Brasileiros no calcio

‘Sinal divino’ fez Cláudio Taffarel se aposentar no interior da Toscana

O jovem Cláudio sonhava em ser militar, por influência da família, e não queria de maneira alguma seguir os passos do pai, que trabalhava como agricultor em Santa Rosa, no interior do Rio Grande do Sul. Mas Taffarel começou cedo e logo foi fazer uma peneira no Internacional. Lá ficou decidido que seria goleiro. Desde cedo, dava sinais de que se tornaria um dos grandes. Já no segundo ano jogando pelo Internacional, em 1987, recebeu a Bola de Prata da Revista Placar de melhor goleiro do Campeonato Brasileiro. No ano seguinte repetiu e ampliou o feito, sendo também o melhor jogador do Brasileirão.

A transferência para o Parma ocorreu logo após a Copa do Mundo 1990, sediada na Itália, na qual o Brasil foi até as oitavas-de-final. Taffarel desbravou o mercado italiano para goleiros brasileiros, que hoje estão muito presentes nos clubes italianos. Mas a vida italiana não foi fácil para ex-goleiro do Internacional. Na equipe gialloblù, foi titular entre 1990 e 1992, mas depois da chegada do colombiano Asprilla, o Parma esgotou o espaço para estrangeiros. O clube optou por deixar Taffarel de fora.

Grün, Taffarel e Brolin: os três estrangeiros do Parma para a estreia do clube na Serie A (Arquivo/Parma Calcio)

O goleiro brasileiro falou sobre esse momento em entrevista à revista Trivela, em abril de 2009: “Comecei bem no Parma, mas o clube precisava de um peso maior lá na frente. Com a chegada de Asprilla, o time esgotou sua cota de estrangeiros e fiquei sem espaço”. E Taffarel deixa claro que entendeu a escolha. “Achei natural, tanto que deixei uma marca lá e acabei voltando no final da carreira.”

À época, Taffarel chegou a disputar um campeonato de igreja em Reggio Emilia, onde foi campeão. Assim chamou a atenção da Reggiana, equipe da cidade, que o contratou. Lá, foi titular no jogo contra o Milan, que segurou o time na Serie A, e realizou uma atuação incrível, com grandes defesas, que mantiveram o 1 a 0 no placar para a sua equipe.

Taffarel, em apresentação à Reggiana: ele salvaria a equipe da queda para a Serie B e seria campeão mundial na sequência (Arquivo/AC Reggiana)

Mesmo sem vir de uma grande sequência de jogos nos dois anos que antecederam ao Mundial, Taffarel foi titular da seleção brasileira que venceu a Copa de 1994. E nos Estados Unidos foi destaque da final decidida nos pênaltis contra a Itália, ao defender a cobrança de Massaro – e dar sorte com os erros de Baresi e Baggio.

Após o Mundial, Taffarel voltou a esbarrar na limitação de estrangeiros, o que fez com que ele voltasse ao Brasil para jogar pelo Atlético Mineiro. No Galo, foi convocado para mais uma Copa, e novamente foi titular, pegou pênaltis (nas semifinais frente a Holanda), mas acabou com o vice-campeonato.

Futre, Taffarel e Mateut: os estrangeiros da Reggiana em 1993-94 (Arquivo/AC Reggiana)

Após a dura derrota para os franceses, Taffarel abandonou a seleção e retornou à Europa. Desta vez o destino seria o Galatasaray, na Turquia. Vestindo a camisa do time turco conquistou seu grande título continental, a Copa Uefa de 2000, fazendo contra Henry uma defesa incrível na final.

Para terminar a carreira, voltou ao Parma. Nos três anos que ficou no time gialloblù antes de abandonar as luvas, Taffarel compôs o elenco que tinha Frey como goleiro titular. O brasileiro ainda teria mais uma aventura italiana, não fosse um “sinal divino”.

Com bola para gigantes, Taffarel manteve grande respeito mesmo defendendo o gol da modesta Reggiana (Superstudio Reggio Emilia)

Ele viajava até Empoli, no interior da Toscana, para assinar contrato com o time da cidade, mas no meio da estrada seu carro repentinamente falhou e depois de algumas tentativas de fazer com que ele funcionasse, Taffarel ficou convencido de que isso havia sido o aviso de Deus para ele parar de jogar. O goleiro desceu do carro e avisou aos dirigentes do Empoli que não jogaria mais e ali se aposentou.

Depois, foi ser preparador de goleiros e auxiliar técnico no Galatasaray, mas depois de pouco mais de três meses voltou ao país natal. No retorno ao Brasil se tornou empresário de atletas e, por fim, participou como olheiro da comissão técnica da seleção brasileira no Mundial de 2010. Hoje, agencia jogadores.

Cláudio André Mergen Taffarel
Nascimento: 8 de maio de 1966, em Santa Rosa (RS)
Posição: goleiro
Clubes como jogador: Internacional (1985-90), Parma (1990-93), Reggiana (1993-94), Atlético Mineiro (1995-98), Galatasaray (1998-2001) e Parma (2001-03)
Títulos: Copa do Mundo (1994), Copa América (1989 e 97), Copa Conmebol (1997), Recopa Europeia (1993), Coppa Italia (1992 e 2002), Campeonato Turco (1999 e 2000), Copa Uefa (2000), Copa da Turquia (1999 e 2000) e Campeonato Mineiro (1995)
Seleção brasileira: 101 jogos

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