Serie A

Os melhores da Serie A 2010-11

Ao longo da última semana, analisamos a temporada dos 20 clubes que disputaram a Serie A 2010-11, destacando os principais pontos de cada equipe, além dos destaques e fracassos individuais dos elencos. Ontem, foi a vez de falarmos sobre as principais revelações do campeonato encerrado há pouco mais de duas semana. Encerrando este review da temporada, hoje o espaço é de prêmios individuais e da seleção do campeonato!

A equipe do Quattro Tratti votou para eleger os melhores e as decepções da temporada em uma série de categorias. A equipe também votou para escolher a seleção da temporada recém-finalizada da Serie A, com direito a banco para sete suplentes, e contou com um quórum bastante diverso de votantes: alguns dos melhores jornalistas esportivos do Brasil e também de fora do país, de origem italiana, britânica e norte-americana, e também aqueles amantes do futebol do Belpaese, que mantém blogs sobre o tema – os nomes de todos os votantes seguem em lista ao fim do texto. Agradecemos a cada um dos participantes desta votação e também a você, leitor, que nos acompanha diariamente. E, se a Serie A entra de férias, não se preocupem: o blog continuará na ativa no período intertemporada!

Seleção da temporada 2010-11
Abbiati (Milan); Maggio (Napoli), Thiago Silva (Milan), Ranocchia (Genoa/Inter), Balzaretti (Palermo); Boateng (Milan), Inler (Udinese), Hernanes (Lazio); Sánchez (Udinese), Cavani (Napoli), Di Natale (Udinese).

Reservas: Handanovic (Udinese), Lichtsteiner (Lazio), Criscito (Genoa), Chiellini (Juventus), Armero (Udinese), Cambiasso (Inter), Seedorf (Milan), Hamsík (Napoli), Pastore (Palermo), Ibrahimovic (Milan) e Eto’o (Inter).

Melhor jogador, Melhor brasileiro e Melhor zagueiro: Thiago Silva
Alguém contesta a temporada em altíssimo nível de Thiago Silva? Ao menos em nossa votação, o brasileiro foi unanimidade: todos, sem exceção, o escolheram como titular na zaga. Thiago Silva, fez campeonato primoroso e não é nenhum exagero afirmar que foi o grande responsável pelo título. Jogou 33 partidas do campeonato e, esbanjando força, técnica e precisão, foi o líder da fortíssima defesa milanista, que sofreu apenas 24 gols na comptição. Hoje, está no rol dos cinco maiores zagueiros do mundo. Até mesmo quando teve de ser improvisado como volante, devido ao grande número de jogadores do setor lesionados no elenco milanista, exerceu a função com a corriqueira elegância.

Thiago não teve seu posto ameaçado nem nas eleições das categorias específicas, deixando para trás nomes como Ibrahimovic e Seedorf (Milan), Eto’o (Inter), Cavani (Napoli), Di Natale e Sánchez (Udinese) no principal prêmio desta votação. Como melhor zagueiro ou melhor brasileiro, foi barbada: na primeira categoria, superou gente como Ranocchia (Genoa/Inter), Criscito (Genoa), Chiellini (Juventus), Lucio (Inter), Benatia (Udinese) e Cannavaro (Napoli), enquanto na segunda ficou muito à frente de Hernanes (Lazio), Robinho e Alexandre Pato (Milan).

 

Melhor técnico: Massimiliano Allegri
Quando Allegri assumiu o Milan, não havia dúvidas de que ele era um dos melhores técnicos jovens do país. Porém, a necessidade de provação da própria capacidade foi colocada em questão diversas vezes pela imprensa italiana, sobretudo após um início de campeonato tortuoso e também após a eliminação rossonera na Liga dos Campeões, em um momento em que o time caía de rendimento. Allegri chegou a colocar fogo na disputa pelo título, quando chamou a Inter para cima, com declarações polêmicas em um momento de dificuldade milanista, mas provou que estava certo, motivando o elenco.

Além disso, Allegri chegou ao clube pressionado por Berlusconi e pela imprensa a escalar Ibrahimovic, Pato, Robinho e Ronaldinho juntos, mas não deu o braço a torcer. Corrigiu os problemas de uma equipe que chegou a ir a campo super ofensiva, barrou Ronaldinho e fez uma boa aposta, escalando Boateng como trequartista, privilegiando um meio-campo igualmente combativo e forte na armação, contando com a ajuda de Seedorf. Na disputa, aberta a todos os votantes, Allegri ficou um pouco à frente de Francesco Guidolin (Udinese) e Walter Mazzarri (Napoli), que também merecem menções honrosas por trabalhos surpreendentes e marcantes na história de seus clubes.

Melhor italiano: Antonio Di Natale
Artilheiro do campeonato italiano pela segunda vez consecutiva, desta vez com 28 gols – contra 29 na última temporada -, Di Natale é uma bela amostra daqueles atacantes que melhoram com o passar dos anos. Aos 33 anos, o napolitano vive a melhor fase da carreira e só não integra a seleção italiana porque o momento é de renovação. Ídolo e capitão da Udinese, Di Natale superou a marca de 100 gols com a camisa do clube e acumula 130 na Serie A – 57 só nos últimos dois anos.

