Quando a Juventus confirmou a demissão de Ciro Ferrara, a Serie A atingiu um índice altíssimo. São dez os times que trocaram de comando técnico – metade dos participantes do campeonato. De quebra, foi estabelecido um recorde na Serie A, que até agora só havia visto mudança em nove times, em três temporadas: 2004-05, 2006-07 e 2007-08. Ao contrário do pensamento habitual, que prevê que troca de técnico geralmente é um recurso que abala e atrapalha o rendimento da equipe em médio prazo, as mudanças têm sido muito bem sucedidas na Itália. Só a Udinese viu seu aproveitamento cair com um novo treinador.
Duas das mudanças mais bem sucedidas se deram no Napoli e no Palermo. No time partenopeu, Donadoni fazia uma temporada destrosa e pagava pela bagunça societária que reinava em Nápoles desde a saída de Edy Reja e a entrada definitiva do presidente Aurelio Di Laurentiis nos holofotes. Caiu com um aproveitamento horrível para as pretensões do clube e levou consigo o experiente diretor-geral Pierpaolo Marino. Um bom trabalho de Mazzarri parecia impraticável. Mas il Mago engatou uma sequência de invencibilidade desde sua chegada e já são 14 jogos da Serie A sem perder. Para isso, tem contado com a grande subida de rendimento de Maggio e De Sanctis em suas mãos. Outro trunfo foi Grava, lateral-direito coadjuvante nos últimos anos que tem feito ótimas partidas como zagueiro. Por outro lado, Hamsík se perdeu um pouco jogando mais adiantado e a próxima missão de Mazzarri é recolocá-lo nos eixos do time. A vaga na Liga dos Campeões não é mais só um sonho.
Quem passou a sonhar com esta vaga é o Palermo. Nada mal para um time que começou o campeonato ouvindo seu técnico falar em disputa por título e o viu demitido 12 rodadas depois, com os rosanero numa modesta 11ª posição. Zenga, que trocara o Catania pelo maior rival, sofreu ao apostar em jogadores (Migliaccio, Bertolo, Pastore) fora de suas posições. Rubinho, que chegou para substituir Amelia no gol, também foi medonho. Delio Rossi chegou e já conseguiu, com quatro jogos a menos, o mesmo número de pontos que Zenga. Confirmou publicamente a titularidade do jovem Sirigu entre as traves, reencontrou a melhor posição de Fábio Simplício, montou uma defesa sólida com os laterais Cassani e Balzaretti em grande fase e, principalmente, pôde confiar em Miccoli nos grandes jogos. Agora na quinta posição, o Palermo tem tudo para voltar a uma competição europeia.
Outra grande recuperação após troca de comando é a da Roma. Spalletti, no comando de um time viciado e prepotente, pediu demissão depois de duas derrotas e, de longe, viu o ambiente romanista mudar demais. Aquele mesmo time que parecia lutar apenas para ficar na parte de cima na tabela, já fala em alcançar pelo menos uma das vagas diretas na Liga dos Campeões. A vontade e mentalidade em campo é a mesma dos tempos vitoriosos de Fabio Capello, algo impensável há alguns meses. Ranieri, notadamente romano e romanista, não teve um começo espetacular. Mas teve muito do mérito ao reformar um time usando os mesmos jogadores que Spalletti tinha em mãos: no gol, deu espaço a Julio Sergio, que colocou Doni no banco e se confirmou entre os melhores da Serie A. Na defesa, ressuscitou Juan e Cassetti e continuou aprimorando a fase ofensiva de Riise. No meio-campo, um indispensável Pizarro mostra seu melhor futebol desde que chegou à capital.
As subidas de Bologna e Catania também chamam atenção. Há dois meses, estavam entre os mais prováveis rebaixáveis, mas tornaram-se outros ao mudar o comando. A presidente Menarini confirmou Papadopulo como técnico para a temporada durante os difíceis tempos de vendas e desvendas de seu clube para o albanês Rezart Taçi. Por sorte, não persistiu no erro por muito tempo e apostou em Colomba, que tem trabalhado muito o aspecto físico do time. Assim, recuperou o artilheiro Di Vaio e o zagueiro Britos, já desejado por meia Serie A. Colomba também tem pontos por ter apostado no argentino Giménez. Nos dois últimos jogos do time, foi o melhor em campo. Já Mihajlovic deu um jeito na defesa de seu Catania. Spolli mostrou a que veio e, aos 26 anos, Potenza tem recuperado como lateral-direito o futebol que lhe dera a fama de ser um dos melhores de sua geração. Nota positiva também para o bom aproveitamento do uruguaio Martínez, que havia sumido na temporada passada. O Catania ainda está na zona de rebaixamento, mas talvez não continue lá por muito tempo. Confira as estatísticas:
Zac (Alberto Zaccheroni) deve acertar com a Juve hj. Não treina um time desde 2007, quando esteve no Torino. A Juve ainda tentou tirar o Benitez do Liverpool, mas não conseguiu. Zac assina até junho. Acho que, para um mandato tampão, deveria ser um cara mais ligado ao clube, tipo Gentile.
Ricardo.
Acho que o Gentile não foi chamado porque não querem mais queimar o pessoal ligado ao clube esse ano. Mas o Zac tá longe de ser uma boa opção… Quanto ao Benítez, ele é mais opção pra julho.
Talvez o que tenha pesado contra o Gentile é o fato dele nunca ter treinado na Série A. Aliás, eu acho que ele nunca treinou time principal, somente categorias de base.
Ricardo.