Um dos maiores zagueiros das décadas de 1990 e 2000, Lilian Thuram não saiu dos noticiários depois de se aposentar. Seja porque gerou dois filhos muito bons de bola e os acompanha frequentemente nos estádios italianos, seja por não fazer rodeios ao se posicionar politicamente. Por exemplo, em todos os anos de eleição na França ou quando defendeu Balotelli, ofendido pela torcida do Chievo, e afirmou que a Itália ainda é uma nação racista. As declarações aconteceram em 2010, no lançamento do seu livro “As minhas estrelas negras”, no qual Thuram conta histórias de grandes personagens negros e aborda com seriedade o preconceito racial.
Nascido na colônia francesa de Guadalupe, no Caribe, o ex-zagueiro sempre chamou atenção por suas declarações fortes e pela clareza com que fala sobre questões sociais. Não à toa, criou a Fundação Lilian Thuram – Educação contra o racismo. O grande homem fora das quatro linhas também brilhou muito nos gramados.
Antes mesmo do final de sua carreira, já ocupava um lugar na história do futebol. Thuram entrou para o hall dos grandes jogadores franceses, que conta com ídolos como Michel Platini e Zinédine Zidane. Para muitos, o homem que, por bastante tempo, foi mais aquele que mais vezes vestiu a camisa dos Bleus (142, sendo superado posteriormente pelas 145 partidas de Hugo Lloris) é o melhor zagueiro da história da seleção. Para conquistar tamanho respeito, ajudou a França nas campanhas vitoriosas da Copa de 1998 e da Euro 2000, alcançando feito inédito.
Sua estreia no futebol profissional foi em 1991, com 19 anos, pelo Monaco. E apesar de ter participado apenas de uma partida naquela temporada, juntou o primeiro título a seu currículo: a Copa da França. Na temporada seguinte, conseguiu a titularidade e não abandonou mais o posto, por cinco anos. O melhor feito foi chegar à final da Recopa Uefa, em 1992. Foi também jogando pelo time do principado que conseguiu sua primeira convocação para a seleção francesa.
Na Eurocopa de 1996, viu, do banco de reservas, a França ser eliminada para a República Checa do jovem Nedved, nas semifinais. Ao menos aprendeu um pouco e ganhou experiência com os titulares Laurent Blanc e Marcel Desailly. Depois da competição, partiu para a Itália, onde jogaria pelo Parma de Calisto Tanzi, presidente da Parmalat. Começava ali uma era memorável dos gialloblù. Na defesa, o time contava também com os jovens promissores Gianluigi Buffon e Fabio Cannavaro. Carlo Ancelotti era o técnico.
Logo em sua temporada de estreia, o Parma já contava com a jovem defesa mostrando do que era capaz e alcançou um grandíssimo segundo lugar no Campeonato Italiano, perdido por apenas dois pontos, para a Juventus. Na Liga dos Campeões do ano seguinte, um aprendizado: o bom jogo de defesa, mas com ataque deficiente não era suficiente para ir longe na Europa e o Parma caiu ainda na fase de grupos. Na temporada seguinte, então, já com Alberto Malesani no comando, o time conquistou a Copa Uefa, a Coppa Italia e a Supercopa Italiana.
Nesse meio tempo, Thuram já tinha se consagrado como um dos maiores zagueiros do mundo, por ter vencido a Copa do Mundo da França, no ano anterior. Foi considerado um dos melhores defensores da competição, ao lado de Desailly, Frank de Boer, Gamarra e Roberto Carlos, e também o terceiro melhor jogador do torneio. Dois anos depois, venceria ainda a Eurocopa, cravando seu nome entre os grandes. Fez parte da única seleção a conquistar, seguidamente, a Copa do Mundo e a Euro. Ainda, marcou seus dois únicos gols pela seleção na semifinal da Copa de 1998, jogada em casa, virando um jogo contra a Croácia e classificando a seleção francesa para a finalíssima contra o Brasil.
Em 2001, com o valor de seu passe nas alturas, foi comprado pela Juventus por cerca de 33 milhões de euros. O time de Turim ainda destinou parte das divisas de seus cofres ao time emiliano ao adquirir também Buffon, na transferência mais cara da história dos goleiros: 48 milhões de euros. Assim, a Juve comprava a melhor defesa do mundo e preparava-se para levar mais um scudetto. Com Thuram jogando de lateral direito no esquema montado por Marcello Lippi, a Juve quebrou os três anos de jejum na Serie A e venceu a competição, ficando um ponto à frente da Roma. Foi também o ano da decepção com a seleção francesa, eliminada na fase de grupos da Copa de 2002.
No ano seguinte, mais uma vitória no Campeonato Italiano. Porém, a derrota para o Milan na final da Liga dos Campeões foi o ponto marcante da temporada. Em 2004, a Juventus contratou o técnico Fabio Capello e Thuram se reencontrou com Fabio Cannavaro, de quem havia sido companheiro em Parma. A chegada do italiano fez com que Capello deslocasse o francês para o miolo da zaga, deixando o flanco direito para Zebina. Do outro lado, Zambrotta compunha uma das mais caras e mais temidas defesas do mundo. Assim, o time venceu mais dois scudetti (estes, revogados posteriormente).
Após o calciopoli e a queda da Juventus para a Serie B chegava a hora de Thuram se despedir do futebol italiano. Foram 10 anos atuando na bota, computando 201 jogos pelo Parma e 145 pela Juve, nos melhores anos de sua carreira. Já com 34 anos, foi vendido por 5 milhões de euros para o Barcelona. Neste ínterim, conquistou o vice-campeonato mundial com a França na Copa da Alemanha, exatamente contra a Itália.
No Barça, a idade já avançada e a disputa com Puyol e Rafa Márquez deixaram Thuram de fora da maior parte das partidas. Ainda assim, foi convocado para a seleção que disputou a Euro 2008. Depois da derrota para a Itália, que deixava a França de fora das fases finais do torneio, anunciou sua aposentadoria da seleção. Também não atuou mais pelo Barça. Na verdade, não jogou mais futebol: estava prestes a assinar com o Paris Saint-Germain, quando os exames médicos indicaram problemas cardíacos e lhe foi recomendado não praticar mais o esporte em alto nível.
Sem dúvidas, o zagueirão teve um fim de carreira pouco usual para um jogador de história tão rica. Vale destacar, contudo, que Lilian deixou grandes frutos: Marcus e Khéphren Thuram, seus filhos nascidos na Itália (em Parma e Reggio Emilia, respectivamente) se tornaram grandes atletas, com passagens pela seleção francesa e por equipes como Inter e Juventus.
Lilian Thuram
Nascimento: 1º de janeiro de 1972, em Pointe-à-Pitre, Guadalupe
Posição: zagueiro e lateral-direito
Clubes: Monaco (1991-96), Parma (1996-2001), Juventus (2001-06) e Barcelona (2006-08)
Títulos: Copa da França (1991), Copa do Mundo (1998), Copa Uefa (1999), Coppa Italia (1999), Supercopa Italiana (1999, 2002 e 2003), Eurocopa (2000), Serie A (2002 e 2003) e Supercopa da Espanha (2006)
Seleção francesa: 142 jogos e 2 gols
Zagueiraço.
Show demais essa foto. Grandes lembranças.
Zagueirão Da Figan Vei
Jogavaa di Maiis
Esse ai é fera. Forte e técnico, mas o que mais importa são suas opiniões sobre o racismo. Por mais jogadores com Lilian Thuran
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