Como se fosse pouco, o atacante ainda deu mais seis assistências e marcou 15 gols no período de 13 jogos de invencibilidade dos friulanos. Além disso, anotou três triplettas na temporada – contra o Lecce, o seu Napoli e também contra o Palermo. Entre os italianos, destacaram-se neste ano também Abbiati, Cassano e Gattuso (Milan), Ranocchia (Genoa/Inter), Di Vaio (Bologna), Giovinco (Parma), Nocerino e Balzaretti (Palermo), e Matri (Cagliari/Juventus).

Melhor estreante e Melhor meio-campista: Hernanes
O bom campeonato da Lazio tem tudo a ver com a ótima performance de Hernanes, que estreou na Serie A e não pareceu sentir o peso da mudança de campeonato, de cultura e até mesmo de posicionamento em campo – no 4-3-1-2 de Edy Reja, o brasileiro jogava mais avançado do que costumava no São Paulo, como trequartista. Apesar de ter caído fisicamente no segundo turno, por não ter tirado férias ou ter realizado pré-temporada, Hernanes ainda carregou a equipe de Roma nas costas.

Ao todo, em 36 jogos, deu cinco assistências e marcou 11 gols, sendo o artilheiro da equipe e igualando o recorde de Nedved, como meio-campista a fazer mais gols pelo clube em uma única temporada. Na categoria “melhor estreante”, Hernanes superou Parolo (Cesena), Boateng e Robinho (Milan), Benatia (Udinese), Ilicic (Palermo) e Nagatomo (Cesena/Inter), enquanto foi considerado mais importante na temporada do que meias como Seedorf e Gattuso (Milan), Inler e Asamoah (Udinese), Parolo (Cesena), Cambiasso e Stankovic (Inter), Pastore (Palermo) e Hamsík (Napoli).

 

Melhor estrangeiro, Melhor atacante e Melhor contratação: Edinson Cavani
Após fazer ótimo segundo turno na última Serie A e uma boa Copa do Mundo, Cavani transferiu-se ao Napoli para ser o homem-gol partenopeu. Chegou cercado de dúvidas, porque mesmo em boa fase, não estava completamente maduro e costumava perder muitos gols. Em Nápoles, deu um salto na carreira: apoiado por Lavezzi e Hamsík, foi o líder do time e, com muitos gols e atuações impecáveis, manteve o time em uma improvável disputa pelo título até a reta final da temporada, quando perdeu um pouco de fôlego.

Neste ano, Cavani se transformou, literalmente, em seu apelido: El Matador. O uruguaio foi mais objetivo e marcou 26 gols na temporada, alcançando a vice-artilharia e, assim como Di Natale, fez alguns golaços, como o importantíssimo contra o Lecce, em casa, além de três contra a Juventus e mais três contra a Sampdoria. Além disso, foi generoso e deu também nove assistências, participando assim de 35 dos 59 gols napolitanos. Entre os estrangeiros (excluindo-se os brasileiros), ficou à frente de Ibrahimovic e Boateng (Milan), Eto’o e Cambiasso (Inter) e Sánchez e Inler (Udinese). Sánchez, Ibra, Di Natale e Eto’o não lhe tiraram o título de melhor atacante, e o sueco também não lhe superou como melhor contratação – assim como Pazzini, Nagatomo e Ranocchia, (Inter), Robinho e Boateng, Hernanes e Giovinco (Parma).

Melhor goleiro: Christian Abbiati
Aos 33 anos, Abbiati finalmente se confirma como um dos bons goleiros italianos da geração, meio à revelia de boa parte da imprensa e da torcida rossonera. No início da temporada, pairavam dúvidas sobre o goleiro e a posição era tida como uma das mais vulneráveis do Milan. O clube havia contratado Amelia, que também não vinha de boa temporada, mas a chegada de uma sombra fez com que Abbiati crescesse e fizesse a melhor temporada de sua carreira, sendo fundamental em jogos como o segundo dérbi de Milão, além das vitórias dos rossoneri contra Fiorentina e Brescia.

Merecem destaque também Handanovic (Udinese), fundamental na campanha friulana por ter feito ótimas defesas e ter defendido seis pênaltis, fixando um recorde na história do futebol italiano. Além dele, De Sanctis (Napoli), Storari (Juventus), Júlio César (Inter) e Viviano (Bologna) também foram votados. O laziale Muslera, da segunda melhor defesa do torneio, não foi citado por nenhum votante.

 

Melhor jovem: Aléxis Sánchez
Na categoria que premia os jogadores com menos de 23 anos, Sánchez superou outros “meninos” já adultos, como Pastore e Alexandre Pato. A temporada de explosão do Niño Maravilla começou já na Copa do Mundo, quando foi o melhor chileno nos quatro jogos de La Roja no Mundial, até cair nas oitavas de final contra o Brasil. De volta à Udinese, Sánchez, teve dificuldades iniciais, como todo o time da Udinese, e praticou seu melhor futebol quando Francesco Guidolin lhe centralizou, para jogar às costas de Di Natale e às vezes caindo para a direita, no 3-5-1-1 friulano.

