Gols. Era isso que Giuseppe Signori trazia para os times em que jogava. O veloz atacante, dono de uma das pernas esquerdas mais afiadas que o futebol italiano já viu, fez história entre o final dos anos 80 e o início dos anos 2000. A bola parada também era uma arma praticamente mortal para Beppe. Além das ótimas cobranças de falta, Signori tinha um estilo peculiar de bater pênaltis: não tomava distância superior a três passos da bola e, normalmente, não falhava.
Antes de se profissionalizar, Giuseppe Signori passou três anos nos juvenis da Inter, até ser dispensado por ser baixo. O atacante não desistiu e iniciou a carreira no AlbinoLeffe, de Bérgamo. Muito jovem, Beppe ajudou a equipe no acesso à Serie C2, marcando cinco vezes em oito jogos. Porém, no ano seguinte, os lanieri voltaram à Divisão Interregionale – o quinto nível do futebol italiano, à época.
Depois de mais uma temporada como titular na Lombardia, Signori se transferiu ao Piacenza, time pelo qual venceu a antiga Serie C1, mesmo sem ser titular. Após um ano sem sucesso pelos lobos, acabou emprestado ao Trento, onde também não conseguiu marcar muitos gols. Na volta à equipe biancorossa, na Serie B, foi titular, mas acabou rebaixado.
Signori acabou sendo negociado com o Foggia, recém-promovido à Serie B, e, aí, sua carreira mudou: no sul da Itália, o atacante começou a aumentar a sua média de gols. Trabalhando junto com o treinador Zdenek Zeman, que privilegiava o jogo ofensivo e armava a equipe no 4-3-3, com o ótimo tridente ofensivo composto pelo próprio Signori, além de Baiano e Rambaudi.
Na primeira temporada, Signori marcou 14 gols e, na temporada 1990-91, com mais 11 gols do atacante, os satanelli conseguiram o acesso para a Serie A, que ficou conhecido como o “Milagre de Foggia”. Em seu debute na principal divisão do futebol italiano, Signori marcou novamente 11 gols na primeira das três ótimas temporadas dos rossoneri na elite. O bom desempenho lhe garantiu a primeira convocação para a Nazionale e também uma transferência para a Lazio, em 1992. Logo na segunda partida vestindo o azzurro da Itália, contra a Irlanda, o atacante marcou. A seleção se tornaria rotina para ele.
Os aquilotti receberam muito bem o centroavante e sua retribuição veio em campo. Em sua primeira partida, contra a Sampdoria, no estádio Luigi Ferraris, ele anotou uma doppietta, em um empate por 3 a 3. A temporada na equipe da capital foi ótima e Signori sagrou-se artilheiro da Serie A com 26 gols, o maior número alcançado por ele na carreira. Seus gols conduziram os laziali ao quinto posto, que garantiu a vaga na Copa Uefa, quinze anos após a última participação capitolina em competições europeias, quando a equipe ainda tinha o artilheiro Bruno Giordano. A partir de então, Signori tornou-se o líder da equipe.
Na competição continental, a Lazio treinada por Dino Zoff não teve sucesso, mas no campeonato italiano, a Lazio chegou à quarta colocação e Beppe, autor de 23 gols, chegou mais uma vez à artilharia, o que lhe garantiu vaga na seleção italiana de Arrigo Sacchi, que foi aos Estados Unidos disputar a Copa do Mundo de 1994.
Vestindo a camisa 20, Giuseppe Signori participou de seis partidas na campanha italiana, mas foi empregado por Sacchi como atacante em apenas uma oportunidade, tendo sido mais utilizado como meio-campista, embora tenha feito 48 gols em 56 partidas pela Lazio ao longo de dois anos. Por jogar fora de posição, acabou se desentendendo com o treinador nas semifinais, contra a Bulgária, e não entrou em campo na final, contra o Brasil. Depois do Mundial, o atacante laziale jogou apenas mais seis vezes com a Squadra Azzurra e como ocorreu nos Estados Unidos, não conseguiu balançar as redes, finalizando sua história na seleção em 1995, com 28 jogos e sete gols.
