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O grito de Marco Tardelli entrou para a história das Copas

Redação

A Copa do Mundo de 1982, disputada na Espanha, é lembrada por muitos pela grande Seleção Brasileira de Zico, Sócrates, Falcão e companhia. Pelo artilheiro Paolo Rossi é claro, e, também, por uma comemoração. Sim, uma comemoração. O momento mais sublime do futebol é o seu maior objetivo, o gol. Um grito que sai da garganta naturalmente, que é capaz de contagiar uma nação e parar o mundo. Marco Tardelli é talvez, o maior exemplo disso no mundo do futebol, mas essa história será contada daqui a pouco.

Ele não começou como uma sensação, daquelas que só de olhar já sabemos que irá marcar uma época. O toscano deu seus primeiros passos no futebol profissional aos 18 anos, jogando pelo modesto Pisa, na Serie C1. Mesmo sem causar furor, teve destaque e após dois anos transferiu-se para o Como, que disputava a Serie B. No norte, o meio-campista (que também jogava como lateral) não demorou a se firmar e, em uma temporada, chamou a atenção da Juventus, maior campeã da Serie A.

Foi com a camisa bianconera que Tardelli brilhou. Pela agremiação de Turim, o meia vigoroso e muito eficiente em inserir-se nas jogadas de ataque, disputou dez temporadas, de 1975 a 1985. Titular indiscutível, vestiu a camisa da Vecchia Signora em 379 jogos e conquistou 11 títulos, tornando-se um dos seus grandes ídolos – numa época que foi, para muitos, a mais gloriosa da gigante do Piemonte.

No Mundial de 1978, Tardelli enfrentou Platini, que seria seu companheiro na Juve (imago)

Se Tardelli, inegavelmente um bom jogador e homem de confiança do técnico Giovanni Trapattoni, era um “coadjuvante” de luxo, foi porque naqueles anos passaram pela Juventus jogadores como Gaetano Scirea, Dino Zoff, Claudio Gentile, Antonio Cabrini, Fabio Capello, Franco Causio, Roberto Boninsegna, Roberto Bettega, Liam Brady, Paolo Rossi, Zbigniew Boniek e, claro, Michel Platini. Tardelli deixou a Velha Senhora apenas no fim da carreira, quando teve uma passagem de duas temporadas pela rival Inter e pelo St. Gallen, clube suíço no qual fez sua última partida como profissional.

O sucesso de Tardelli na Juventus multicampeã de Trap fez, obviamente, com que o jogador chegasse à Seleção Italiana, convocado por Enzo Bearzot, onde aí sim seria reconhecido por todo o mundo. A primeira Copa do Mundo disputada pelo jogador foi a de 1978, e ele ainda jogaria mais duas – a de 1982 e a de 1986; esta última já como jogador da Inter. Porém, foi no seu segundo Mundial, o da Espanha, que o meia teve mais importância.

A comemoração de Marco Tardelli contra a Alemanha na Copa do Mundo de 1982 é um dos momentos mais famosos da história do futebol italiano. A Squadra Azzurra chegou à final depois de um caminho não muito convincente, passando pela fase de grupos de maneira desastrosa com três empates contra Polônia, Peru e Camarões – um fiasco mesmo para uma seleção que não conquistava o título desde 1938. Na segunda fase de grupos, enfrentar um dos melhores times brasileiros de todos os tempos e a Argentina de Maradona parecia uma missão quase impossível.

Em uma década, Tardelli foi fundamental para o meio-campo da Juve (Arquivo/Juventus)

Contra a Argentina, Tardelli abriu o marcador para uma vitória por 2 a 1 e, contra o Brasil, foi importante no jogo em que Paolo Rossi se consagrou com três gols e carimbou o passaporte italiano rumo à semifinal, contra a Polônia do futuro companheiro Boniek. Fortalecida, a Itália se classificou para enfrentar a Alemanha Ocidental, na partida que marcaria a vida de Tardelli.

Uma partida quase perfeita, a final no Santiago Bernabéu, certamente entrou para a história. E não apenas pelo fato de ser uma final de Copa do Mundo ou pelo tricampeonato da Nazionale italiana, mas pelo “urlo (grito, em bom português) de Tardelli”. Autor do segundo gol na vitória por 3 a 1, o juventino correu, gritou, chorou. Sentiu aquele que é o sentimento mais sublime do futebol e metaforizou o que o esporte significa.

Texto de Allan Amarelo

Marco Tardelli
Nascimento: 24 de setembro de 1954, em Careggine, Itália
Posição: meio-campista
Clubes como jogador: Pisa (1972-74), Como (1974-75), Juventus (1975-85), Inter (1985-87) e St. Gallen (1987-88)
Títulos como jogador: Serie A (1977, 1978, 1981, 1982 e 1984), Copa Uefa (1977), Coppa Italia (1979 e 1983), Copa do Mundo (1982), Recopa Uefa (1984), Supercopa Uefa (1984) e Copa dos Campeões (1985)
Carreira como treinador: Itália Sub-16 (1988-90), Como (1993-05), Cesena (1995-96), Itália Sub-23 (1997), Itália Sub-21 (1997-200), Itália Olímpica (2000), Inter (2000-01), Bari (2002-03), Egito (2004) e Arezzo (2005)
Títulos como treinador: Jogos do Mediterrâneo (1997) e Europeu Sub-21 (2000)
Seleção italiana: 81 jogos e 7 gols

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