Serie A

Amarcord

A temporada italiana se abre oficialmente neste domingo, com o confronto entre Inter e Roma pela Supercoppa. Na decisão deste ano, o luto deve prevalecer do lado giallorosso, que perdeu seu presidente nesta semana. A última partida do time sem Franco Sensi no comando foi no longínquo 7 de novembro de 1993.

O confronto tem se tornado rotineiro entre as duas equipes, que disputarão a terceira Supercoppa seguida entre si como um tira-teima: em 2006, a Roma abriu 3 a 0 antes de levar a virada e ver o troféu continuar em Milão; em 2007, um pênalti cobrado por De Rossi vingou o time da capital.

Até a noite desta quinta-feira, o provável time a ser escalado por Mourinho passa por Júlio César; Maicon, Rivas, Burdisso, Maxwell; Zanetti, Cambiasso, Muntari (Stankovic); Figo, Ibrahimovic, Mancini. A Roma de Spalletti deve responder com Artur; Cicinho, Mexès, Juan, Tonetto (Riise); De Rossi, Pizarro; Perrotta, Aquilani, Vucinic; Júlio Baptista.

Para começar a nova temporada, vale enterrar de vez a passada, numa passada rápida por quem se destacou na Serie A 2007-08. Ou, em bom português, um balanço rápido com considerável atraso. Agradecimento especial ao pessoal que votou em cada uma das categorias – seus nomes seguem numa lista ao fim do post. E a Arthur Fujii, do blog Desenhos FC, que topou fazer a charge da seleção do campeonato.

Melhor jogador: Zlatan Ibrahimovic (Inter)
Na falta de Ibrahimovic, ficou óbvia sua importância. Nos doze jogos (a maioria no fim do segundo turno) em que o sueco ficou de fora, a Inter teve um aproveitamento de 66,7% de seus pontos e permitiu uma perigosa aproximação da Roma. Na prática, a “Ibradependência” toma o lugar da famigerada “Tottidependência”. Nos treze jogos sem o capitano romanista em campo, a Roma jamais foi derrotada e conseguiu 79,5% de seus pontos – curiosamente, aproveitamento maior que o da Inter com o sueco. Por sorte, Ibra retornou na última rodada, após dois meses parado: marcou os dois gols da vitória sobre o Parma, rebaixou o adversário e garantiu o scudetto para a Inter. Alessandro Del Piero (Juventus) e Daniele De Rossi (Roma) também foram citados.

Melhor técnico: Cesare Prandelli (Fiorentina)
Foi um ano de altos e baixos para Prandelli. Na temporada em que perdeu sua esposa Manuela, gravemente doente desde 2004, o técnico viola comandou pela primeira vez uma campanha rumo à Liga dos Campeões (ou pelo menos a primeira vaga que não foi retirada com as punições pós-calciopoli) após três temporadas superando expectativas em Florença. Com mais três anos de contrato, Prandelli ultrapassou de vez a fase de expectativas, já é realidade e figura entre os técnicos mais badalados do cenário nacional. Walter Mazzarri (Sampdoria), Luciano Spalletti (Roma) e Davide Ballardini (Cagliari) também foram citados.

Melhor contratação: Marek Hamsík (Napoli)
Revelação: Marek Hamsík (Napoli)
Eleito a revelação e a melhor contratação da temporada, dá para ter uma noção do bom futebol apresentado pelo eslovaco Hamsík, que veio do Brescia em junho por €5,5 milhões de euros. Meia técnico, tem no passe e nos lançamentos seu ponto forte. Ambidestro, também bate muito bem pro gol e se movimenta bem pelo meio-de campo. Chegou já convencendo e renovou seu contrato até 2013. Na categoria de “melhor contratação”, também foram mencionados Marco Borriello (Genoa), Antonio Cassano (Sampdoria), Gökhan Inler (Udinese), Alexandre Pato (Milan), Juan (Roma), Luis Jiménez (Inter) e Pablo Osvaldo (Fiorentina). Na de “revelação”, também tiveram votos Mario Balotelli (Inter), Sebastian Giovinco (Empoli), Robert Acquafresca (Cagliari) e Gökhan Inler (Udinese).

Pior contratação: Tiago (Juventus)
Se em algum momento a votação chegou perto de uma unanimidade, foi nesta categoria. Apenas cinco votantes do nosso colégio eleitoral não escolheram o meia português que custou absurdos €13 milhões para não fazer sequer uma partida decente – votos destinados para Almirón (também da Juventus) e um trio do Milan: Ibrahim Ba, Emerson e Ronaldo.

Decepção: Milan
Na categoria aberta para jogadores e times, sobrou pra muita gente. O Milan, quinto colocado na Serie A e relegado à disputa da Copa da Uefa, venceu a votação, que ainda teve, outra vez, Tiago (Juventus) e Ronaldo (Milan). O Palermo, que desta vez contou com Amauri por toda a temporada, também foi mencionado mais de uma vez. A Lazio e o Torino também foram escolhidos pelos votantes. Entre os outros jogadores, dois romanistas: Mauro Esposito e Mancini.

Surpresa: Siena
Totalmente aberta, eis a mais indefinida das categorias. O Siena contou três dos 19 votos para vencer. Entre os times, Sampdoria, Napoli, Fiorentina e Cagliari. Entre os jogadores, Antonio Cassano (Samp), Marco Borriello (Genoa), Sebastian Giovinco (Empoli), Julio Cruz (Inter) e até mesmo Alessandro Del Piero (Juventus). Até a “indefinição até a última rodada” teve seu voto.

Seleção do campeonato

De pé

Júlio César (Inter), Panucci (Roma), Gamberini (Fiorentina), Juan (Roma), Vargas (Catania), De Rossi (Roma).

Agachados

Cambiasso (Inter), Cassano (Sampdoria), Del Piero (Juventus), Mutu (Fiorentina), Ibrahimovic (Inter).

Reservas
Frey (Fiorentina), Zanetti (Inter), Zapata (Udinese), Hamsík (Napoli), Doni (Atalanta), Di Natale (Udinese) e Borriello (Genoa).

Votantes
Cassiano Ricardo Gobbet (Trivela)
Dassler Marques (Olheiros, Máquina do Esporte)
Eder Fantoni (Loucos pelo Calcio)
Gian Oddi (iG, A Bola na Bota)
Gustavo Vargas (Olheiros)
Filipe Lima (Blog do Filipe Lima)
Henrique Moretti (Fanáticos por Copa)
Leonardo Bertozzi (Trivela, Futebol Europeu)
Marcus Alves (Olheiros)
Michel Costa (Além das Quatro Linhas)
Roberto Piantino (Mercado Futebol)
Rodolfo Moura (Calcio Serie A)
Silvio Lancellotti (ESPN Brasil)
Ubiratan Leal (Trivela, Balípodo)
e a equipe do blog.

PS: o título do post remete a um filme dirigido pelo genial Fellini, na década de 70. Com um quê de autobiográfico, Amarcord deriva de “a m’arcord”, que no dialeto romanholo significa “io mi ricordo”, ou simplesmente “eu me recordo”.

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