Serie A

Os melhores da Serie A 2009-10

Titulares: Julio Sergio; Maicon, Lúcio, Samuel, Riise; Palombo, Pastore, Sneijder; Miccoli, Milito e Di Natale. Reservas: Storari, Cassani, Thiago Silva, Cambiasso, Pizarro, Jovetic e Ronaldinho. Técnico: Claudio Ranieri. Nestes nomes, está o que o campeonato italiano viu de melhor em termos de jogadores durante suas 38 rodadas. A equipe do Quattro Tratti votou para eleger a seleção da temporada recém-finalizada da Serie A, com direito a banco para sete suplentes. Confira cada um deles, nome a nome:

 

No país dos grandes goleiros, um coadjuvante brasileiro deu as caras de forma inesperada (Reuters)

Julio Sergio (Roma)
Jogos: 30
Gols sofridos: 29
Cartões: nenhum
Melhor partida: Fiorentina 0-1 Roma, 23ª rodada
Aquele que já foi tido como país dos melhores defensores do mundo pode rever seus conceitos. A começar do gol. Com Julio Sergio em campo, a Roma só saiu derrotada duas vezes em 30 partidas, uma marca notável para aquele que, sob o comando de Spalletti, era o “melhor terceiro goleiro do mundo”. A briga com Doni pela titularidade só durou até um confronto com a Inter, quando o ex-reserva fechou a defesa, garantiu a vitória e o posto que hoje lhe rendeu uma renovação contratual até 2014 – nada mal para quem quase foi para o Grosseto, há dez meses. Mas não faltaram candidatos italianos ao posto de Julio Sergio, a bem da verdade. Menção honrosa para Storari (Sampdoria), Sirigu (Palermo), Viviano (Bologna) e Curci (Siena).

Maicon (Inter)
Jogos: 33
Gols: 6
Assistências: 11
Cartões: 7 amarelos, 1 vermelho
Melhor partida: Genoa 0-5 Inter, 8ª rodada
É fácil medir o atual estágio em que Maicon se encontra. Basta olhar para a seleção brasileira e perceber que não há clamor para que o fantástico Daniel Alves assuma seu lugar na lateral-direita do time de Dunga. O início de temporada de Maicon não foi bom, mas logo o ex-jogador do Cruzeiro se recuperou para se confirmar como um dos pilares do já histórico time de José Mourinho. Em sua quarta temporada na Serie A, esbanjou uma eficiência ofensiva até então desconhecida. E passou para trás seus concorrentes pelo posto, bem menos brilhantes, Cassani (Palermo) e Andrea Masiello (Bari).

Lúcio (Inter)
Jogos: 31
Gols: 1
Assistências: 3
Cartões: 4 amarelos, 1 vermelho
Melhor partida: Inter 0-0 Sampdoria, 25ª rodada
Como se ainda precisasse, foi contra a Sampdoria que o ex-zagueiro do Bayern de Munique mostrou a que veio. Com as duas expulsões do time nerazzurro ainda no primeiro tempo, Lúcio ficou sobrecarregado na defesa, mas se mostrou um gigante e ainda arriscou suas subidas ao ataque, é claro. Titular absoluto desde sua chegada a Milão, o brasileiro só ficou de fora quando esteve suspenso ou lesionado e se mostrou confiável para se tornar o espírito defensivo que faltava para a Inter. Especialmente quando esteve ao lado de…

Walter Samuel (Inter)
Jogos: 28
Gols: 3
Assistências: nenhuma
Cartões: 9 amarelos, 1 vermelho
Melhor partida: Inter 2-0 Milan, 21ª rodada
Ele jogou desde o início da temporada, mas parecia não animar, nem convencer. José Mourinho fez alguns testes por ali, mas logo o argentino provou a alcunha de The Wall (O Muro), recebida em seus tempos de Roma. Falando em Roma, foi a melhor temporada de Samuel desde que saiu da capital. Desta vez, praticamente não sofreu com problemas físicos – ao menos a partir de novembro – e foi eficiente por cima e por baixo, funcionando como referência para linhas de marcação. E chegando mais “firme”, quando necessário. Notáveis as exibições de Thiago Silva (Milan), Gastaldello (Sampdoria), Yepes (Chievo), Burdisso (Roma) e Grava (Napoli).

