Em janeiro de 1960 nascia um dos mais duros defensores que o futebol já conheceu: Mauro Tassotti. Terzino destro nascido em Roma, Tassotti começou sua carreira jogando pela Lazio, onde atuou profissionalmente entre os anos de 1978 e 1980 – antes, como juvenil, ajudou os celestes a faturarem três taças nacionais. Nesse período inicial entre os adultos, fez 47 partidas e não marcou nenhum gol. Tentos, aliás, não eram seu forte: em seus quase 20 anos de carreira, marcou apenas 10. Todos pelo Milan.
Seu trabalho era evitá-los. E foi muito bem sucedido. Ficou conhecido por sua grande técnica e competência milimétrica para fazer a linha de impedimento. Suas impecáveis atuações pelo lado direito faziam muitos críticos lembrarem do brasileiro Djalma Santos, campeão mundial com a seleção, na Copa de 1958.
Tassotti chegou a Milanello em um período complicado do clube, bem na época do escândalo de Totonero, e estreou pela equipe jogando a Serie B. Só a partir de 1986, com a renúncia do então presidente Giuseppe Farina e a compra da sociedade por Silvio Berlusconi é que o Milan voltou a viver grandes momentos. O projeto megalomaníaco, que queria “tornar o Milan o melhor time do mundo, com estilo de jogo espetacular”, começou a funcionar já na temporada 1987-88, com a contratação de Arrigo Sacchi para o lugar de Capello, no comando do time. Antes disso, Tassotti trabalhou ainda com o lendário Nils Liedholm.
Sob o comando de Liedholm e Capello o futebol do romano já tinha melhorado muito. Em suas próprias palavras: “quando cheguei em Milão, era bruto, pobre e limitado; bruto eu continuei, mas o Milan me mudou como homem e como jogador de futebol”. Porém, foi sob o comando de Sacchi e seu “futebol total”, com marcação por zonas e contínuas por pressão, perfeita linha de impedimento e conquista de espaços, que Tassotti evoluiu de verdade e passou a ser um dos melhores do mundo. Para compor a defesa junto com ele, chegaram Baresi, Costacurta e Maldini. Ali estava a base do time que ficou conhecido como Gli Immortali (Os imortais).
Já na temporada 1987-88 veio a conquista do scudetto, após nove anos na fila. No ano seguinte, as atenções voltaram-se para a Liga dos Campeões, que o clube não vencia desde o final da década de 60. Com a melhor defesa do mundo na época, um meio-campo formado por Ancelotti, Rijkaard, Colombo e Donadoni, e um ataque que tinha Gullit e Van Basten, foi fácil levar o caneco para Milão: na final, 4 a 0, contra o Steaua Bucareste.
Os anos vitoriosos no Milan continuaram e Tassotti conseguiu, finalmente, ser convocado para a nazionale, aos 32 anos de idade. Compunha a defesa azzurra com os mesmos companheiros do Milan. Em 1994, estava entre os selecionados de Sacchi, agora treinador da seleção, para a Copa do Mundo.
Sua participação na Copa e na seleção, no entanto, acabou da pior maneira possível: nas quartas-de-final, contra a Espanha, deu uma cotovelada em Luis Enrique, que não foi vista pelo trio de arbitragem. Imagens da TV ajudaram a impor-lhe uma suspensão pesada: oito jogos. Tassotti ficou de fora do resto do torneio e nunca mais foi convocado. Posteriormente, pediu desculpas públicas ao espanhol.
Sua última partida como jogador profissional foi dia 1º de junho de 1997, contra o Cagliari, no San Siro, poucos meses após a morte precoce de sua esposa, Antonella Peraboni, que foi vítima de câncer aos 32 anos – o casal teve dois filhos. Apesar do trauma recente, o adeus ocorreu sem muita pompa, como foi durante toda sua carreira. Afinal, naquele dia, também se despedia Franco Baresi.
Os holofotes nunca estiveram virados para Tassotti, que, porém, sempre foi essencial para o bom funcionamento da defesa rossonera e jamais será esquecido pelos milanistas. Foram 17 anos consecutivos jogando como titular do setor, acumulando 583 aparições e 10 gols.
Logo que deixou os gramados, começou a treinar o time Primavera do Milan. Por lá ficou de 1997 a 2001, tempo suficiente para conquistar duas edições da Copa Viareggio. Em 2001, tornou-se auxiliar técnico do time, função que ocupou até 2015, com dois períodos como treinador interino da equipe principal – um mais longo, em 2001, e por apenas um jogo, em 2014. Tassotti foi olheiro do Diavolo em 2015-16 e, depois, se tornou braço direito de Andriy Shevchenko, outro ídolo rossonero: foi seu assistente na seleção da Ucrânia entre 2016 e 2021 e no Genoa, em 2021-22. Em 2024, quando Sheva assumiu a Federação Ucraniana de Futebol, o italiano se tornou vice-presidente da entidade. E permaneceu por pouco tempo por causa de seu amor. Em 2025, voltou para Milão como auxiliar de Daniele Bonera no Milan Futuro, time sub-23 dos lombardos na Serie C.
Mauro Tassotti
Nascimento: 19 de janeiro de 1960, em Roma, Itália
Posição: lateral-direito
Clubes como jogador: Lazio (1978-80) e Milan (1980-97)
Títulos como jogador: Campeonato Allievi Nazionali (1977 e 1978), Coppa Italia Pimavera (1978), Serie B (1981 e 1983), Copa Mitropa (1982), Serie A (1988, 1992, 1993, 1994 e 1996), Supercopa Italiana (1988, 1992, 1993 e 1994), Copa/Liga dos Campeões (1989, 1990 e 1994), Supercopa Uefa (1989, 1990 e 1994) e Copa Intercontinental (1989 e 1990)
Clubes como treinador: Milan (2001 e 2014)
Títulos como treinador: Copa Viareggio (1999 e 2001)
Seleção italiana: 7 jogos
TASSOTTI ÍDOLO DEMAIS.
Eterno!
Baita texto.Abraços.
Vc que escreveu é Milanista hein.
Admita.Vc nao resiste a nós,ahaha!
Parabéns!
HAHAHAHA milanista só nesse final de semana, contra a Inter. Pelo bem do campeonato. 🙂 No mais, beem longe disso. auehauheuea
E tem como não elogiar um time desse?
Galli; Tassotti, Costacurta, Baresi e Maldini; Ancelotti, Rijkaard, Colombo e Donadoni; Gullit e Van Basten.
auehauehaueha abraço!