Assim, foi uma das joias raras da Serie A, na Udinese à Barcelona, que atingiu esse patamar muito por seu futebol rápido e incisivo. Sánchez deu dez assistências, marcou 12 gols no campeonato (quatro em um único jogo, no 7 a 0 contra o Palermo) e foi capaz de protagonizar pérolas como um golaço contra o Cagliari, quando correu por mais de 50 metros e driblou até o goleiro adversário para marcar. Hoje, interessa à meia Europa, a clubes como Inter, Juventus, Barcelona, Chelsea, Manchester City e Manchester United. Entre as revelações deste campeonato – ou seja, entre aqueles jovens formados nas categorias de base de clubes de Belpaese que estrearam em 2010-11 -, o destaque fica com Camporese (Fiorentina), Destro (Genoa), Merkel (Milan), Sorensen (Juventus), Acquah e Kasami (Palermo).

Decepção: Federico Macheda (Sampdoria)
Tido como uma das grandes revelações do futebol italiano nos últimos anos, Macheda chegava à Sampdoria credenciado por se desenvolver bem no Manchester United e ter até jeito de talismã para os Devils. Porém, Macheda aportou em um clube que iniciava uma grave crise adminstrativa e de performance e acabou no olho do furacão: de candidato a companheiro de Pazzini no ataque, teve de dividir com Pozzi e Maccarone as responsabilidades ofensivas após a saída do atacante. Acabou atuando em 14 partidas, apenas três como titular, e não marcou um único gol – fez apenas um pelo clube, na Coppa Italia.

De promessa de maior renovação até mesmo para a seleção italiana, foi metáfora da temporada da Sampdoria, outra grande decepção de 2010-11. Voltará a Manchester apenas para ser negociado, com a esperança de reiniciar sua carreira. Vale a pena mencionar também o desempenho abaixo da média de jogadores da Inter, como Milito e Sneijder, atrapalhados por lesões crônicas ao longo da temporada, ainda que o caso do argentino tenha sido mais recorrente.

Pior contratação: Adriano
Os clubes italianos até se mexeram bem nas janelas de transferências, mas alguns cometeram erros homéricos na condução de suas estratégias de mercado. A pior de todas foi a da Roma, que acertou com um Adriano fora de forma e sem cabeça, pagando-lhe um alto salário para menos de dois meses depois relegá-lo à quarta ou quinta opção de ataque. No fim das contas, Adriano nunca entrou em forma e jogou apenas oito partidas pela equipe capitolina, sem marcar um único gol.

A furada com Adriano não teve concorrentes. E olha que teve gente que se esforçou para ser pior: o que dizer do duplo erro com Toni (Genoa e Juventus), Maccarone (Palermo e Sampdoria) e Biabiany (Inter e Sampdoria), os flops juventinos, como Motta e Martínez? Espaço ainda para os goleiros, dos frangos de Eduardo (Genoa) ao eterno banco e a rescisão de contrato de Diego Cavalieri (Cesena).

Votantes da seleção da temporada
Alexandre Anibal (Futebol Portenho)
Antonio Labbate (Football Italia)
Braitner Moreira (Tripletta/iG)
Cassiano Gobbet (Blog 90 Minutos)
Daniel Leite (God Save The Ball/iG)
Dassler Marques (Olheiros/Terra)
Eder Fantoni (Loucos pelo Calcio)
Expedito Paz (Trivela)
Felipe Lobo (Trivela)
Felipe Rolim (Esporte Interativo)
Filipe Lima (Lado B do Futebol)
Francesco Pizzolla (Serie A Weekly)
Gabriel Dudziak (Olheiros)
Gian Oddi (ESPN/iG)
Giancarlo Rinaldi (Football Italia)
Gustavo Hofman (ESPN/Trivela)
Gustavo Vargas (Olheiros)
Jorge Delou (Esporte Interativo)
Jorge Iggor (Esporte Interativo)
Julian De Martinis (Serie A Weekly)
Leonardo Bertozzi (ESPN)
Leonardo Bonassoli (Gazeta do Povo)
Luiz Carlos Largo (ESPN)
Marcelo Bechler (Globo Esporte)
Marcus Alves (Revista ESPN)
Matthew Barker (Freelancer)
Maurício Vargas (Olheiros)
Michel Costa (Além das 4 Linhas)
Mozart Maragno (Futebol das Mulheres)
Paolo Bandini (Guardian)
Pedro Venancio (Trivela/Olheiros)
Roberto Piantino (Mercado Futebol)
Serafino Ingardia (Football Italia)
Silvio Lancelotti (ESPN)
Sílvio Luiz (RedeTV!)
Ubiratan Leal (ESPN/Trivela)
Vitor Sérgio Rodrigues (Esporte Interativo)
e a equipe do blog.

Para efeitos de comparação, veja todos os jogadores e técnicos que integraram as seleções da rodada do blog. Aqui, você pode conferir uma tabela com o número de presenças de cada um e, aqui, também a lista das seleções, rodada a rodada.
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