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Subestimados do calcio: Eugenio Corini

Eugenio Corini é um exemplo perfeito de jogador subvalorizado. Não por acaso apelidado de Il Genio, o rodado meio-campista passou por quase dez clubes em sua carreira, mantendo técnica apurada até o fim dos dias de atleta profissional. Acostumado a se plantar no círculo central, caracterizou-se por lançamentos precisos e por um toque muito acima da média. Excelente nas bolas paradas, distribuiu inúmeras assistências através de um corpo franzino, caracterizado, na última década, pela cabeça livre de cabelos – ou com quantidade ínfima destes.

Em 1987, começou no Brescia, clube então recém-relegado à segunda divisão do futebol italiano. Foram três temporadas com a equipe rondinelle, e todas sem grande sucesso no âmbito clubístico, mas nas quais Corini começou a fazer seu nome. Atuando em quase todas as partidas durante seu último ano no clube, chamou a atenção da Juventus, que o levou em 1990, após ser campeã das copas da Itália e Uefa. Azarado, Il Genio sequer ganhou uma Supercoppa nos seus dois anos em Turim. Ainda bastante jovem, disputou um número médio de jogos com a camisa bianconera (25 e 22, com um gol em cada temporada).

Consolidado nas seleções de base, Corini foi titular da Itália sub-21 campeã da Europa em 1992, depois de passar pela sub-18. A Sampdoria – que havia chegado à final da Copa dos Campeões – apostou no seu futebol, contratando-o junto à Juve. Com 23 anos, era o momento perfeito para o regista, ainda cabeludo, se firmar em alguma equipe.

No início da carreira, Corini defendeu a Juventus, mas não foi bem aproveitado (imago)

O que aconteceu, porém, foi um divisor de águas infeliz para Eugenio, que não teve a paciência de esperar melhores oportunidades e ganhar projeção nos blucerchiati. O meia, que mais uma vez teve um número médio de presenças (24), saiu já na temporada seguinte, desta vez rumando a Nápoles. Um possível grande erro na carreira, tendo em vista que havia sido chamado à seleção principal três vezes, por Arrigo Sacchi.

Sua primeira temporada no Napoli foi fraca, fazendo com que Corini, sem espaço, fosse posto no mercado por vontade do clube. Um ano e meio depois de chegar, ele se despedia dos partenopei para retornar ao Brescia, time que defendeu durante a segunda metade da época 94-95.

Ele foi bem e, em pouco mais de seis meses, jogou mais (24) do que na maioria das temporadas completas em que defendeu suas equipes anteriores. Se essa passagem dava a entender um recomeço para o meio-campista, ledo engano: Eugenio decidiu se transferir ao Piacenza, promovido à Serie A.

Após um início de carreira turbulento, Corini se encontrou com a camisa do Chievo (Getty)

Uma boa temporada levou-o ao Verona, também na primeira divisão. Corini acabou caindo com os mastini, e vestiu a camisa do clube por um total de duas temporadas e meia. No final de 98, trocou-o pelo rival Chievo – outro na Serie B. Finalmente, embora tenha começado mal – uma lesão no joelho direito o fez parar por seis meses -, ele se encontrava no futebol. Comandando um time a princípio fraco, o meia mudou a cara do Chievo e, comandado por Luigi Delneri, teve enorme participação na campanha de 2000-01, que, com um terceiro lugar, levou a equipe à divisão de elite pela primeira vez em sua história.

Se parasse por aí, o feito dos gialloblù já seria grande. O que se conseguiu na Serie A, contudo, foi uma absurda quinta posição. Corini, quase onipresente, foi um dos pilares desse time nos dois anos que mudaram radicalmente sua realidade. Simone Barone, campeão mundial em 2006, fez parte do elenco nas duas temporadas, bem como o artilheiro Bernardo Corradi. Perrotta, Legrottaglie e Marazzina chegaram em 2001, e, portanto, ajudaram o Chievo em sua estreia milagrosa na primeira divisão.

O meia ficou mais um ano em Verona, contribuindo com nova prestação excelente da equipe, que, em 2002-03, ficou em sétima. Foi outra vez convocado para a seleção, desta vez por Trappatoni. Outra vez, porém, não chegou a entrar em campo. Ainda assim, manteve a esperança de jogar a Copa de 2002.

O Torino foi o último clube da carreira do regista lombardo (Toro News)

Aos 32 anos, fechou com o Palermo, na Serie B. Não por acaso, os rosanero subiram depois de 31 anos longe da Serie A. Corini, insubstituível ao time, atuou junto de Fabrio Grosso, Simone Pepe e Luca Toni, atingindo nível altíssimo na organização de jogo.

Na temporada seguinte, já era capitão e, apesar da idade avançada, mostrava-se sempre refinado, consolidando-se como um nome de respeito na divisão máxima. Foram mais duas épocas no Palermo, nas quais o regista se tornou ídolo absoluto da torcida. Ao fim do seu contrato, em 2007, com 37 anos, decidiu deixar o clube após afirmar que a diretoria já não lhe depositava confiança – fato que rendeu protestos por parte dos torcedores.

Corini ainda assinou contrato de um ano com o Torino, renovado depois de boa temporada com os granata. Seu ano de despedida, porém, não foi muito feliz: ele sofreu com lesões e ainda foi rebaixado com o clube de Turim. A última partida, numa agradável ironia, foi logo contra o Palermo, na Sicília; rendendo-lhe uma emocionante ovação. Il Genio foi comentarista na temporada passada, enquanto estudava para se tornar treinador. Oficializado para comandar o recém-promovido Portosummaga na Serie B deste ano, rescindiu poucas semanas depois, alegando incompatibilidade com a diretoria.

Eugenio Corini
Nascimento: 30 de julho de 1970, em Bagnolo Mella, Itália
Posições: regista.
Clubes: Brescia (1987-90 e 1995), Juventus (1990-92), Sampdoria (1992-93), Napoli (1993-94), Piacenza (1995-96), Verona (1996-98), Chievo (1998-2003), Palermo (2003-2007) e Torino (2007-2009).
Seleção: quatro convocações, sem entrar em campo.

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