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Renato Buso foi precoce, mas terminou sua carreira como eterna promessa

Com 15 anos, Renato Buso começava na carreira profissional. Aos 16, estava em um time grande e disputava a Serie A. Antes mesmo de chegar à maioridade, ostentava um scudetto no currículo. O jovem garoto do norte da Itália tinha tudo para consolidar a grande carreira, mas mudanças constantes de equipe minaram suas chances aos poucos e, hoje, quase ninguém lembra de seu nome.

Buso jogou por toda a juventude no Montebelluna, pequeno time da cidade de Treviso. As boas atuações na Serie C2 (quarta divisão) e o porte físico avantajado levaram-no ao time Primavera da Juventus, aos 15 anos de idade. O jovem de boa técnica, chutes fortes e jogo aéreo acima da média tinha todas as características para ser um grande atacante e logo subiu para a equipe principal, comandada por Giovanni Trapattoni.

As aparições no banco de reservas acrescentaram um scudetto ao currículo antes mesmo de Buso completar 17 anos, mas a estreia só aconteceria na temporada seguinte. Sob o comando de Rino Marchesi, ele entrou em campo contra a Fiorentina. Tinha 16 e substituiu o ídolo Michel Platini, que não jogaria aquela partida. O jogo terminou 1 a 1, com boa movimentação do estreante.

Buso teve bom início na Juventus, mas não conseguiu se firmar com o passar dos anos (Arquivo/Juventus)

Apenas uma semana depois, marcaria seu primeiro gol na Serie A. Dessa vez, Platini estava em campo e Buso realizaria dois sonhos de uma vez: anotar com a camisa da Juventus e jogar ao lado do ídolo que tantas vezes vira brilhar pela televisão. Ele entrou no lugar de Massimo Briaschi, quase no final do jogo, mas teve tempo de fazer um dos cinco gols da goleada sobre o Ascoli. Ao final da temporada, acumulava 18 partidas e dois tentos, contando campeonato e Coppa Italia.

O bom trabalho deu esperanças ao jovem garoto de Treviso: Platini se aposentou ao final da temporada e Buso teria chances no time titular no ano seguinte. Em tese. A Juventus acabou acertando com o galês Ian Rush, ídolo do Liverpool. Renato estava preparado para passar mais outra temporada no banco, mas o britânico se machucou na pré-temporada e perdeu o início do campeonato.

O garoto teve a chance de ganhar espaço, mas o baixo aproveitamento de gols nunca lhe permitiu passar de mero coadjuvante. Foram 29 presenças e três tentos na temporada 1987-88, baixíssimo número para um atacante. Especialistas da época alegavam que faltava personalidade ao rapaz.

Na Fiorentina, Buso foi recuado de atacante para meio-campista (imago)

Na temporada seguinte, com a saída de Rush, outro atacante de peso chegou para atrapalhar a vida de Buso na Velha Senhora. Mas Alessandro Altobelli também sofreu com problemas físicos e, mais uma vez, o vêneto teve a chance de se impor. Mais uma vez, sem sucesso. Foram sete gols em 30 aparições. No fim da temporada, Renato foi usado como moeda de troca para o time de Turim tirar Roberto Baggio da Fiorentina. Deixou a Juventus sem nunca ter provado o porquê de ter sido comprado pelo clube com apenas 15 anos de idade.

Em Florença, as coisas não mudaram muito. Pouco decisivo, acumulou 49 partidas e nove gols durante as duas temporadas com a camisa violeta. O único momento de destaque foi o tento de empate contra sua antiga equipe, na final da Copa Uefa de 1990 – perdida para a Juve. Com apenas 21 anos, então, Buso começou a mudar de posição em campo. Virou trequartista, depois recuou ainda mais, para o meio, e passou até pela ala. Junto com a instabilidade dentro do gramado, as muitas transferências tomaram conta de sua carreira.

Seu último momento de brilho aconteceu no Europeu Sub-21 de 1992. Buso, que já havia se transferido à Sampdoria, fez o gol de empate contra a poderosa União Soviética, ainda na fase de grupos, e ajudou a Itália a avançar ao mata-mata. Jogou bem nos jogos eliminatórios e foi peça importante para aquela conquista. Marcou duas vezes nas semifinais contra a Dinamarca e uma na final, contra a Suécia, o que lhe garantiu a artilharia do torneio.

Depois, Buso disputou os Jogos Olímpicos de 1992 pela Itália e passou por Napoli, Lazio, Piacenza, Cagliari e Spezia, até de encerrar a carreira. Porém, apesar de ainda ter vestido algumas camisas importantes e de ter vivido momentos razoáveis em Nápoles, nunca se consolidou e jamais alcançou a seleção principal. Como treinador, atuou bastante tempo na base da Fiorentina, ganhou dois títulos e formou alguns atletas – várias das promessas, porém, teriam o mesmo destino que ele teve.

Renato Buso
Nascimento: 19 de dezembro de 1969, em Treviso, Itália
Posição: atacante e meio-campista
Clubes como jogador: Juventus (1985-89), Fiorentina (1989-91), Sampdoria (1991-93), Napoli (1993-96), Lazio (1996-97), Piacenza (1997-2000), Cagliari (2000-01) e Spezia (2001-04)
Títulos como jogador: Mundial Interclubes (1985), Serie A (1986), Supercopa Italiana (1991) e Europeu Sub-21 (1992)
Clubes como treinador: Sarzanese (2006-07), Fiorentina (2008-09, sub-17; 2009-11, sub-19; e 2020-21, sub-18), Gavorrano (2011-13) e Sangiovannese (2018-19)
Títulos como treinador: Campeonato Allievi Nazionali (2009) e Coppa Italia Primavera (2011)

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2 comentários

  • "Seu último momento de brilho aconteceu no Europeu Sub-21 de 1992". O cara encerrou a carreira com melancólicos 23 anos?

    E outra: em dado momento você cita que o cara não teve muita sorte (?!)… Cacete! Os caras que chegavam ao ataque só se machucavam. Mais sorte do que isso impossível. O Buso era pelego mesmo.

  • Favoretto,

    Com "Seu último momento de brilho aconteceu no Europeu Sub-21 de 1992", quis dizer que foi a última vez que ele jogou bem, notavelmente. Depois disso passou por diversos times, mas sem se destacar.
    Mudei um pouco essa parte do texto para ficar mais claro.

    Obrigado. Abraço,

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