os giallorossi. O Stadio Olimpico explode e seus torcedores também. No segundo tempo, Cicinho comete pênalti besta em Nedved. Ansiedade e expectativa cercaram o rigore de Del Piero, que, assim como sua partida, foi péssimo, isolando a bola. O lance daria mais confiança ainda à Roma. Jogo definido? Era o que parecia, até que, aos 88 minutos, Cicinho consegue a proeza de uma reversão lateral. Um lance aparentemente inofensivo, que culminou no cruzamento e cabeçada de Iaquinta, de costas para o gol, encobrindo o goleiro Doni. Rebosteio total da defesa, que deixou o ex-Udinese subir sozinho.

Iaquinta se antecipa com facilidade e encobre goleiro Doni.

Fiorentina 2-2 Roma
V giornata
quarta-feira – 26.09.2007

Impossível dizer que seria um jogo fácil, tanto para os mandantes, que não perdem em sua casa desde outubro do ano passado, quanto para os visitantes, que haviam perdido a defesa invicta e os 100% de aproveitamento na rodada anterior. A Roma inicia muito bem, e, aos dezenove minutos, abre o placar com Mancini. A vantagem só duraria cinco minutos, porque Gamberini diminuiria para os viola. Ainda no primeiro tempo, Giuly, em boa jogada romanista, põe os giallorossi de novo à frente no marcador. Até que, aos 38 minutos de segundo tempo, Ferrari faz isso:

Christian Vieri, no ápice de sua forma, corta para o meio, e Ferrari, zagueiro titular da Azzurra, sabendo que tomaria o gol pelo oportunismo e capacidade física do atacante, força uma falta fora da área para salvar a pátria, mesmo sabendo que seria expulso por ser o último homem. Verdade? Não. Christian Vieri, aos trancos e barrancos, corta para sua perna esquerda e perde um pouco do ângulo, enquanto isso, a defesa vinha se recompondo do outro lado da área. Ferrari, em um colapso de… Ferrari, comete uma infração totalmente desnecessária, que custaria nada menos que mais dois pontos à sua equipe.

Roma 4-4 Napoli

VIII giornata
sábado – 20.10.2007
Já dizia todo mundo, errar uma vez é humano, persistir no erro é burrice. E a Roma não só foi burra uma vez, como o fez por três vezes. Com o Stadio Olimpico vazio por conta de medidas de segurança, o Napoli fulminantemente abre o placar com Lavezzi, aos dois minutos. Aos trinta, Pizarro sofre pênalti claríssimo e Totti converte. No final do primeiro tempo, Perrotta, em posição duvidosa mas legal, vira o jogo para os romanistas. Voltam as equipes para a segunda etapa, e, junto delas, o primeiro erro romanista: Com quarenta segundos de jogo, a defesa não se acerta e, na dificuldade de isolar a bola, a mesma sobra para Hamsik, em partidaça, empatar a partida. Seis minutos depois, De Rossi arrisca um chute a trinta metros do gol, e Iezzo, em péssima noite, aceita um peru: 3 a 2 para a Roma. Aí vem o segundo pecado, doze minutos depois, Gargano acerta um petardo ‘nem tão petardo assim’ e Curci aceita. Aos oitenta minutos, uma falta contestável dá a chance dos giallorossi ampliarem: Pizarro enche o pé e conta com pequeno desvio da defesa para matar Iezzo. A Roma aparentemente mataria a partida. Aí, para surpresa geral da nação (ou não), Zalayeta aproveita-se de cruzamento em uma falta na linha de fundo e põe a bola nas redes, demonstrando excelente impulsão. Mais um balde de água fria para a squadra da capital.

O serviço da partida.

Empoli 2-2 Roma

XI giornata
domingo – 04.11.2007

Inacreditável, se ambas as equipes se enfretassem duzentas vezes, seria mais provável a Roma vencer duzentas e uma. Jogando com um time misto e, mesmo assim, de forma muito fácil, os giallorossi abrem o placar com Giuly, após receber bom passe de Pizarro. Com muita, muita, muita facilidade quando apertava, a Roma chegou ao segundo gol com Brighi, após jogada fantástica de Mancini pela esquerda. Na volta do intervalo, Spalletti, ativando seu modo estou com medo, tira de campo o francês para dar lugar a Tonetto, concentrando mais a marcação e, teoricamente, liberando Cicinho. O tempo passava e os únicos lances emocionantes eram as briguinhas entre Mancini e Raggi, esse segundo que injustamente não foi expulso de campo. Aos sessenta e nove minutos de jogo, Vannucchi, sempre ele, acerta um tirambaço e Doni fica parado, um golaço que daria nova vida à partida. Mais que isso, a Roma insistia em perder gols fáceis, criando facilmente oportunidades incríveis. De gota d’água, Vucinic entrou cara-a-cara com o goleiro Bassi (pela segunda vez), e, com grande chance de cortar e sair de frente para o gol vazio, preferiu chutar terrivelmente para fora. Crônica de uma morte anunciada para um time que, ao levar o jogo com total displicência, permitiu ao Empoli grande chance de pontuar. E o pior aconteceu. Aos noventa e três minutos, em falta muito duvidosa, Giovinco, naquele famoso “chutou ou cruzou?”, acertou as redes do absurdamente mal-posicionado Doni. Dois a dois, talvez a pior ducha de água fria, levando-se em conta a diferença ocêanica de nível entre os dois times.

E assim, desperdiçando oito pontos, a Roma segue em terceiro lugar, aguardando o derby d’Italia à tarde entre Juventus e Internazionale. Neste exato momento, poderia ocupar a liderança isolada, até com certa folga em relação aos demais.

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6 comentários

  • realmente lamentavel esses vacilos do time oito pontos perdidos todos com os jogos praticamente ganhos u_u

    é… agora resta torcer pra ninguem disparar muito cedo como foi na temporada passada

    Forza Roma!!!

  • Belíssimo texto Mateus, mostrou uma técnica fantástica na escrita.

    Sobre esses vacilos e pontos desperdiçados somos reincidentes, veja as duas últimas temporadas, não foi muito diverso disso.
    Agora é ter paciência e saber a hora certo de vencer!!!

  • Parabens para o blog. Encontrei-o por acaso navegando pela net.Sou romano, apaixonado pelo Brasil e torcedor do Roma e, ao contrario do que voces fazem, escrevo num blog italiano que se ocupa principalmente do futebol da America do Sul (e, obvio, eu falo sobre o futebol brasileiro). E’ engraçado mesmo saber que existem pessoas que fazem a mesma coisa do outro lado do Oceano tendo em foco o futebol do outro Pais. Se um dia voces estiverem interessados em visitar o blog aonde eu escrevo, irei passar o endereço pra voces.
    Abraço e forza Roma!
    Brahma

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