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Pietro Vierchowod, o czar que conquistou a Itália

Quando o assunto é zagueiro, a Itália pode contar boas histórias. Uma delas vem do filho de um ex-combatente ucraniano do Exército Vermelho, o bergamasco Pietro Vierchowod, campeão italiano por Sampdoria e Roma e da Liga dos Campeões pela Juventus. Pela ascendência, ficou conhecido como Zar, palavra italiana para czar.

Criado nas categorias de base da Romanese, Vierchowod foi levado para o Como aos 17 anos, mas só quatro temporadas depois fez sua estreia na Serie A: em setembro de 1980, entrou em campo contra a Roma no primeiro jogo de Paulo Roberto Falcão pelos giallorossi. Em cinco épocas no clube lombardo, foram 136 partidas e oito gols, o suficiente para ser contratado pela Sampdoria do histórico presidente Paolo Mantovani no verão de 1981.

Pela Fiorentina, Vierchowod foi vice-campeão italiano e terminou convocado para a Copa de 1982 (Getty)

Mas os blucerchiati estavam na Serie B e o acordo permitia que Vierchowod não aceitasse descer de divisão: até que a Samp chegasse à primeira divisão, foram dois anos de empréstimo, um na Fiorentina e outro na Roma. Neste último, reencontrou Falcão e se tornou titular inamovível na temporada do segundo scudetto romanista, em 1983, no qual jogou todas as partidas. Sairia da capital para finalmente estrear na Sampdoria, recém-promovida para a Serie A.

Foram 12 anos atuando pelo clube doriano, com quase 500 jogos no período (foram exatamente 493), o que o levou a ser considerado por muitos o melhor zagueiro do futebol italiano. De quebra, foi protagonista da época mais vencedora da história da Samp e com essa camisa venceu quatro edições da Coppa Italia, uma Recopa Europeia e um scudetto histórico, em 1991, além do vice-campeonato da Copa dos Campeões do ano seguinte. Esses anos também lhe deram um grande prêmio simbólico: ser eleito por Diego Maradona o marcador mais chato contra o qual já jogara.

Vierchowod defendeu a Itália em três Mundiais (imago/Buzzi)

Em 1992, quase foi negociado com a Atalanta, mas o time o recusou por acreditar que o Zar já estava velho demais, aos 33 anos. Grande erro. Ao deixar a Sampdoria, em 1995, Vierchowod ainda jogaria por Juventus e Milan, além de ter uma curtíssima passagem pelo Perugia, antes de assinar pelo seu último time: se pelo Piacenza não conseguiu títulos, quebrou recordes ou voltou para a seleção italiana, fez mais do que o suficiente para aumentar o mito em torno de si, fazendo três ótimas temporadas pela Serie A. Vale destacar que antes, com a camisa da Velha Senhora, o zagueiro levantou a Champions League.

Em seu primeiro ano no Piacenza, já com 38 anos, o então jogador em atividade com mais presenças na Serie A anulou Ronaldo, que ganhava naquela temporada a alcunha de Fenômeno por seus incríveis jogos pela Inter. Contra Vierchowod, o recém-premiado Bola de Ouro nada pôde fazer. A ótima recuperação, a velocidade impressionante para um jogador tão alto, a impulsão e o desarme pareciam as mesmas de 21 anos atrás: no dia em Ronaldo nascia, o Zar já era titular do Como, pela Serie B.

O xerife da zaga foi um dos maiores jogadores da história da Samp (imago)

Terminou a carreira com uma expulsão contra o Perugia, em abril de 2000, com 41 anos e 10 meses e 562 jogos pela Serie A – só oito a menos do então recorde de Dino Zoff, depois superado por cinco outros jogadores. Pela seleção italiana, foram 45 partidas entre 1981 e 1993 e o título da Copa do Mundo de 1982, na qual não atuou sequer um minuto, porém. Como técnico, comandou Catania (Serie C1), Fiorentina (Serie C2) e Triestina (Serie B), além de clubes da Hungria e da Albânia, sem sucesso.

Pietro Vierchowod
Nascimento: 6 de abril de 1959, em Calcinate, Itália
Posição: zagueiro
Clubes como jogador: Romanese (1975-76), Como (1976-81), Fiorentina (1981-82), Roma (1982-83), Sampdoria (1983-95), Juventus (1995-96), Perugia (1996), Milan (1996-97) e Piacenza (1997-2000)
Títulos como jogador: Serie C1 (1979), Serie B (1980), Copa do Mundo (1982), Serie A (1983 e 1991), Coppa Italia (1985, 1988, 1989 e 1994), Recopa Uefa (1990), Supercopa Italiana (1991 e 1995) e Liga dos Campeões (1996)
Clubes como treinador: Catania (2001-02), Fiorentina (2002), Triestina (2005), Honvéd (2014) e Kamza (2018)
Seleção italiana: 45 partidas e 2 gols

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