Faltou futebol na quinta-feira à tarde? Horário propício para uma partida da Coppa Italia, então. Não a atual, mas uma das semifinais da temporada 1995-96, com narração de José Luiz Datena e comentários de Silvio Lancellotti. Com direito a convites para chamadas 0900, a apenas três reais por ligação.
A Inter havia chegado à semifinal após derrotar Venezia, Fiorenzuola e Lazio. A Fiorentina, passado por Ascoli, Lecce e Palermo. Na temporada 1995-96, a dupla Batistuta-Baiano guiava a Fiorentina por uma ótima campanha, enquanto a Inter dependia dos lampejos de Carbone. A diferença era clara: em fevereiro, semana do jogo, os viola eram os vice-líderes da Serie A; os nerazzurri não passavam da sétima colocação.
No último encontro entre as equipes, Batistuta havia atingido Roberto Carlos com uma cotovelada, o que gerara uma forte tensão pelas semanas seguintes – indignado, o lateral havia acusado que o único motivo de Batigol era sua inveja pelo futebol brasileiro. Os dois logo se reencontraram: o brasileiro entrou de forma mais forte no início do jogo e o argentino revidou no lance seguinte. Com outra cotovelada, que passou despercebida ao árbitro.
Bom para a Fiorentina. Armado no 4-4-2 típico da época, o time de Florença liberava Rui Costa quando estava com a bola, enquanto Schwarz o cobria no centro e Bigica recuava para evitar algum contra-ataque. Mesmo assim, foi do italiano o lançamento para Baiano ser puxado por Paganin de forma clara, na grande área. Na cobrança do pênalti, Batigol mandou no canto direito de Pagliuca.
Gol que derrubou a Inter, inofensiva no ataque. Sem ninguém para armar o jogo, considerando a inócua participação de Ince e Carbone, Ganz e Branca ficavam ilhados no ataque. O time só ressurgiu quando este último limpou dois na entrada da área e bateu forte para boa defesa de Toldo. Logo a seguir, Fresi cruzou na área e Amoruso falhou no corte, tirando das mãos do goleiro. A bola caiu no pé esquerdo de Roberto Carlos, que soltou um tirambaço de primeira para Ganz desviar para as redes.
O empate só tornou a partida mais truncada. Sem beleza e com várias jogadas ríspidas, Antenucci, auxiliar de Ranieri, se inconformava no banco – o técnico romano estava suspenso por ter insultado a arbitragem no último confronto contra o Palermo. Mesmo de fora, arquitetou a mudança que decidiria o jogo: Bigica deu lugar a Robbiati no intervalo e a Fiorentina passou a jogar num ousado 4-3-3, com ele aberto pela esquerda e Baiano pela direita.
A estratégia logo vingou, com Rui Costa cruzando para Batistuta nas costas de Festa. O artilheiro teve tranqüilidade para dominar no peito, por no ângulo reverso de Pagliuca e converter o lance num golaço. Mesmo com algumas jogadas mais técnicas, a partida se manteve violenta. Pairetto ficou apenas no cartão amarelo quando Cois quase tirou Zanetti de campo com um carrinho. No lance seguinte, deixou passar quando o mesmo Cois derrubou Ince na grande área.
Aos 20 minutos, Serena saiu machucado para a entrada de Sottil. E, surpresa, o zagueiro improvisado na lateral-esquerda logo levou perigo. Sottil desarmou Ganz, lançou para Baiano e correu para receber o cruzamento na área. Em um momento “agora eu si consagro!”, o defensor mandou a bola para fora do Artemio Franchi. Mesmo com a Inter apática e tendo em Roberto Carlos sua única arma ofensiva, Hodgson manteve até o fim o time que entrou em campo.
No fim do jogo, Branca dominou mal na entrada da área viola e a bola sobrou justamente nos pés de Rui Costa. Outra vez, o português lançou para Batistuta, de primeira, matar Pagliuca – seu oitavo gol contra o goleiro da seleção italiana. Com a tripletta, Batigol praticamente definiu a passagem da Fiorentina para a final da competição. No jogo de volta, ele ainda deixaria sua marca outra vez. Nas finais, duas vitórias contra a Atalanta deram ao time seu sexto título na Coppa, que não vinha desde 1975, com a geração de Antognoni.
Agradecimento ao amigo Marcus Buiatti por disponibilizar a partida.
Fiorentina 3-1 Inter
Data: 15 de fevereiro de 1996
Local: Artemio Franchi, de Florença
Motivo: Partida de ida, semifinal da Coppa Italia 1995-96
Gols: 14’pt Batistuta (pen), 32’pt Ganz; 2’st Batistuta, 41’st Batistuta
FIORENTINA (4-4-2): Toldo; Carnasciali, Padalino, Amoruso, Serena (20’st Sottil); Cois, Bigica (1’st Robbiati), Rui Costa, Schwarz; Baiano, Batistuta (42’st Bettoni). Banco: Mareggini, Banchelli. Técnico: Angelo Antenucci (Ranieri suspenso).
INTER (4-4-2): Pagliuca; Bergomi, Festa, Paganin, Roberto Carlos; Zanetti, Ince, Carbone, Fresi; Branca, Ganz. Banco: Landucci, Dell’Anno, Bianchi, Cinetti, Fontolan. Técnico: Roy Hodgson.
Braitner,
Parabéns pela coluna – adorei!
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