John Arne Riise (Roma)
Jogos: 36
Gols: 5
Assistências: nenhuma
Cartões: 5 amarelos
Melhor partida: Juventus 1-2 Roma, 21ª rodada
Em outra temporada privada de grandes laterais, Riise ganhou fácil da pouca concorrência que teve. Foi incomodado, no máximo, por Mantovani (Chievo) e Salvatore Masiello (Bari). Ainda que não tenha dado qualquer assistência para gol, o norueguês recuperou com Ranieri seu bom futebol dos tempos áureos de Liverpool e parecia um garoto pelo lado esquerdo da Roma. Marcando com atenção de uma forma enferrujada e subindo com perigo ao ataque, Riise foi fundamental na caminhada que botou os giallorossi tão perto do título italiano.

Capitão pra toda a vida, Palombo foi o símbolo de uma eficiente Sampdoria (Getty Images)

Angelo Palombo (Sampdoria)
Jogos: 36
Gols: 2
Assistências: 2
Cartões: 6 amarelos
Melhor partida: Sampdoria 2-0 Fiorentina, 24ª rodada
O capitão doriano encarnou com perfeição a figura de regente do meio-campo de um time bem encaixado e que jogou de forma bastante eficiente durante quase todo a Serie A. Com Poli ou Tissone sempre a seu lado para segurar o tranco mais forte da marcação, desta vez Palombo ganhou mais responsabilidades ofensivas e pôde arriscar passes e lançamentos em profusão. Bom para a torcida da Sampdoria, que viu sua maior bandeira evoluir ainda mais numa temporada de final tão feliz.

Javier Pastore (Palermo)
Jogos: 34
Gols: 3
Assistências: 9
Cartões: 5 amarelos
Melhor partida: Genoa 2-2 Palermo, 30ª rodada
Com uma evolução ainda mais rápida que a de Palombo, Pastore não demorou a atravessar a linha que separa listas tão diferentes. Deixou de ser decepção para se tornar um dos grandes. Aposta alta de Zamparini, o argentino começou muito mal sua carreira em rosanero, mas contou com um fator determinante para a reviravolta: a contratação de Delio Rossi, que mandou Simplício para o banco e encaixou Pastore na armação do Palermo. Essencial na disputa pela vaga à Liga dos Campeões que bateu à porta, com belos chutes e passes milimétricos, o meia já é cortejado pelos gigantes europeus.

Wesley Sneijder (Inter)
Jogos: 26
Gols: 4
Assistências: 8
Cartões: 3 amarelos, 2 vermelhos
Melhor partida: Milan 0-4 Inter, 2ª rodada
Procura-se armador. A Inter entrou na temporada ainda sem a solução que José Mourinho tanto reclamava para sua equipe. Faltava um elo entre meio-campo e ataque, para dar ritmo ao jogo, e, claro, decidir partidas duras. Pois Sneijder chegou de imprevisto, como refugo do Real Madrid. E estreou menos de 24 horas depois de seu desembarque, justo num dérbi local, uma decisão que pareceu questionável até o apito inicial. Em campo, Sneijder mudou esta opinião e deu uma amostra do que seria sua temporada. Decidiu vários jogos truncados e tem muito da responsabilidade deste scudetto da Inter. Por isso chega à seleção, superando nomes como os de Cambiasso e Zanetti (Inter), Pizarro (Roma), Ambrosini (Milan), Jovetic (Fiorentina) e Rossi (Genoa).

