Fenomenal. Ronaldo, o maior atacante de uma geração encerrou a carreira bem cedo, aos 34 anos, em fevereiro de 2011. Autor de 420 gols em 620 partidas, o craque passou boa parte de sua trajetória na Itália, onde vestiu as camisas de Inter e Milan. E é disso que falaremos aqui. Caso queira saber sobre o sucesso de Ronie na Seleção, no Cruzeiro ou no Corinthians, no Barcelona ou no Real Madrid, ou mesmo de sua decolagem no PSV Eindhoven, suas polêmicas extracampo e de suas empreitadas pós-aposentadoria, como dono do Valladolid ou da Raposa que o projetou para o futebol, fica para uma próxima. Neste texto, nos dedicamos à versão “italiana” do atacante.
Ronaldo passou cinco anos na Inter, que, em 1997, pagou o equivalente quase 25 milhões de dólares ao Barcelona – à época, a contratação mais cara da história, logo superada pela chegada de Denílson ao Betis, em 1998. Em outro momento de sua carreira, também teve uma temporada e meia no Milan. Apesar de tanto tempo no Belpaese, o Fenômeno conquistou só um título por lá: a Copa Uefa de 1998, sobre a Lazio. Porém, nesse período, também foi eleito melhor do mundo pela Fifa e faturou uma Bola de Ouro, em 1997.
A partida do título continental, em 1998, é tida pela torcida da Beneamata como a melhor prestação de Ronaldo em nerazzurro – e ela ocorreu pouco depois de um show em Moscou, contra o Spartak. O jogo foi a primeira final em partida única da Copa Uefa, o que só aumentava as expectativas. Alguns dias antes, a Lazio tinha acabado de garantir o título da Coppa Italia e os interistas haviam perdido as chances de serem campeões italianos, apesar dos 25 gols de Ronie no decorrer da Serie A – um recorde para um estreante na competição, que rendeu ao brasileiro a segunda posição na artilharia. O vice-campeonato ficou marcado pela polêmica do pênalti claro, mas não marcado de Mark Iuliano sobre Ronaldo, no confronto direto entre Juventus e Inter.
A Inter dominou aquela final da Copa Uefa com grande participação de Ronaldo nos lances ofensivos, vencendo todas sobre Alessandro Nesta. Iván Zamorano abriu o marcador em um lançamento de Diego Simeone e a Beneamata quase ampliou num chutaço do Fenômeno, de fora da área, que acertou a trave. No segundo tempo, um jovem Javier Zanetti marcou um golaço e Ronaldo (impedido) matou o jogo após um belíssimo drible em Luca Marchegiani. Fim de jogo, Inter 3 a 0 sobre a Lazio e terceiro título nerazzurro da Copa Uefa.
A curiosidade desse período é que Ronaldo, tão identificado com a camisa 9, a ponto de receber o apelido de R9, vestia a 10. É interessante que o Fenômeno em sua fase mais fenomenal na Itália não tenha sido acompanhado por sua marca registrada. Só em 1998-99 é que Zamorano cedeu o número ao brasileiro e passou a usar a icônica 1+8.
Entre 1998 e 1999, Ronaldo tinha uma influência tão grande na Inter que chegava a bater faltas e até mesmo assumiu a faixa de capitão, depois da aposentadoria de Giuseppe Bergomi. Ao mesmo tempo, o Fenômeno passou a sofrer com várias lesões, especialmente no joelho – e cedeu a braçadeira a Zanetti.
Mas foi apenas em 21 de novembro de 1999 que Ronaldo começou sua via-crúcis. Contra o Lecce, rompeu um tendão do joelho direito. Passou por uma cirurgia e só voltou a jogar em 12 de abril, primeira partida final da Coppa Italia, de novo contra a Lazio. Ronaldo ficou sete minutos em campo. No primeiro drible que arriscou, viu o joelho se romper quase por completo. Desta vez, foram 15 meses de afastamento dos gramados até o retorno a conta-gotas.
A dupla fenomenal com Christian Vieri pouco seria vista em campo – e ficaria reservada às baladas. O mesmo pode ser dito do ataque estelar, que em 1998-99 ainda tinha Roberto Baggio, Álvaro Recoba, Zamorano e o suporte de Youri Djorkaeff. Somente um oitavo lugar para uma Inter confusionária, que parecia sofrer junto com seu craque.
A Lazio, aliás, voltaria a entrar na história de Ronaldo em 5 de maio de 2002. A data até hoje é lamentada pelos torcedores da Inter porque marcou a perda de um scudetto já tido como vencido. Na última rodada do campeonato, o time perdeu por 4 a 2 para a Lazio e terminou a Serie A em terceiro lugar, ultrapassada por Juventus e Roma.
Ronaldo foi substituído pelo técnico Héctor Cúper, seu desafeto, no segundo tempo daquele que seria o último jogo dele com a camisa da Inter. Saiu de campo às lágrimas e logo se mandou para o Real Madrid, quando a Copa do Mundo em Coreia do Sul e Japão provou que estava recuperado das lesões. Para a torcida nerazzurra, de fenômeno, virou fugitivo.
Depois de quatro temporadas e meia no Real Madrid, Ronaldo voltou a Milão por 8 milhões de euros, em janeiro de 2007. O início no Milan foi promissor, com sete gols em 14 jogos e papel fundamental na “rimonta” que colocou a equipe na quarta posição da Serie A. Um desses tentos, sobre a Inter, equipe em que balançou as redes 59 vezes em 99 aparições, foi comemorado com ironia – os rossoneri, entretanto, perderam o clássico. De fora, pois não estava inscrito, viu o Diavolo ganhar a Champions League. Um dos poucos troféus que jamais levantou.
A boa fase terminou logo na pré-temporada seguinte. Em julho de 2007, Ronaldo sofreu um estiramento na coxa esquerda e demorou três meses para voltar. Em novembro, uma lesão na panturrilha. Em fevereiro do ano seguinte, um tendão rompido no joelho esquerdo. O suficiente para não ter o contrato renovado e encerrar sua passagem pelo Milan com nove golzinhos em míseras 20 partidas.
Ronaldo voltou ao Brasil, recuperou-se das lesões e assinou com o Corinthians. Foi essencial na conquista da Copa do Brasil e depois viu o rendimento cair. Aquele que se despede dos gramados é um dos grandes gênios da história do futebol, tanto em campo quanto fora dele. Artilheiro nato que desbravou o marketing com a mesma força de vontade que enfrentava os zagueiros e, com ele e por ele, conseguiu dar tantas voltas por cima.
Ronaldo Luís Nazário de Lima
Nascimento: 18 de setembro de 1976, em Itaguaí (RJ)
Posição: atacante
Clubes: São Cristóvão (1991-93), Cruzeiro (1993-94), PSV (1994-96), Barcelona (1996-97), Inter (1997-2002), Real Madrid (2002-07), Milan (2007-08) e Corinthians (2009-11)
Títulos: Copa do Brasil (1993 e 2009), Campeonato Mineiro (1994), Copa do Mundo (1994 e 2002), Copa da Holanda (1996), Bronze Olímpico (1996), Supercopa da Espanha (1996 e 2003), Copa do Rei (1997), Recopa Uefa (1997), Copa América (1997 e 1999), Copa das Confederações (1997), Copa Uefa (1998), Mundial Interclubes (2002), La Liga (2003) e Campeonato Paulista (2009)
Seleção brasileira: 98 jogos e 62 gols
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