Brasileiros no calcio

Antônio Carlos Zago, um dragão campeão pela Roma

Segurança. Era esse o sentimento compartilhado por quem atuava ao lado de Antônio Carlos Zago. Sua dedicação aos clubes pelos quais passou era inegável, e o zagueiro fazia questão de demonstrá-lo em campo. Isso para a tristeza dos adversários, que não tinham vida nada fácil com ele por perto.

Nascido no interior paulista, desde jovem o defensor destacava-se mais por seu desempenho físico do que pela técnica, mas Telê Santana viu um diamante a ser lapidado e introduziu qualidade em seu futebol. Foram dois anos de constante aprendizado no São Paulo, onde dividiu a retaguarda da equipe com jogadores de nível selecionável, como Ronaldão e Márcio Santos. A Seleção passou por um período de renovação graças ao fiasco na Copa de 1990 e viu potencial no zagueiro. Em 1991, Antônio Carlos vestiu a camisa canarinho pela primeira vez.

Após conquistar a Libertadores, veio sua primeira experiência na Europa: o modesto Albacete, da Espanha. Não foi titular absoluto, mas ajudou a equipe a escapar do rebaixamento. Terminado o campeonato, contudo, preferiu voltar ao Brasil. Desta vez o uniforme não era tricolor, e sim alviverde.

No Palmeiras, mais uma vez foi comandado por um renomado treinador: Vanderlei Luxemburgo. O time era uma máquina que contava com astros do quilate de Roberto Carlos, César Sampaio e Edmundo, e atropelava a todos que cruzavam o seu caminho.

Verdadeiro xerife, Zago fez parte do time que faturou o terceiro scudetto para a Roma (Allsport)

O jovem, que havia vencido a Libertadores com apenas 23 anos, tornou-se bicampeão brasileiro aos 25. Ficou no clube paulista até 1996, quando se aventurou a ir ao Japão, jogar pelo Kashiwa Reysol. Com dificuldades de adaptação, voltou outra vez à cidade de São Paulo para defender mais um grande, o Corinthians.

Assim que chegou, mais um título: o campeonato paulista. Mas, infelizmente, o restante da temporada foi comprometido devido a lesões. Ainda assim, o agora maduro defensor voltava a ser figura carimbada nas convocações da seleção brasileira e passava a atrair interesse de clubes europeus.

Em 1998, foi contratado pela Roma. Sua estreia na equipe de Zdenek Zeman não foi boa: expulsão com menos de 30 minutos em campo. Aos poucos, o treinador lhe concedeu outras oportunidades e Zago foi conquistando sua confiança e a de seus torcedores. O jogador se entendia perfeitamente com o parceiro Aldair, formando um miolo de zaga legitimamente brasileiro, fato raro até então em uma grande equipe europeia.

Adaptado ao futebol italiano, foi convocado pelo amigo Luxemburgo para defender o Brasil na Copa América de 1999, formando dupla com Odvan. O fato que gerou muitas críticas, já que ambos valiam-se muito mais da vontade do que da plasticidade. Mas, no final das contas, o Brasil venceu a competição e o zagueiro conquistou seu primeiro e único caneco com a seleção canarinho.

Na Roma, o comando da equipe havia passado a Fabio Capello. Em sua segunda temporada à frente da equipe, o treinador mudou o esquema tático e montou a defesa com Jonathan Zebina, Zago e Walter Samuel, que substituiu Aldair, já iniciando seu descenso de final de carreira. O trio atuou bem por toda a temporada e deu a segurança necessária para que Francesco Totti, Marco Delvecchio e Gabriel Batistuta marcassem os gols da conquista do scudetto.

Na Roma, Zago não levava desaforo para casa (Allsport)

Mais disciplinado, o camisa três, agora chamado de Exterminador, recebeu apenas cinco cartões amarelos em trinta e três jogos, além de não ter sido expulso nenhuma vez. Na sequência, conquistou também a Supercopa Italiana ao bater a Fiorentina por 3 a 0. Em um clássico contra a Lazio, Zago trocou cusparadas com Diego Simeone e caiu de vez nas graças dos tifosi, que o compararam a um dragão cuspidor de fogo.

Em 2002, seu último ano vestindo a camisa da Roma, Zago participou ativamente da campanha que levou o clube à 2ª colocação da Serie A. O time teve a segunda melhor defesa e foi o clube que menos perdeu, mas ainda assim foi superado pela Juventus. Após defender os giallorossi por 129 jogos, Antônio Carlos foi para o Besiktas, da Turquia. Pela segunda vez na sua carreira, passou por uma ingrata sequência de lesões e não foi capaz de retribuir à torcida alvinegra a idolatria recebida. Como de costume, o jogador teve a necessidade de voltar ao seu porto seguro: o Brasil.

O Santos foi a equipe escolhida, e o jogador adicionou ao seu currículo o único clube grande paulista que ainda lhe faltava. Infelizmente, a passagem foi breve e o jogador mudou de ares. No Juventude, Zago tornou-se ídolo e referência. Próximo ao fim de sua carreira como jogador, um episódio lamentável: o desentendeu-se com Jeovânio, do Grêmio e fez gestos racistas, recebendo uma devida punição. Tentou nova passagem pelo Santos, mas a idade já pesava e as lesões não cessavam.

Pouquíssimo tempo após encerrar a carreira, foi contratado como gerente de futebol do Corinthians. Como treinador, seu primeiro clube foi o São Caetano. Depois comandou Palmeiras, Prudente, Mogi Mirim (a pedido do amigo Rivaldo, presidente do clube) e o Vila Nova. Em nenhum deles alcançou muito sucesso.

Antônio Carlos Zago
Nascimento: 18 de maio de 1969, em Presidente Prudente
Posição: zagueiro
Clubes como jogador: São Paulo (1990-92), Albacete (1992-93), Palmeiras (1993-95), Kashiwa Reysol (1996), Corinthians (1997), Roma (1998-2002), Besiktas (2002-04), Santos (2004-05 e 2007) e Juventude (2005-06).
Clubes como treinador: São Caetano (2009-10), Palmeiras (2010), Grêmio Prudente (2010), Mogi Mirim (2011) e Vila Nova (2011).
Títulos: Campeonato Brasileiro (1991, 1993 e 1994), Taça Libertadores da América (1992), Serie A (2000-01), Copa América (1999), Supercopa Italiana (2001) e Campeonato Turco (2002-03).
Seleção brasileira: 37 partidas e 3 gols

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1 Comentário

  • meu nome e Claudio Cesar Zago, fiquei muito feliz por ter tido a oportunidade de ler esta materia pois nao conhecia esta historia.valeu primo. Ituverava S.P.

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