Para a Serie A de 1994-95, a Lazio contratou Zeman e, assim, a parceria entre o atacante o treinador foi reeditada – assim como aquela com Rambaudi, que chegou com o treinador. Signori novamente liderou os aquilotti e seus 17 gols contribuíram para o time ficar com o melhor ataque da competição e também ser vice-campeão italiano, além de chegar às semifinais da Coppa Italia e às quartas de final da Copa Uefa.
Foi a melhor temporada da Lazio desde o título italiano de 1973-74, conquistado por Tommaso Maestrelli. A idolatria da torcida ao camisa 11 era tamanha que, em 1995, ele chegou a ter uma transfrência confirmada para o Parma, mas a enorme revolta da torcida fez com que a diretoria voltasse atrás nessa decisão.
O artilheiro respondeu em campo ao apoio da torcida e, na temporada 1995-96, com 24 gols na Serie A, foi novamente o artilheiro, ao lado do barês Igor Protti, levando a Lazio no terceiro posto. Porém, o desempenho não foi capaz de convencer Sacchi e o jogador ficou de fora da Euro 1996. Com a saída de Zeman e a volta de Zoff, no meio da temporada 1996-1997, a Lazio passa por uma reformulação e Signori, no entanto, continua como capitão e principal jogador.
Na temporada seguinte, a contratação de Sven-Göran Eriksson na temporada 1997-98 trouxe reforços como Vladimir Jugovic, Matías Almeyda e Roberto Mancini, mas limita os espaços de Signori, cada vez mais relegado ao banco, no esquema tático de Eriksson. Signori “comemora” seu primeiro título com a Lazio nesta temporada: o camisa 11 marcou seis vezes na campanha campeã da Coppa Italia, mas ficou de fora da reta final, já que optou por ser emprestado para a Sampdoria, vendo seu espaço diminuir após a contratação do ex-doriano Mancini. A passagem pelos blucerchiati foi rápida e sem destaque, mas o atacante acabou não retornando à Lazio: estava pronto para respirar novos ares.
Ao final da temporada, Beppe se transferiu para o Bologna, onde reencontrou a titularidade e voltou a marcar gols em grande quantidade. Assim, ele ajudou os rossoblù na reta final da Copa Intertoto, que valeu a classificação para a Copa Uefa, competição na qual Signori marcou seis gols.
Um dos jogadores mais representativos da época que Francesco Guidolin treinou a equipe emiliana, Giuseppe Signori disputou seis campeonatos italianos com o Bologna e, nesse período, marcou 67 gols. Dessa forma, o atacante chegou a marca de 188 gols em toda a sua carreira na Serie A, o que lhe garante o oitavo posto entre os maiores artilheiros da história da competição, com a melhor média da história.
Antes de pendurar as chuteiras, Beppe fez amistosos na China com a camisa do Milan, em 2004, e depois passou uma temporada na Grécia, com o Iraklis Thessaloniki. Seu último clube foi o húngaro Sopron, onde também passou apenas um ano. Dois anos após a sua última experiência na Serie A, o eterno artilheiro encerrou a carreira oficialmente.
Giuseppe Signori seguiu ligado ao futebol. Primeiro foi comentarista da RAI, onde começou na Copa de 2006. Em 2008, o ex-atacante tentou a carreira de consultor administrativo na Ternana, mas entrou em litígio com a direção do clube, pródiga em polêmicas, e voltou ao trabalho de comentarista, ao qual se dedica até hoje, fazendo parte da equipe esportiva da Mediaset Premium.
Giuseppe Signori
Nascimento: 17 de fevereiro de 1968, em Alzano Lombardo, Itália
Posição: atacante
Clubes: Inter (1981-84), AlbinoLeffe (1984-86), Piacenza (1986-89), Trento (1987-88), Foggia (1989-92), Lazio (1992-97), Sampdoria (1998), Bologna (1998-04), Iraklis (2004-05) e Sopron (2005-06)
Títulos: Campeonato Interregionale (1985), Serie C1 (1987), Serie B (1991), Coppa Italia (1998) e Copa Intertoto (1998)
Seleção italiana: 28 partidas e sete gols