Nascido na capital italiana, Giancarlo De Sisti iniciou a carreira na Roma, reconhecido como um dos grandes produtos das categorias de base da agremiação: aos 17 anos, o meia já jogava na equipe profissional giallorossa. Com 1,67 m, era conhecido como Picchio. Em italiano, o termo significa “pica-pau”, mas no dialeto romanesco se refere ao pião – e eram as jogadas insinuantes do jogador que lhe conferiam tal alcunha.
Giancarlo era, desde sempre, um jogador de muita técnica e dotado de grande habilidade. Mas a primeira passagem na Roma não durou muito. O clube não vivia bom momento, sempre ficando longe da disputa pelo scudetto. Enquanto De Sisti esteve em Trigoria, de 1964 a 1969, a Loba não foi além da quinta posição na Serie A, uma Coppa Italia e um título da Copa das Feiras.

Picchio, à esquerda, foi um dos muitos grandes jogadores revelados pelas categorias de base da Loba (Arquivo/AS Roma)
Por não alcançar o sucesso esperado no clube da cidade natal, De Sisti deixou a Roma na busca do título da Serie A. O destino o colocou na Fiorentina. No clube de Florença, se acostumou a brigar na parte de cima da tabela e ficou mais próximo da seleção italiana. Dois anos depois de chegar aos viola, conseguiu a primeira convocação para defender a Nazionale. Sua estreia foi na vitória contra o Chipre por 5 a 0.
No segundo ano vestindo a malha azul, esteve presente na Eurocopa de 1968, disputada na Itália e vencida pela Squadra Azzurra. De Sisti foi titular no jogo que decidiu o título, o 2 a 0 na segunda partida final contra a Iugoslávia. Depois do sucesso na Nazionale, o título da Serie A veio em 1969, quando a Fiorentina deixou para trás o vice-campeão Cagliari. Picchio mantinha a boa fase no clube, o que lhe rendeu a convocação para a Copa de 1970.

Em uma década de Fiorentina, De Sisti foi capitão da equipe violeta durante sete temporadas (Torrini Fotogiornalismo)
De Sisti foi um dos titulares da equipe comandada pelo técnico Ferruccio Valcareggi, que acabou com o vice-campeonato. Ele compunha a forte linha ofensiva italiana, que ainda contava com Mazzola, Riva e Boninsegna. Naquele que foi chamado “o jogo do século”, a vitória por 4 a 3 na semifinal contra a Alemanha, De Sisti, posicionado atrás da linha média, fez a bela enfiada de bola rasteira para Boninsegna, que abriu o placar depois de confusão na defesa.
Após o vice-campeonato mundial no México, De Sisti seguiu na Viola até 1974, sendo capitão da equipe ao longo de sete temporadas. Depois da Copa do Mundo, da qual não participou pois já estava distante da seleção desde 1972, retornou à Roma – e não voltou a vestir a camisa da Nazionale. Na segunda passagem pela equipe giallorossa, nenhum título, pois o time seguia em baixa. Ainda assim, foi considerado uma das grandes bandeiras romanistas daquela época. Cinco anos após o retorno, deixou a carreira de jogador para deixar o nome marcado no futebol italiano.

Em sua segunda passagem pela capital, De Sisti caminha ao lado de Piero Gratton, designer do famoso lupetto romanista (Arquivo/AS Roma)
Tornou-se técnico, começou na Fiorentina e levou o clube a boas campanhas, incluindo o vice-campeonato nacional de 1982. Ainda treinou Udinese e Ascoli, mas nas duas equipes amargou a parte inferior da tabela da Serie A. De Sisti também comandou a seleção militar da Itália e a sub-18 do país, além de ter coordenado as divisões de base e de ter integrado a comissão técnica da Nazionale na Copa de 1990.
Sua experiência com a garotada lhe abriu as portas para ser dirigente das camadas juvenis da Lazio, entre 2001 e 2004. Outra passagem curta, pois quando Roberto Mancini assumiu o comando do time principal biancoceleste, De Sisti deixou a função e se tornou comentarista. Mais tarde, Picchio voltou a trabalhar com jovens, uma vez que foi escolhido, em 2009, como embaixador das categorias de base e do setor de ensino da FIGC, a Federação Italiana de Futebol.
Giancarlo De Sisti
Nascimento: 13 de março de 1943, em Roma, Itália
Posição: meio-campista
Clubes como jogador: Roma (1960-65 e 1974-79) e Fiorentina (1965-74)
Títulos como jogador: Copa das Feiras (1961), Coppa Italia (1964 e 1966), Copa Mitropa (1966), Eurocopa (1968) e Serie A (1969)
Carreira como treinador: Fiorentina (1981-84), Udinese (1986-87), Itália Sub-18 (1988-90), Itália Militar (1991) e Ascoli (1991-92)
Seleção italiana: 29 jogos e 4 gols
Prezado Pedro,
Parabéns pelo ótimo apanhado sobre a carreira de De Sisti, um excelente meia que acostumei a assistir comentando as partidas aos domingos na RAI.
Abraços,