Brasileiros no calcio

Dino da Costa foi o primeiro brasileiro artilheiro da Serie A

Se não fosse Dino da Costa, o seu sucessor Didi talvez não tivesse feito tanto sucesso no Botafogo. Oriundo do juvenil alvinegro, o meia-atacante debutou com 17 anos na equipe profissional e formou um ataque formidável ao lado de Garrincha e Luis Vinícius – conhecido na Itália como Luis Vinício – no início da década de 1950. Dino da Costa, que na foto calça suas chuteiras sob os olhares de Alcides Ghiggia e Arcadio Venturi, foi o primeiro brasileiro a se tornar artilheiro da Serie A.

Nunca da Costa havia marcado tantos gols. No Campeonato Carioca de 1954, conquistado pelo Flamengo, ele fez 24 em 26 jogos e sagrou-se artilheiro da competição. Ao todo, pelo clube da estrela solitária, Dino jogou 167 partidas e marcou incríveis 144 gols – até hoje, é o décimo maior artilheiro da história botafoguense.

Ele jogava tanto na meia, quanto no ataque, mas gostava mais da segunda posição. Quando a equipe fez uma excursão pela Europa, em 1955, alguns olheiros da Roma deram o aval da transferência. Como o filho do motorista de trólebus carioca tinha descendência italiana, ele foi vendido ao clube da capital e naturalizado. Outro jogador botafoguense também permaneceu na Europa após a excursão. Vinícius foi contratado pelo Napoli.

Sentados, Dino da Costa e Ghiggia batem papo nos vestiários da Roma (Arquivo/AS Roma)

A estreia de Dino da Costa foi com o pé direito: gol na vitória por 4 a 1 sobre o Lanerossi Vicenza em 18 de setembro de 1955. O técnico György Sarosi aproveitava o brasileiro no meio-campo ao lado de Egisto Pandolfini. O uruguaio Alcides Ghiggia e o francês de origem húngara István Nyers faziam as pontas, enquanto o grandalhão Carlo Galli afunilava dentro da área. A formação levou à equipe ao sexto lugar na Serie A.

A temporada seguinte foi a melhor de Dino da Costa na Itália. Sarosi adiantou Da Costa para o ataque ao lado de Gunnar Nordahl. Sem Galli e Nyers, Ghiggia foi recuado para uma linha de três no meio-campo com Paolo Pestrin ao centro e Severino Lojodice na esquerda. Apesar da má campanha no torneio nacional (14ª posição), Da Costa foi o artilheiro da temporada com 22 gols.

Durante sua primeira passagem pela Roma, o meia-atacante conquistou outros “prêmios” individuais. Ele, por exemplo, é o artilheiro máximo do dérbi de Roma, com 12 gols: nove na Serie A (empatado com Marco Delvecchio), dois na Coppa Italia e um na Coppa Zenobi. Dino da Costa chegou a marcar o 13º, mas ele foi assinalado como contra do zagueiro Francesco Janich, em 1960. Até hoje da Costa é lembrado como terror do goleiro laziale Roberto Lovati, falecido em março deste ano. O ítalo-brasileiro também é o maior artilheiro giallorosso contra o Napoli: cinco tentos.

Da Costa arrisca chute potente em amistoso pela Roma (AS Roma)

A ascensão na equipe da capital fez com que a comissão técnica da seleção italiana formada por, entre outros, Angelo Schiavio e Alfredo Foni, chamasse o jogador para a Nazionale. A primeira e única aparição com a camisa azzurra foi contra a Irlanda do Norte, em 1958. Bastava um empate para a Itália se classificar ao Mundial na Suécia. Ele fez gol, mas a seleção perdeu por 2 a 1.

Dino da Costa começou a perder posição na Roma com a chegada da “máquina de gols” Pedro Manfredini, jovem goleador que havia marcado 28 gols em 39 jogos pelo Racing de Avellaneda. Assim, o ítalo-brasileiro foi emprestado à Fiorentina, clube no qual venceu seu primeiro título na Europa. Voltando a atuar mais recuado, já que a presença do artilheiro Kurt Hamrin era vital ao clube, contribuiu na conquista da Coppa Italia e da Recopa. Ele marcou oito gols em 30 jogos no time de Florença.

O retorno à Roma foi breve, mas com outro título: o da Copa das Feiras, versão anterior da Copa Uefa, sobre o Birmingham. Cinco jogos depois, Dino da Costa se transferiu para a Atalanta. Ele era importantíssimo ao time de Ferruccio Valcareggi e, na segunda temporada em Bérgamo, já sob o comando de Paolo Tabanelli, o meia-atacante ajudou na conquista da única Coppa Italia dos nerazurri, mas não jogou a final contra o Torino, vencida por 3 a 1.

Dino versus Dino: pela Atalanta, Da Costa encara o milanista Sani, numa gelada antevéspera de Natal (imago/Buzzi)

Com 31 anos, o jogador foi se aventurar na Juventus de Omar Sívori. Durante três temporadas, ele só disputou uma como titular – a de 1964-65. Com a camisa bianconera, foram apenas 11 gols daquele jogador que, anos antes, havia sido artilheiro da Serie A. Antes de encerrar a carreira, Dino da Costa atuou pelo Hellas Verona, na Serie B, e foi treinador-jogador no Ascoli, na terceira divisão.

Dino continuou a viver na Itália pelo resto de sua vida. Aos 89 anos, o craque faleceu em Verona.

Dino da Costa
Nascimento: 1º de agosto de 1931, no Rio de Janeiro
Morte: 10 de novembro de 2020, em Verona, Itália.
Posição: meio-campista e atacante
Seleção italiana: 1 jogo e 1 gol
Clubes como jogador: Botafogo (1951-55), Roma (1955-60 e 1961), Fiorentina (1960-61), Atalanta (1961-63), Juventus (1963-66), Hellas Verona (1966-67), Ascoli (1967-68)
Clubes como técnico: Ascoli (1967-68)
Títulos como jogador: 3 Coppa Italia (1960-61, 1962-63, 1964-65), Recopa Europeia (1960-61) e Copa das Feiras (1960-61)

Atualizado em 10 de novembro de 2020.

Compartilhe!

Deixe um comentário