Jogos históricos

Jogos históricos: Milan 5-0 Real Madrid

O Real Madrid de Beenhakker, que dominava a liga espanhola, mas que não se firmava no cenário europeu, contra o Milan que ainda se formava a partir de um recém-chegado trio de holandeses que faria história no clube: Rijkaard, Gullit e Van Basten.

Se encontraram nas semifinais da Copa dos Campeões de 1989. O Milan buscava voltar a uma final do torneio, o que não ocorria há vinte anos. O Real queria se livrar da sina de ser eliminado nas semifinais, o que ocorrera nos últimos dois anos. A partida de ida, no Santiago Bernabéu, ficou empatada com gols de Hugo Sánchez e Van Basten.

Já o jogo de volta é até hoje considerado uma das maiores exibições individuais de uma equipe de futebol. O Real até pressionou no início, fazendo com que o goleiro Galli tivesse seu nome cantado pelos (muitos) milanistas presentes no estádio – Míchel e Schuster dominaram os primeiros quinze minutos no flanco direito. Até que Sanchís furasse uma bola na grande área, livre.

Movimentação de Baresi foi fundamental para soberania contra os espanhóis (Arquivo/AC Milan)

O susto fez com que o Milan passasse a pressionar e dominar a partida com um toque de bola acima da média. Aos 18 minutos, Gullit recebeu tijolo de Tassoti, dominou com categoria, limpou três e tocou para Ancelotti. Carletto driblou Schuster e encobriu Buyo da intermediária. Pouco depois, um lance criou confusão. Gordillo recebeu lançamento e ficou cara-a-cara com Galli, mas o auxiliar marcou impedimento. Nas regras de hoje, não haveria a marcação, já que Sánchez, o único impedido na jogada, não se fez ao lance.

O Real se afobava, o Milan fazia o jogo com classe. Llorente, totalmente perdido na ligação, também não recompunha o meio. Aos 24, Donadoni cobrou escanteio curto para Tassoti cruzar para Rijkaard. O holandês subiu mais alto que Gordillo e anotou o 2-0 para a formação de Sacchi. Pouco depois, Ponnet não assinalou pênalti claro de Galli em Butragueño. O que gerou protestos veementes dos madridistas e uma entrada criminosa de Martín Vázquez em Tassoti.

Aos 35, Míchel pegou de primeira um cruzamento de Gordillo e quase descontou. Mas quem levava perigo constante era a linha de meio-campo milanista e a torcida gritava olé a cada troca rápida de passes. Numa delas, pela esquerda, Donadoni tabelou com Gullit e foi à linha de fundo para cruzar para o 3-0, de Gullit. Outra vez, Gordillo perdia um cabeceio na grande área.

Van Basten anota o quarto da noite (Arquivo/AC Milan)

A previsão de Gullit estava certa: o Real deixaria o San Siro sem palavras. O trio holandês tratou de confirmar a situação no retorno do segundo tempo: Rijkaard lançou, Gullit ajeitou de cabeça e Van Basten dominou tirando de Chendo para empurrar para as redes. A torcida rossonera estava em delírio. Gritava olé, fazia ola. Ovacionava Donadoni, o nome da partida. Que cobraria escanteio curto para Tassoti, receberia de volta e marcaria o quinto gol na Quinta del Buitre, da esquina da área.

Gullit e Colombo deixaram o campo para a entrada do veterano Virdis e de Filippo Galli – que não é parente do goleiro Giovanni. A torcida dava show, o Real tentava seu gol de honra em um par de oportunidas mal concluídas e o Milan desfilava classe. Na hora do aperto, recuava para seu goleiro pegar com as mãos e lançar Donadoni ou Ancelotti – na época, o recuo com os pés ainda era válido.

O time de Sacchi, no mês seguinte, bateria o Steaua em Barcelona, levantando o terceiro título europeu da história do clube. O de Beenhakker, por outro lado, venceria o campeonato espanhol por duas vezes, antes de enfrentar quatro anos de jejum e ver o elipse de uma era.

Milan 5-0 Real Madrid (6-1, no agregado)
Local e data: Estádio San Siro, 19 de abril de 1989
Gols: 18’pt Ancelotti, 24’pt Rijkaard, 44’pt Gullit; 3’st Van Basten, 15’st Donadoni.
MILAN (4-4-1-1): Giovanni Galli; Tassoti, Costacurta, Baresi, Maldini; Colombo (21’st Filippo Galli), Rijkaard, Ancelotti, Donadoni; Gullit (13’st Virdis); Van Basten. Técnico: Arrigo Sacchi.
REAL MADRID (3-4-1-2): Buyo; Chendo, Gallego, Sanchís; Míchel, Schuster, Martín Vázquez, Gordillo; Paco Llorente; Butragueño, Hugo Sánchez. Técnico: Leo Beenhakker.
Árbitro: Alexis Ponnet (Bélgica).
Cartão amarelo: Hugo Sánchez.

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