 

Di Natale decidiu. Pegando de primeira, de segunda, de chapa, de bico, de frente, de costas… (AP)

Antonio Di Natale (Udinese)
Jogos: 35
Gols: 29
Assistências: 7
Cartões: 6 amarelos
Melhor partida: Udinese 4-2 Catania, 3ª rodada
Se os números de Di Natale já falam por si, imagine só ao colocarmos ao lado da produção ofensiva de toda a Udinese. Dos 54 gols do clube friulano, 36 saíram diretamente dos pés de seu capitão, feito notável para um time que demorou a se livrar do risco do rebaixamento e só o fez graças à inspiração do artilheiro da Serie A. Marcou três vezes contra Catania e Napoli, duas contra Parma, Roma e Bari e ainda deixou sua marca em mais 17 partidas, incluindo as oito últimas do campeonato. Se não fez chover, foi questão de detalhe.

Fabrizio Miccoli (Palermo)
Jogos: 35
Gols: 19
Assistências: 10
Cartões: 6 amarelos
Melhor partida: Palermo 3-1 Milan, 35ª rodada
Outro exemplo de domíno das ações do time. O Palermo marcou 59 gols no campeonato e 29 deles saíram dos pés de Miccoli, de forma direta. Nada mal para o experiente atacante, que fez sua melhor temporada na Serie A e foi muito pedido na seleção de Marcello Lippi. Na reta final que quase valeu ao Palermo uma vaga na Liga dos Campeões, o melhor jogador italiano da temporada fez nove gols em sete jogos e levou perigo até sofrer um rompimento no joelho direito, já na penúltima rodada do campeonato. Miccoli deve ficar fora dos gramados até meados de setembro.

Diego Milito (Inter)
Jogos: 35
Gols: 22
Assistências: 6
Cartões: 2 amarelos
Melhor partida: Milan 0-4 Inter, 2ª rodada
A Inter venceu por apenas um gol de diferença em oito de suas 24 vitórias na Serie A. Em seis desses jogos, Milito marcou e foi decisivo. Inclusive na última rodada, um empate duro com o Siena que ia passando o título italiano para a Roma até que o argentino deixasse sua marca. Isso para não falarmos de tantas outras partidas pela Serie A – ou pela Liga dos Campeões, o que fugiria do foco da escolha. Como na partida contra o Milan, logo na segunda rodada, quando os rossoneri chegaram com certo favoritismo e foram dizimados com um gol e duas assistências do príncipe nerazzurro. Estreando em um grande clube aos 30 anos, Milito deitou e rolou. O trio de ataque da seleção ficou à frente de muita gente que também fez sua parte, como Ronaldinho (Milan), Cossu (Cagliari), Vucinic (Roma), Maxi López (Catania) e Pazzini (Sampdoria)

 

Criticado por onde passa, Ranieri encontrou em sua Roma um bom porto seguro (Reuters)

Claudio Ranieri (Roma)
Numa Roma em queda livre, Ranieri chegou inspirando pouca confiança. Uma de suas poucas “qualidades” em Trigoria era exaltada pelos mais fanáticos torcedores: é romano e romanista. Pois o treinador não demorou a entrar no ambiente do clube e soube esconder sua equipe de uma imprensa que havia se mostrado nociva nas últimas temporadas, mostrando um bom desprendimento com jornalistas mais durões. Em suas mãos, os giallorossi sonharam com um improvável scudetto e mostraram um futebol tão eficiente quanto o que tinham com Capello, há uma década.

Reservas: Storari (goleiro, Sampdoria), Cassani (lateral-direito, Palermo), Thiago Silva (zagueiro, Milan), Cambiasso (meia, Inter), Pizarro (meia, Roma), Jovetic (meia, Fiorentina) e Ronaldinho (atacante, Milan)

Melhor jogador: Diego Milito (Inter)
Revelação: Javier Pastore (Palermo)
Melhor contratação: Diego Milito (Inter)
Pior contratação: Felipe Melo (Juventus)

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