Quem não se lembra da célebre cena em que o arqueiro da seleção italiana que disputava a Copa do Mundo de 1994 beijou a maior amiga dos goleiros, a trave, depois que essa o salvou de uma vexatória falha em plena final? Aquele era Gianluca Pagliuca, que vivia na época o auge de sua forma.
Pagliuca nasceu no dia 18 de dezembro de 1966, em Bologna, cidade na qual passou infância e adolescência, época em que deu seus primeiros passos no futebol. Foi na equipe local que, em 1984, o jovem começou sua carreira. Pouco tempo após ingressar no clube, Gigi foi incorporado ao elenco que disputava a Serie B e por lá ficou até 1987, quando se transferiu para a Sampdoria.
Já defendendo a equipe blucerchiata, apenas a segunda equipe de sua vitoriosa carreira, mas a primeira como profissional (havia deixado o Bologna como juvenil), Pagliuca alcançou status de ídolo e participou com essencial importância de diversas conquistas. Sua estréia no time, em maio de 1988, foi positiva, não foi vazado no empate por 0 a 0 contra o Pisa.
Já na sua primeira temporada sob as traves genovesas, o goleiro conquistou a sua primeira Coppa Italia, título que iniciaria uma sucessão de glórias da equipe doriana. Época que teria Vialli e Mancini no ataque, Toninho Cerezo no meio-campo, Vierchowod na defesa e, claro, Gigi no gol: já na segunda temporada pelo clube, aos 22 anos, assumiria a titularidade que nunca mais perderia.
Em 1989, conquistou outra Coppa Italia, que teve seu apogeu em uma vitória acachapante sobre o Napoli de Careca e Maradona por 4 a 0. A coleção de títulos doriana continuou no ano seguinte, quando a equipe conquistou a Copa das Copas Européias, eliminando equipes como Borussia Dortmund e Monaco e, na final, bateu o Anderlecht, da Bélgica. Pagliuca teve a honra de ser chamado por Azeglio Vicini para fazer parte do grupo da seleção italiana que disputou a Copa do Mundo em casa, sendo, sem demérito algum, reserva de Walter Zenga, um dos melhores goleiros de sua geração.
Já com a experiência de um Mundial em seu currículo, Pagliuca, na companhia de craques como Cerezo, Viali e Mancini, continuou a encantar na Bota e na Europa e, merecidamente, sagrou-se campeão italiano, título que abriu caminho para outras belas campanhas da equipe, como a da Copa dos Campeões da Europa, quando foi abatida pelo Barcelona apenas na final. No final daquela temporada, a Samp ainda conquistaria a Supercopa da Itália sobre a Roma.
Em 1994, seu último ano defendendo a equipe de Gênova, conquistou mais uma Coppa Italia antes de voar para os Estados Unidos, onde participaria, desta vez como titular, de seu segundo Mundial. Pagliuca foi o primeiro goleiro a ser expulso em uma partida de Copa do Mundo, contra a Noruega, mas voltou a equipe titular a tempo de ser destaque nos duelos contra Espanha e Brasil. Na final, além de importantes defesas no tempo regular, defendeu a cobrança de pênalti do zagueiro Márcio Santos.
De volta à Itália, o goleiro agora vestia o azul e preto da Inter. Em cinco anos em Milão, Pagliuca iniciou a escalação de muitos times que ficaram gravados na memória dos torcedores nerazzurri, mas ganhou apenas um título. Como capitão da equipe, o goleiro ergueu o troféu da Copa Uefa de 1998, quando a Inter derrotou a Lazio por 3 a 0 na final, com a dupla Ronaldo e Zamorano voando baixo.
Também em 1998, o Gato di Caslechio participou de sua terceira Copa do Mundo, segunda como titular, apesar de vestir a camisa número 12. A equipe acabou eliminada nas quartas de final pela França, anfitriã da competição, na disputa de pênaltis. Pagliuca fez belíssimas intervenções durante os 120 minutos e ainda defendeu a cobrança do lateral-esquerdo Lizarazu, mas Albertini e Di Biagio desperdiçaram suas cobranças. Mais uma vez, o sonho de tornar-se campeão mundial acabaria na loteria das penalidades e não por sua culpa.
No ano seguinte, o já experiente goleiro voltou a sua cidade natal e ao time em que iniciou sua caminhada no futebol, o Bologna, desta vez para jogar profissionalmente. Pagliuca ficou no Bologna durante sete temporadas e, inclusive, fez parte da equipe que encarou o descenso para a Serie B.
Após jogar uma temporada na segunda divisão italiana, Gigi, já aos 40 anos transferiu-se para o Ascoli, seu último clube. Graças aos jogos disputados pela equipe bianconera, bateu o recorde de Dino Zoff como o goleiro que mais disputou partidas na Serie A, com 592 participações – depois, seria superado por Gianluigi Buffon. Na classificação geral, só Paolo Maldini, com 647 presenças, estava em sua frente à época. Depois, o próprio arqueiro bianconero, Francesco Totti e Javier Zanetti também lhe ultrapassaram. Seu recorde de penalidades defendidas no campeonato (24) também mudou de mãos, passando às de Samir Handanovic.
Após encerrar a carreira, a imprensa especulou uma possível volta ao esporte em 2008, para defender a Juventus, que na época tinha Buffon lesionado e Manninger cometendo seguidas falhas. Pagliuca se tornou comentarista de TV e rádio, além de também ter atuado na seleção italiana de futebol de areia e tido experiências em comissões técnicas – treinou o sub-15 do Bologna e foi preparador de goleiros do time sub-19 rossoblù. A propósito, seu filho, Mattia, é um meia revelado pela base felsinea.
Gianluca Pagliuca
Nascimento: 18 de dezembro de 1966, em Bolonha, Itália
Posição: goleiro
Clubes como jogador: Bologna (1984-87), Sampdoria (1987-94), Inter (1994-99), Bologna (1999-2006), Ascoli (2006-07)
Títulos: Coppa Italia (1988, 1989 e 1994), Recopa Uefa (1990), Serie A (1991), Supercopa Italiana (1991) e Copa Uefa (1998)
Seleção italiana: 39 jogos
Melhor goleiro que vi jogar.
Inesquecível também esses uniformes dos anos 90, hehehe
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